A demanda aérea no Brasil continua a crescer, trazendo resultados positivos para as empresas do setor. De acordo com reportagem do Valor Econômico, assinada por Cristian Favaro, a complexidade da cadeia de fornecimento segue dificultando uma expansão mais robusta.
Além disso, a escassez de peças de reposição tem elevado os custos operacionais das companhias, que precisam utilizar aeronaves mais antigas e menos eficientes no consumo de combustível por períodos prolongados.
Dados divulgados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que o mercado aéreo brasileiro atingiu, em outubro, um recorde na movimentação de passageiros, tanto em voos domésticos quanto internacionais, totalizando 10,4 milhões de viajantes. No segmento doméstico, foram transportados 8,3 milhões de passageiros, o que representa um crescimento de 6,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A demanda doméstica, medida em receita por passageiro por quilômetro (RPK), subiu 11,3%, enquanto a oferta avançou 9,6%. A taxa de ocupação das aeronaves atingiu expressivos 83,9%, indicando um mercado aquecido.
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“Apesar desse cenário promissor, a limitada disponibilidade de aeronaves compromete a expansão das operações das empresas, mantendo as taxas de ocupação em níveis elevados. Esse entrave se deve a problemas persistentes na cadeia global de fornecimento, especialmente relacionados à falta de componentes para manutenção e à entrega de novas aeronaves”, conforme destacou o jornalista Cristian Favaro.
As principais companhias aéreas do país – Azul, Gol e Latam – encerraram o terceiro trimestre de 2024 com 60 aviões parados por falta de peças, um índice que se mantém elevado desde a pandemia. Para suprir as operações, as empresas intensificaram o uso de aviões mais antigos, o que resulta em maiores gastos com combustível, em um cenário já impactado pela alta do dólar.
Entre as companhias, a Gol é a mais afetada, com 25 aeronaves fora de operação, o equivalente a 18% de sua frota. A Azul enfrenta desafios semelhantes, com 20 aviões parados, além de atrasos na entrega de novas unidades. A empresa previa receber 13 aeronaves da Embraer em 2024, mas apenas quatro foram entregues até agora, com outras cinco ainda previstas para este ano. A Latam, por sua vez, tem 15 aviões fora de serviço para manutenção.
Os maiores problemas concentram-se nos modelos de última geração, como o Boeing 737 MAX, o Embraer E2 e o Airbus A320neo. Esses aviões, que prometem maior eficiência no consumo de combustível, possuem motores que demandam manutenções mais frequentes, tornando-se o principal gargalo do setor.
Embora executivos das empresas demonstrem otimismo com a melhora gradual do mercado, a normalização completa do setor só é esperada dentro de dois anos, mantendo a pressão sobre as operações no curto prazo.