REDAÇÃO DO DIÁRIO
Formada em arquitetura pela Fundação Armando Alvares Penteado – FAAP, Catarina Nedavasca iniciou sua carreira em 1998 em um escritório de arquitetura o qual foi contratado, na época, pela Accor Hotels para desenvolver os primeiros conceitos de decoração da marca Ibis. Atuou em algumas reformas, como no Novotel SP Morumbi, no Novotel São José dos Campos e no antigo Sofitel Salvador. Este trabalho foi uma ponte para a entrada de Catarina no grupo. “Entrei na AccorHotels em 2000, como coordenadora de projetos e em 2005 fui promovida para gerente de implantação. Na época, não tínhamos uma área de design aqui na região e nós reportávamos os projetos para validação da AccorHotels na França”, explica Catarina ao DIÁRIO durante o AccorHotels Design & Technical Summit 2017: Cutting Edge Hospitality evento que aconteceu nesta terça-feira (20), em São Paulo. Em 2012, com a expansão da rede e o aumento do número de projetos em desenvolvimento na região, Catarina foi convidada a ser a gerente de design. “Foi muito desafiador criar essa área. Hoje, eu e minha equipe – composta por quatro pessoas – cuidamos de toda a América do Sul, o que é uma grande tarefa, tendo em vista que cada país tem a sua singularidade, e isso contribui para o crescimento da rede Accor”, adianta Catarina ao DT. O DIÁRIO a entrevistou, acompanhe:
DIÁRIO – Você está à frente da repaginação da marca Ibis no Brasil?
Veja também as mais lidas do DT
CATARINA NEDAVASKA – Sim. Foi criado um concurso para eleger o escritório de arquitetura responsável por trazer uma nova visão para a marca Ibis. Fizemos uma seleção de sete escritórios no Brasil para participarem do concurso, o qual aconteceu também em outras duas regiões: Europa e Ásia, todos ao mesmo tempo, com as mesmas regras, os mesmos parâmetros para a realização. Criamos um júri para avaliarmos os projetos contando com a participação do Senior Vice President Design&Technical Service Europa, Damien Perrot, a SVP Global Marketing, Martine Gorce, o SVP de Design & Technical Services America do Sul, Paulo Mancio e eu. Desses sete escritórios, quatro foram selecionados para uma última etapa eliminatória. Anunciamos o vencedor há mais ou menos três semanas. O objetivo é trazer mudanças inovadoras para a marca Ibis. Realmente precisávamos renovar. O home feeling, por exemplo, é um dos conceitos o qual iremos aplicar nos quartos dos hotéis da marca. Para as áreas comuns, a grande novidade que trazemos é a abertura para o exterior, à comunidade e não somente ao viajante. Os espaços serão multifuncionais e não mais delimitados pela função. É um grande desafio, pois queremos trazer mais conforto e personalização para os espaços, mesmo considerando uma marca “padronizada”.
DIÁRIO – Um projeto arquitetônico de hotel envolve outras áreas que possuem também suas prioridades. Como é trabalhar e coordenar essa equipe?
CATARINA NEDAVASKA – É, de fato, um desafio, já que não falamos apenas do design, mas sim de várias áreas como a engenharia, tecnologia, marketing, operações, recursos humanos. A área de design será líder do projeto, mas contamos com um apoio forte dessas áreas.
DIÁRIO – A AccorHotels enaltece a individualidade do hóspede, mas ao mesmo tempo propõe ambientes coletivos, democráticos. Como trabalhar isso?
CATARINA NEDAVASKA – É árduo, mas é isso que buscamos. Temos que atender ao nosso cliente e recebê-lo bem. Portanto, precisamos conhecer e compreender seus gostos. Essa é a nossa tarefa. Considerar, em nossos projetos, a individualidade dos nossos hóspedes e personalizar sua experiência, mas é claro, sempre entendendo que cada um possui sua singularidade. Até por esse motivo, a rede Accor possui diversas marcas e cada uma com sua característica, com sua essência.
DIÁRIO – Os projetos arquitetônicos e design de uma rede hoteleira como a AccorHotels, podem influenciar a arquitetura de um modo geral?
CATARINA NEDAVASCA – Acredito que sim. Além da hotelaria, falamos muito do comportamento humano, e este está em transformação constante e diária, percorrendo em todas as áreas, seja na arquitetura, engenharia ou tecnologia. Isso não acontece apenas na hotelaria. Residências, ambientes de trabalho também estão em transformação, consideranado que o comportamento é muito diferente de uma pessoa para outra.
DIÁRIO – A escolha dos materiais a serem aplicados é um capítulo à parte de sua profissão?
CATARINA NEDAVASKA – Não é simples, mas muito menos impossível. Contamos com muitos parceiros os quais contamos para desenvolver ideias e inovações através do suporte deles, tendo em vista que são eles que conhecem tecnicamente o material em questão, e por isso constitui-se uma forte relação técnica com esses fornecedores. Temos que trabalhar intensamente, pois muitas vezes buscamos produtos e materiais inéditos no mercado, mas temos fornecedores aptos para desenvolver o que precisamos. Raramente nós importamos materiais, apenas em último caso, porque conseguimos desenvolver o que necessitamos de forma local.