O distanciamento social e a demanda limitada decorrente do coronavírus podem significar o fim da era dos voos baratos quando as companhias aéreas voltarem a operar plenamente, mas as chamadas empresas de baixo custo da Europa ainda estarão na luta para atrair clientes.
Dow Jones
Concorrência, demanda menor por causa do medo de viajar e capacidade reduzida nos aviões para garantir o distanciamento social são apenas alguns dos problemas que se colocarão para o segmento de viagens aéreas de baixo custo, já abalado pelo impacto das quarentenas impostas para deter o avanço da pandemia.
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O secretário de Transportes do Reino Unido, Grant Shapps, disse que ele ainda não faria reservas de voos para as férias de verão e é provável que muitos consumidores pensem da mesma forma.
No entanto, a Wizz Air abriu mais quatro bases e lançou 50 novas rotas, e a Ryanair informou que reduzirá as tarifas em 50%, numa indicação de que o setor se prepara para garantir que os clientes comecem a fazer reservas.
Parece que o futuro da aviação será cada vez mais influenciado – pelo menos em curto e médio prazos – pelas novas regras e restrições decorrentes da pandemia, que cobrarão um preço do setor.
A necessidade de manter o distanciamento social, em especial, significará uma capacidade menor e tarifas mais altas. Algumas rotas podem desaparecer.
A Iata, que reúne as companhias aéreas do mundo, avalia que as medidas de distanciamento social nos aviões “mudarão fundamentalmente a economia da aviação, ao reduzir o fator de carga máximo para 62%”, bem abaixo do ponto de equilíbrio, de 77%. Para que as companhias aéreas consigam esse equilíbrio, as tarifas aéreas precisarão aumentar drasticamente – entre 43% e 54%, dependendo da região, segundo a Iata.
O diretor-presidente da EasyJet, Johan Lundgren, disse que manter o assento do meio vazio foi uma das opções avaliadas pela companhia aérea de baixo custo quando começou a planejar a retomada dos voos.
David Madden, analista da corretora CMC Markets, disse que os preços das passagens precisarão aumentar se as companhias aéreas venderem menos assentos. “Quando os voos forem retomados, prevejo que apenas as companhias aéreas mais fortes e as rotas mais populares sobreviverão”, afirmou.
A Iata esquivou-se de recomendar deixar o assento do meio vazio nos aviões, e o diretor-presidente da Ryanair, Michael O’Leary, disse que a proposta é “totalmente ineficaz e não satisfaz as regras de distanciamento social de dois metros”.
Mas seja qual for a opção adotada pelas companhias aéreas para conseguir o distanciamento social, a realidade será complexa e cara.