O ex-secretário de Turismo da Bahia Domingos Leonelli falou ao DIÁRIO durante a terceira edição da WTM, que ocorreu em São Paulo. Leonelli encabeçou o Seminário São João do Brasil – ideia de se tornar o festejo popular em um grande festival brasileiro, integrando vários estados do Brasil, além do Nordeste. A Embratur e o Ministério do Turismo participam. Segundo Leonelli “estamos propondo que isso seja transformado eu um produto turístico, e há muita possibilidade”: Acompanhe a entrevista concedida ao editor do DT, jornalista Paulo Atzingen.
DIÁRIO – A Bahia é o berço de uma cultura inquestionável. Você, quando secretário, defendia as cores da cultura de lá. Você está à frende de um novo projeto, sobre o que é?
DOMINGOS LEONELLI – Transformar uma experiência baiana em uma experiência nacional. Fizemos do São João um produto de turismo cultural da Bahia com bons resultados. Foi uma diversificação. Saímos apenas do Carnaval, no verão, e passamos a trabalhar com São João no inverno. Isso que estou propondo ao Brasil: Junto com o governo e o Ministério do Turismo e Cultura, Embratur, os empresários, a Braztoa, e a ABAV, transformarmos São João em uma festa nacional. Um evento nacional para o inverno. Um produto do turismo cultural para o inverno brasileiro.
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Isso tem tanta oportunidade de dar certo quanto deu na Bahia. Na Bahia, só a operadora CVC saiu de 12 mil pacotes em 2008 para, depois de quatro anos, com o produto formatado, promoção, propaganda por parte do governo, ações de marketing, ações com as operadoras de viagens, subimos (isso somente em uma operadora, a CVC) de 12 [mil] para 40 mil pacotes.
DIÁRIO – O que vocês propõem com este produto São João?
DOMINGOS LEONELLI – Estou propondo que nós façamos de São João um produto do turismo cultural para o inverno brasileiro. Isso a partir de São Paulo, porque São Paulo é o maior emissor e maior receptor de turistas. É natural que São Paulo capitaneie esse processo. São Paulo já tem São João, e tem um São João forte. Muita gente imagina que São Paulo só tem São João de quermesse. Na verdade, tem grandes festas, o que precisa é colocar mãos à obra para formatar São João, que é o evento que envolve quatro grandes cadeias produtivas, a grande indústria da bebida, por exemplo, vende mais bebida no São João do que no Carnaval, de tecidos, os shoppings do Nordeste vendem mais, é a segunda maior data [de vendas] dos shoppings no Nordeste, atrás apenas do Natal. E tem a cadeia produtiva da economia criativa, bandas, palcos, uma oferta moderna, além da estrutura metálica, envolve a iluminação, tudo isso é dinheiro circulando. Além disso, tem a quarta cadeia produtiva que é a produção popular, que atinge fortemente a economia popular, envolve o milho, amendoim, o maior impulso que a agroindústria e agricultura familiar têm é o São João.
DIÁRIO – Faça uma retrospectiva da história do São João…
DOMINGOS LEONELLI – O São João é uma festa muito mais antiga que o Carnaval. Chegou aqui em 1600 com os jesuítas, que usavam a festa para a catequização dos índios, com as bandeiras, fogueiras, músicas. Os índios ficavam muito mais encantados com isso do que com aquela pregação chata da igreja católica. Tem um enraizamento muito grande. Recebeu contribuições das quadrilhas francesas, que são organizações gigantescas que envolvem milhares de pessoas e uma atividade econômica muito grande. Uma coisa que precisa ser transformada em produto turístico.
DIÁRIO – O projeto tem apoio junto aos governos, Ministério do Turismo?
DOMINGOS LEONELI – O Ministério do Turismo está apoiando fortemente a ideia, está encantado, o secretário Vinicius Lummertz participou do nosso seminário, a Embratur também está participando, a prefeitura de São Paulo, todos eles participaram. O secretário de Turismo da cidade de São Paulo esteve conosco também, Wilson Poit.