A recente volatilidade cambial desencadeada pela eleição do republicano Donald Trump à presidência dos Estados Unidos recolocou no radar das companhias aéreas brasileiras nuvens de incerteza que ameaçam retardar a recuperação do setor, apontam analistas e executivos.
O dólar, após encerrar o terceiro trimestre deste ano 18,3% mais baixo ante o real, comparado a 30 de setembro de 2015, voltou a subir entre o 9 de novembro, data da confirmação da eleição de Trump, e o fim da semana passada. Nesse intervalo, em momentos de pico, a apreciação da divisa atingiu 10%.
“Essa recente volatilidade afeta todo o setor. Uma depreciação [do real] desse patamar é relevante para os balanços das empresas aéreas”, disse o analista do Credit Suisse Felipe Vinagre. As empresas aéreas têm cerca de 50% das despesas operacionais e quase totalidade das dívidas atreladas ao dólar. Gol, Azul e Avianca possuem, juntas, R$ 17,5 bilhões em dívidas. A Latam – dona da Latam Brasil, Latam Chile, Latam Argentina, Latam Colômbia, Latam Peru e Latam Equador, que publica balanço consolidado em dólar – deve US$ 11,6 bilhões.
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Só com o arrendamento de aeronaves, as quatro brasileiras têm R$ 23 bilhões em compromissos. Por outro lado, o caixa delas não chega a ser confortável, somando cerca de R$ 9 bilhões.
A conjuntura se torna mais desafiadora porque a mesma volatilidade que infla passivos aumenta custos operacionais e fragiliza a demanda, afastando os turistas locais das viagens internacionais.