“Companhia de Jesus vai retornar ao Brasil”, informa José Roberto Oliveira em entrevista

Continua depois da publicidade

Foi anunciado esta semana o retorno da Companhia de Jesus à área dos 7 Povos das Missões, região que integra o Rio Grande do Sul. Quem dá a notícia é José Roberto de Oliveira que é pesquisador, mestre em desenvolvimento e que foi vice-prefeito de São Miguel das Missões – cidade gaúcha identificada como Patrimônio Cultural da Humanidade.

POR REDAÇÃO DO DT


Sete Povos das Missões é o nome que se deu ao conjunto de sete aldeamentos indígenas fundados pelos Jesuítas espanhóis na Região do “Rio Grande de São Pedro”, atual Rio Grande do Sul, composto pelas reduções de São Francisco de Borja, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo Custódio. O DIÁRIO entrevistou José Roberto, acompanhe:

Veja também as mais lidas do DT

DIÁRIO – A Companhia de Jesus deu uma importante contribuição histórica ao Brasil. Nos contextualize qual foi o período que a congregação deixou a região das missões.  E sintetize as razões.

Os Jesuítas estiveram nas Missões do RS de 1626 a 1639, na primeira fase, com 18 reduções fundadas, atacados pelos Bandeirantes, foram expulsos para o outro lado do rio Uruguai, ficando aqui o gado introduzido em 1634.  Este gado é o que fez o jeito gaúcho de ser, pois a genética permaneceu hegemônica até os anos 1950.

Retornaram após 1682, quando fundaram os 7 Povos das Missões. Cresceram muito e produziram nesta fase a grande experiência conhecida mundialmente, dita por Voltaire, como Triunfo da Humanidade e Montesquieu, como primeiro estado industrial da América.

Em 150, com o Tratado de Madri, veio a Guerra Guaranítica que durou de 1753 a 1756. A pesar de ser expulsos com a Guerra, retornaram em 1761, todavia, em 1767/68 são expulsos pelo Rei de Espanha. Momento final das Reduções Jesuíticas Guaranis.

São Miguel das Missões (Crédito: Prefeitura Municipal de São Miguel das Missões)

DIÁRIO: Esse anúncio ainda depende de validação ou trâmites burocráticos?

Já está tudo acertado entre a Província Brasileira e o Bispo da Região das Missões. Neste período estarão vindo a São Miguel das Missões.

DIÁRIO: O Papa Jorge Mario Bergolio é o primeiro papa jesuíta da Igreja Católica. Esse fato fortalece o movimento jesuítico no mundo e, em especial esse retorno da companhia às missões?

Pelo menos desde 2012 há uma aproximação muito grande do tema MISSÕES e os Jesuítas. Com a criação da ideia da Nação Missioneira, que é um sentimento de pertencimento dos Povos missioneiros do Brasil, Argentina e Paraguai através da Assembleia dos 30 Povos, nos unimos muito. A coordenação geral desta ação é feita pelos Jesuítas e que têm  relações com o Vaticano e especialmente com os Jesuítas em Roma. Temos uma série de estratégias conjuntas.

DIÁRIO: Em quais fatores o retorno da Companhia de Jesus pode auxiliar no desenvolvimento da região das missões no RS?

Como sabemos a região das Missões e a experiência missioneira teve no passado o construto espanhol. As Missões tiveram seu último momento hispânico em 1828, quando a região foi uma Província Argentina chamada de Misiones Orientales del Uruguay.

A região a partir de 1829 passou a ser de base Luso-brasileira e sempre ficou periférica. O desenvolvimento efetivo, ainda hoje está por chegar. Mantemo-nos agropecuários, muito diferente do “estado industrial” do passado.

Com a vinda dos Jesuítas se sonha em um novo momento de liderança e de reunião de esforços pró novos rumos, especialmente no turismo. Também necessitamos de agregar valor aos processos primários existentes, pois é uma das regiões maiores produtoras de grãos, hoje exportados, mas que poderiam ser industrializados. Quem sabe um ‘sangue novo’ no processo possa convencer os empresários locais a irem em frente.

DIÁRIO: .”A região como um todo está recebendo uma injeção de alegria depois da espera de tanto tempo, especialmente os ligados ao turismo” É mesmo? por favor, fale mais sobre esses impactos na comunidade.

O imaginário é que os Jesuítas foram grandes líderes no passado e que possam através de seus métodos de ação reedificar ideias de desenvolvimento pleno. Como sabemos o desenvolvimento ocorre por empreendedorismo, liderança, conhecimento e crescimento da confiança interna. É o que se espera com esta boa semeadura.

A região a partir de 1829 passou a ser de base Luso-brasileira e sempre ficou periférica. O desenvolvimento efetivo, ainda hoje está por chegar (Crédito: Prefeitura de São Miguel das Missões)

DIÁRIO: José Roberto, qual os números de turistas nacionais e internacionais de 2019 na região das Missões?

Visitaram São Miguel cerca de 80 mil brasileiros e 20 mil estrangeiros. Pretendemos que este número melhore muito nos próximos anos.

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade