por Bayard Do Coutto Boiteux (Com Edição do DT)
Queria tanto começar o meu novo artigo cheio de alegria e emoção quando se festeja o Dia Mundial do Turismo e do bacharel em Turismo. Escolhi me dedicar ao turismo aos 18 anos e o faço até hoje, num trabalho árduo de criar novas percepções e sobretudo vontade constante de lutar, naqueles que labutam em nossa área. No entanto, vejo,com tristeza que as crises cíclicas que nos afetam continuam sem solução, embora se repitam e se apresentem em formatos parecidos.
O Brasil vive um sonho de grandes eventos esportivos, fazendo obras para atender aos pleitos dos organizadores e que muitas vezes deixaram resultados nada edificantes, como a construção de estádios que viraram elefantes brancos. Eventos acontecem em áreas residenciais sem o menor respeito aos moradores e com soluções pontuais de transporte público, que acabam não trazendo os resultados esperados. As ações promocionais sem planejamento mostram que o dinheiro público precisa ser melhor direcionado. Até hoje não entendi, mas a iniciativa privada exerce pouco seu poder de crítica e várias lideranças se calam, por ocuparem assentos em conselhos de administração ou de turismo. Aliás, os conselhos no Brasil são em grande parte fóruns de discussões, que não se acabam e as sugestões pouco se materializam. E um conjunto de vaidades querendo falar, sem ouvir e se achando “dona” de verdades, que poderiam ser melhor dimensionadas, se fosse permitida a opinião de técnicos e do benchmarketing. Muitos problemas atuais já tiveram solução em governos anteriores mas a “chapa branca” se recusa a retomar exemplos de sucesso.
O turismo pressupõe que várias áreas de conhecimento juntem os pensares e que o Executivo crie estruturas de interação
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Fico temeroso de que o não tenhamos solução, se continuarmos nesse marasmo de pensamentos, repletos de achismos. O turismo pressupõe que várias áreas de conhecimento juntem os penrares e que o Executivo crie estruturas de interação. Lembro que quando Roberto Gherardi foi presidente da Turis-Rio, criou um conselho que integrava as diversas secretarias de Estado e conseguiu avanços consideráveis nos projetos, copiados até hoje por várias administrações, sem o devido crédito ou mudança de nome, o que até hoje é tão comum. Por outro lado, os governos deixaram de criar planos de turismo (ou o fizeram de forma escondida ou sem metas mensuráveis) e vão vivendo de indicações de amigos, que querem se eleger ou se aposentar.Triste termos ministros do turismo que dormem nas aberturas de congresso, confundem o real com o cruzado ou criam convênios internacionais com países que não enviam turistas para o Brasil ou resolvem promover seus estados em festivais de musica, sem atentar para um planejamento mais racional.
O problema da segurança urbana, que anualmente assola o Rio de Janeiro com arrastões, continua até hoje sem solução. Depois dos mesmos terem se espalhado pelo mundo, em manchetes pouco ortodoxas, resolvem aumentar policiamento ou então culpam outras áreas do seu insucesso. Se em grandes eventos, há tanta inteligência envolvida, não se concebe que a população fique sendo impelida a se trancar em casa para evitar dissabores. Não houve nenhuma resposta aos jornais, não há nenhum trabalho com os correspondentes estrangeiros e nem com o corpo consular. Eram projetos que davam certo, custavam muito pouco e tinham o apoio da iniciativa privada…Enfim,o BPTUR merecia pelo menos ter o seu número de integrantes triplicado e ter todos seus membros bilíngues e treinados para o turismo. Enfim, bastaria um pouco de vontade administrativa e melhor entendimento do turismo.
Não temos muito o que comemorar hoje, embora acredite que os novos postos de informações turísticas da Riotur vieram, em parte, resolver o problema da falta de informação
Não temos muito o que comemorar hoje, devo confessar, embora acredite, por exemplo, que os novos postos de informações turísticas da Riotur vieram, em parte, resolver o problema da falta de informação, o GUIA RIOTUR também todo estruturado, além do site da empresa, inclusive com informações segmentadas merecem aplausos, para citar um exemplo de empresa municipal.
Algumas experiências de sucesso no ensino do Turismo, como a pós-graduação stricto sensu da UNIVALI ou ainda as informações bilíngues no metro e nos brts. No mais, tudo parece caminhar sem grandes expectativas e com sabor de deja vu.
Vamos pelo menos deixar que nossas mentes sejam invadidas pela vontade de se reciclar, aprende, conhecer e por conseguinte ter condições de propor algumas medidas eficazes. Feliz dia do Turismólogo e Dia Mundial do Turismo.
* Bayard Do Coutto Boiteux é vice-presidente executivo da Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ, coordenador do curso de Turismo da UNISUAM e gerente de turismo do Preservale.(www.bayardboiteux.com.br)