(Edição do DT com agências)
O querosene de aviação (QAV), item que corresponde ao maior custo das companhias aéreas, é, de partida, pelo menos 12% mais caro do que a média internacional. A diferença, entretanto, pode ultrapassar 50%, dependendo da situação. Isso compromete a competitividade das companhias brasileiras frente às concorrentes estrangeiras. Penaliza também o turismo e todos os deslocamentos aéreos dentro do país, uma vez que torna as viagens domésticas proporcionalmente mais caras do que as internacionais. É o que revela o Panorama 2014, estudo realizado pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), que traz dados e análises sobre o setor aéreo brasileiro.
Em razão de acordos da aviação global, o combustível que é utilizado nos voos que ligam as cidades brasileiras às do exterior, e vice-versa, é isento de tributos. Isso vale tanto para as aéreas nacionais quanto para as estrangeiras. A fórmula de precificação adotada no país, todavia, faz com que esse preço-base do insumo vendido aqui tenha o patamar 12% superior à média internacional. A diferença é explicada pelo câmbio. “A maior parte do QAV consumido pelas companhias brasileiras é produzido localmente. No entanto, os valores são corrigidos pelo mercado internacional, com cotações em dólar. Com a valorização da moeda americana, esse custo fica ainda mais alto”, explica Maurício Emboaba, consultor técnico da ABEAR.
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Já nos voos domésticos, cuja operação é realizada exclusivamente por companhias do próprio país, taxas e tributos aumentam o preço final do combustível, tornando-o mais de 50% mais caro que a média internacional. Como o insumo tem um peso muito grande na estrutura de custos do setor, isso impacta diretamente o valor das passagens. “As companhias nacionais pagam ICMS, PIS, COFINS, entre outros. No Brasil, aproximadamente 40% do valor da passagem é para cobrir custos do QAV”, explica o consultor da ABEAR. “Se consideradas distâncias semelhantes, por exemplo, São Paulo-Buenos Aires e São Paulo-Fortaleza, para as quais são necessárias quantidades equivalentes de combustível, a tendência é que na rota doméstica os bilhetes sejam mais caros por causa da tributação”, conclui Emboaba.