Por Heitor e Silvia Reali, do site Viramundo e Mundovirado –
Se todo lugar tem um encantamento, em Chichicastenango ele acontece toda quinta e sábado em um grande mercado a céu aberto no coração da cidade.
Insólita, surrealista, e mirabolante. Os adjetivos são poucos para definir porque essa feira é considerada a mais colorida do mundo. Dois dias por semana, agricultores e artesões de diversos pueblos se dirigem à Chichi, como carinhosamente seus habitantes abreviam seu nome, para expor seus produtos.
As roupas das guatemaltecas se apresentam mais do que belas cores, na verdade, os desenhos e as texturas revelam uma herança maia. Cada etnia, são 22, possui cores e padrões próprios, que reafirmam sua identidade cultural.
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Os descendentes dos maias usam sempre seus trajes típicos, não apenas em dias de festa. As estampas contam sobre animais, plantas, e eventos históricos ou religiosos de cada região da Guatemala. É na blusa das mulheres, chamadas huipil, a maioria delas bordadas à mão, que essas histórias são narradas. Já o tzute é um xale que tanto serve de lenço para a cabeça, como para carregar mercadorias ou bebês.
Nosso olhar se prende na exuberância das cores que compartilham o espaço congestionado de barraquinhas abarrotadas com artesanato em lã, palha, cerâmica, máscaras e tapetes, além das frutas, verduras e das flores.
Depois outro sentido é despertado com o aroma pungente da comida preparada ali mesmo, como o das tortillas de milho, ou do incenso utilizado nos rituais maias realizados nas escadarias das igrejas de Santo Tomás e na capela do Calvário.
Nos deixamos levar, sem pressa, pelos labirintos das pequenas ruas coloridas dessa feira que transcende os limites do próprio olhar. As imagens aqui valem milhares de palavras. A atmosfera do ambiente se completa ao observarmos as coreografias de todo esse conjunto protagonizado pelas cores, e que tornam o lugar inigualável.
Em Chichicastenago fica evidente porque o gênero do realismo mágico foi criado pelos escritores latino-americanos.