O principal problema do Rio é a falta de uma política específica de turismo com metas pré-estabelecidas de crescimento e, sobretudo, com um conjunto de ações promocionais
por Bayard Do Coutto Boiteux (com edição do DT)*
O Rio de Janeiro é sem dúvida alguma uma vitrine da divulgação do Brasil no exterior. Embora novos portões de entrada tenham sido abertos em território nacional e que muitos turistas se dirijam diretamente a outras cidades, devemos confessar que noticias negativas da “Cidade Maravilhosa”, veiculadas nos principais países emissores vão trazer ainda mais problemas para o turismo brasileiro e o receptivo no Rio.
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O principal problema do Rio é a falta de uma politica especifica de turismo com metas pré-estabelecidas de crescimento e, sobretudo, com um conjunto de ações promocionais. Falta promoção e talvez os recursos gastos pelo Bispo Crivella em suas viagens internacionais pudessem ser melhor dimensionados e utilizados pela Riotur na venda do Rio. Com a concorrência cada vez maior de destinos que se vendem por belezas naturais e população hospitaleira, é necessário estar presente nos grandes eventos internacionais e com ações de famtours e com os correspondentes estrangeiros aqui no Rio.
Não adianta a organização positiva do Reveillon e do Carnaval no Sambódromo, se a cidade vive um caos por causa da violência urbana, em áreas turísticas e a completa falta de estrutura dos blocos que foram crescendo, sem a devida atenção do Poder Público, para a implementação de apoio logístico. Além de incomodar os moradores das áreas onde desfilam, que ficam presos em suas casas, destroem parte da cidade….O período pós carnaval é um momento único para analisar o próximo, reduzindo blocos, os situando em áreas geográficas mais adequadas e sobretudo avaliando que carnavais fora de época, como pretendem no Rio, no entorno do Parque Olímpico não são a solução para a sazonalidade. Aliás, o calendário intempestivo criado não trouxe resultados até o presente momento.
O perfil do turista que nos visita vem mudando: estamos perdendo europeus e norte-americanos, que são qualitativos no sentido do gasto médio, per capita e recebendo sul americanos que gastam bem menos….Na verdade, quem nos salvou no Carnaval foram os brasileiros, que ajudaram a ocupação hoteleira. O Turismo receptivo, com raras exceções, vive uma crise impar e a tendência é mais operadoras fecharem suas portas. O trade não tem se posicionado e exigido mudanças drásticas, o que é ruim para um desenvolvimento efetivo da atividade.
Na verdade, quem nos salvou no Carnaval foram os brasileiros, que ajudaram a ocupação hoteleira
Temos bons exemplos de planos de turismo aqui desenvolvidos como o Plano Maravilha ou ainda a revisão do mesmo por Medina, quando secretário de Turismo do Rio. Talvez fosse o momento de criar um grande brainstorming com as lideranças, associações de moradores e faculdades ,tentando traçar um plano de trabalho. Vamos aproveitar a presença dos consulados aqui no Rio e tentar entender exemplos de sucesso, que tragam benchmarketing. Falta pensar o turismo de forma acadêmica com visão empresarial. Os cargos em comissão não podem continuar sendo preenchidos por cabos eleitorais ou, pior ainda, por simpatizantes religiosos.
Não podemos , de maneira nenhuma, deixar o Rio como está. Moramos aqui, trabalhamos aqui e temos um compromisso com o Turismo. Vamos exigir mudanças para nossa sobrevivência e profissionais capacitados na condução dos rumos do Turismo. A intervenção federal não é positiva para a imagem institucional do Rio, mas tomara que traga resultados positivos para os moradores a curto prazo e permita uma revisão da segurança turística. Sugiro a criação de um Batalhão de policiamento turístico com maior contingente e atendendo a cidade como um todo e também o Estado, como foi originalmente criado. E que os processos de capacitação turística dos policiais sejam retomados com cursos de media duração e incentivos reais.
Somos cariocas, amamos o Rio e ele é nossa razão de ser, apesar das incongruências geradas por uma gestão ineficaz… Vamos lutar sempre e buscar um consenso para uma retomada urgente….
*Bayard Do Coutto Boiteux é vice-presidente executivo da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ e presidente do Portal Consultoria em Turismo.(www.bayardboiteux.com.br)