CEO da Buser fala ao DIÁRIO sobre ato contra Artesp e o futuro da startup

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Empresas de fretamento de viagens de ônibus farão uma manifestação nesta quarta-feira (28), às 11h, em frente ao Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, contra Artesp, a Agência de Transporte do Estado. Segundo os organizadores, o ato reunirá representantes de mais de 100 pequenas empresas do setor, que alegam que as recentes propostas do órgão regulador irão impactar na venda de viagens por meio de plataformas como a Buser, dando status de clandestinidade ao segmento. O DIÁRIO conversou com Marcelo Abritta, CEO da Buser para esclarecer alguns pontos.

REDAÇÃO DO DIÁRIO


Segundo ele, a reclamação dos pequenos transportadores está na proposta apresentada pela agência, que passará a obrigar o “circuito fechado”, ou seja, a obrigatoriedade de compra de ida e volta aos passageiros no regime de fretamento. “Os fretadores destacam que essa norma já foi considerada inconstitucional pela Justiça em outros estados. Além disso e maneira geral a proposta impõe um conjunto de medidas que inviabiliza o “Uber do Ônibus”, afirma Marcelo. Abaixo, a entrevista concedida ao editor do DT, jornalista Paulo Atzingen.

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DIARIO – Marcelo, reclamar ao governo de uma proposta obrigando o passageiro a comprar um bilhete de ida e volta até é possível entender. Mas até que ponto essa proposta de circuito fechado afeta os pequenos transportadores? Você pode dar números?

MARCELO ABRITTA – O primeiro ponto a ser discutido não é sequer o econômico, mas o de liberdade individual. Por que motivo alguém que opte viajar por meio da Buser deve ser obrigado a comprar dois bilhetes ao invés de um? E se a pessoa não tiver a intenção de retornar de ônibus, mas sim de carro ou avião? Fica obrigada a adquirir uma passagem que não irá utilizar? Isso não existe em nenhuma outra modalidade de transporte, justamente por ferir a liberdade de ir e vir do passageiro. Quanto ao aspecto econômico, o circuito fechado impede que o fretador use 100% da capacidade dos ônibus, gerando uma ociosidade de aproximadamente 30% da ocupação da frota, o que é uma margem bastante próxima da queda de faturamento, uma vez que a ociosidade é mínima entre nossos parceiros.

DIÁRIO – Os fretadores destacam que essa norma já foi considerada inconstitucional pela Justiça em outros estados. Quais foram os estados para fazermos uma comparação?*

MARCELO ABRITTA – Minas Gerais é um bom exemplo. Lá houve até decisão impedindo que fiscais interrompessem as viagens sob esse argumento.

DIÁRIO – Algumas empresas de aplicativos, como a Uber e a própria Airbnb ainda sofrem retaliação no mercado por apresentarem modelos de negócios muito dinâmicos, modernos e até certo ponto assimétricos (como afirmam os que contestam pois não recolheriam impostos como empresas tradicionais). A Buser sofre o mesmo tipo de dificuldade nesse sentido?

MARCELO ABRITTA – A Buser é uma empresa de tecnologia e paga impostos e tributos como todas as demais. O mesmo ocorre com as empresas de transporte que atuam por meio de nossa plataforma, que assim como as da rodoviária recolhem o ICMS. Todas são regulares, devidamente cadastradas em todos os órgãos de regulação do setor. Não há qualquer tipo de perda econômica ao Estado por conta da nossa atividade. Pelo contrário, há um acréscimo na arrecadação, pois todas as viagens contam com emissão de notas fiscais.

DIÁRIO – Qual a perspectiva de crescimento da Buser no Brasil?

MARCELO ABRITTA – A Buser é uma empresa genuinamente brasileira. Nosso crescimento antes da pandemia era de 10% a 20% por semana. No feriado do início do mês vendemos o triplo de passagens em comparação com o mesmo período em comparação com o ano passado. Para o período de festas e férias, nossa previsão é também vender o triplo comparado com o ano passado. Atualmente temos três milhões de usuários e estamos crescendo de acordo com as limitações impostas pelo coronavírus.


Quem é Marcelo Abritta?

Cofundador e CEO da startup Buser, plataforma de fretamento colaborativo de ônibus do Brasil e aposta para virar um unicórnio em 2020. Abritta é engenheiro aeronáutico pelo ITA e a Buser já alcança mais de 120 cidades brasileiras, atendendo cerca de 3 milhões de pessoas e proporcionando uma economia de até 70% no valor da viagem.

O modelo de fretamento colaborativo para viagens de ônibus já é adotado em países como Itália, França e Inglaterra. Além disso, hoje, mais de 120 empresas de ônibus atuam em colaboração com a Buser, aumentando significadamente a demanda de pequenos empresários.

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