Em quase qualquer viagem, a esperança do turista é ter um céu aberto e vista para as estrelas à noite. Mas não em Catatumbo, na Venezuela, onde todos torcem por céus carregados com nuvens escuras.
O local é conhecido pelo raro fenômeno dos "Relâmpagos de Catatumbo" – o surgimento constante, durante metade do ano, de raios no céu.
"É uma experiência tão intensa de natureza bruta que a única comparação que consigo fazer é com o espetáculo da migração de borboletas-monarca, que chegam aos milhões no México todo ano, ou com a aurora boreal", diz o guia turístico Alan Highton, que traz pessoas a Catatumbo há 20 anos.
Longa viagem
Para ver os raios, é preciso persistência. Não tanto para conseguir ver o fenômeno, mas sim para chegar a Catatumbo. A viagem começa da cidade de Merida. São 150 quilômetros de estrada até Puerto Concha.
Em seguida, faz-se uma viagem de 40 minutos de barco ao longo do rio Caño Concha, passando pelas florestas e pântanos do Parque Nacional Ciénagas de Juan Manuel. O caminho é repleto de "moradores" locais cheios de curiosidade nos olhos: tucanos, iguanas e micos.
As últimas duas horas da viagem são de barco pelo Lago Maracaibo até a casa de palafitas de Highton.
Mistério
A condição de "capital mundial dos relâmpagos" foi reconhecida pelo Guinness World Records em janeiro de 2014. O recorde anterior pertencia a Kifuka, um vilarejo na República Democrática do Congo, com 158 raios por quilômetro quadrado por ano. Mas o registro feito em Catatumbo ganha de goleada: 250 relâmpagos por quilômetro quadrado – o que totaliza impressionantes 1,6 milhão de raios por ano.
Especialistas acreditam que é possível ver raios nesta parte da Venezuela de entre 140 a 160 noites por ano. Por noite, o fenômeno dura de sete a dez horas.
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Catatumbo tem recorde Guinness de número de raios por ano: 1,6 milhão |
Meteorologistas ainda não chegaram a um consenso sobre o porquê deste fenômeno. A teoria mais aceita é a de que ventos quentes vindos do Caribe entram em choque com frentes frias dos Andes em cima de Maracaibo. "Aprisionado" entre montanhas, o ar quente e úmido forma nuvens enormes que entram e choque, dando origem aos raios.
Às vezes, os raios caem perigosamente perto dos turistas. Em novembro de 2012, um deles atingiu a casa de Highton. "Houve uma grande explosão e um flash de luz. Meus hóspedes ficaram assustados, mas ninguém se machucou", conta o guia.




