A Cacau Xingu fica no Km 48 da Transamazônica e oferece café da manhã e passeio nas instalações para conhecer a cadeia produtiva do cacau.
Jiovana Lunelli é filha de Hilaria Lunelli e Leopoldo Lunelli. Eles chegaram em Brasil Novo em 1972 dentro de um avião da FAB quando aqui havia só floresta, o Rio Xingu e a Transamazônica mal tinha chegado à Altamira.
Por Paulo Atzingen, de Brasil Novo (PA)
“Meu sogro foi soldado da borracha na Amazônia na década de 1950 e estamos aqui porque aprendemos com a terra, fomos integrados à terra. A primeira roça de cacau em Brasil Novo foi nossa”, me fala Jiovana com uma pitada de nostalgia. “Produzi o primeiro chocolate aos 9 anos de idade, inspirado por minha mãe “, completa, agora com uma forte dose de saudade na voz…
Jiovana nos recebe com a amabilidade peculiar das pessoas da roça e ao escutá-la descubro que sua história vai além da roça e de suas amêndoas…
Ela já foi a 1ª presidente mulher da 1ª cooperativa de cacaueiros da Transamazônica. Jiovana planta cacau orgânico desde 2006 e não abre mão de continuar nessa toada.
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“Plantamos desde 2006, mas começamos produzir chocolate com mais qualidade a partir de 2017 quando importamos uma máquina de beneficiamento de cacau da Índia”, me conta.
Discurso e prática
Jiovana demonstra segurança e autoridade quando fala em agricultura orgânica. “Defendo os produtos orgânicos na teoria e na prática. Não é por acaso que tenho uma propriedade com certificado de produtos com origem orgânico. Meu grande objetivo não é ganhar medalhas, mas mostrar para as.pessoas que é possível sim, produzir e consumir produtos orgânicos e colaborar com a vida em seu sentido mais amplo”, discorre.
“Manter a floresta em pé é um discurso muito bonito e que muitos usam para vender uma imagem. Mas Paulo Freire dizia que o que vale não é o que falamos, mas o que fazemos”, afirma.
Após citar o educador pernambucano, Jiovana reforça a linha de pensamento da propriedade que segue a cartilha da agricultura sustentável: “Aqui fazemos a nossa parte sem usar agrotóxicos, sem trabalho escravo, sem exploração infantil e sem destruir o.ambiente”, enumera.
Cacau Orgânico, como é?
Segundo Jiovana, o cultivo de cacau orgânico requer atenção a detalhes específicos para garantir uma produção sustentável e de alta qualidade. “Uso adubos orgânicos, como composto e esterco; faço controle de pragas e doenças com métodos naturais, como controle biológico de uso de plantas consorciadas e não uso produtos químicos sintéticos. Com isso eu garanto a saúde do solo e a qualidade orgânica do meu chocolate”, enumera a agricultora.
Parcerias comerciais e autenticidade
Jiovana defende a autenticidade de seus produtos. Com parcerias comerciais na Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Nordeste, ela adianta que teve proposta para fornecer chocolate para Dubai, mas que se recusou por um motivo simples: autenticidade.
“Eles queriam que enviássemos nossos produtos sem a nossa marca orgânica, sem a nossa assinatura que representa nossa designação de origem”. ‘Sabe o que reapondi’?, me pergunta a agricultora. “Não queremos fazer negócios com vocês”, me responde e se antecipa a minha resposta quase semelhante.
Por que Cacau Xingu?
Pergunto por que Cacau Xingu. “Foi a terra que recebeu minha família. Aqui antigamente era conhecido com o lema: “Terra sem homens para homens sem terra”. Hoje isso mudou, há mulheres, há homens, há terra, e há esperança”, arremata.
SERVIÇO
O Cacau Xingu oferece café da manhã e passeio nas instalações para conhecer a cadeia produtiva do cacau. Ao final os visitantes fazem uma degustação dos diferentes tipos de chocolate produzidos na propriedade.
Rod. Transamazônica, KM 48, vicinal 16 – (6 KM da rodovia)
Brasil Novo (PA)
(93) 99149-0248 – (93) 99190-1252
email: cacauxingu16@gmail.com
Instagram: cacauxingu
Última parada: – Fazenda Gutzeit – Grupo Panorama em Uruará
*O jornalista Paulo Atzingen viajou a convite da Prefeitura de Altamira e da Rota Turística Cacau ao Chocolate
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