POR ZAQUEU RODRIGUES
Em 2020, em plena pandemia de coronavírus, o Festuris foi a primeira feira de turismo da América Latina realizada presencialmente desde o início da pandemia.
Naquele momento, o tema central da feira foi a resistência do setor, apontado como o mais impactado pela crise econômica e social imposta pelo vírus.
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Agora, em 2022, em pleno avanço da vacinação e flexibilização das viagens, o 33º Festuris pulsa no ritmo das transformações vividas pelo turismo para se adaptar aos novos cenários e comportamentos.
A tecnologia e a sustentabilidade se tornam indispensáveis para a retomada do setor que mais se digitalizou durante a pandemia, como revelou o Sebrae.
A recuperação econômica do turismo passa por temas urgentes como a preservação do meio ambiente, sustentabilidade, inclusão social, diversidade, acessibilidade…
Qual o papel das feiras de turismo nesse desafio? A tecnologia ajudou a reduzir a produção e descarte de papeis e plásticos durante os feiras do setor?
Esses foram alguns dos assuntos abordados pelo CEO do Festuris Eduardo Zorzanello nesta entrevista ao jornal Dário do Turismo durante a 33ª edição da feira.
A preservação ambiental e a sustentabilidade são urgentes para o turismo. Como esses temas são abordados neste 33º Festuris?
Eduardo Zorzanello: O Festuris sempre buscou trabalhar as tendências de mercado e valorizar temas que são inerentes às práticas cotidianas. E a sustentabilidade é um deles. Este ano, quando a gente começou a vislumbrar a diminuição da curva da proliferação do vírus através do avanço da vacinação, a gente entendeu que o mundo precisa, além de se reciclar internamente em termos de humanização, voltar a despertar a preocupação e a consciência em relação às questões sustentáveis, sejam na parte ambiental, de desenvolvimento social ou desenvolvimento econômico.
Os espaços e destinos de natureza ampliaram nesta edição?
Eduardo Zorzanello: Sim. Todo o espaço central da feira está destinado ao Green. A gente está valorizando muito o turismo de natureza. Criamos um espaço que traz um pouco dessa semente, dessa necessidade de distribuição de plantas e mudas para que as pessoas possam dar continuidade a esse conceito. O Ministério do Turismo está com essa prática, trazendo roteiros que têm a natureza como base. Temos também os exemplos do estado de Goiás, Pará, Amazonas, e destinos como Parauapebas, a parte de São Francisco de Paula, de Cotia… A gente trouxe expositores que valorizam isso e procuram despertar no visitante a necessidade de adotar essas práticas.
E, além disso, a gente trouxe a sustentabilidade para o conteúdo, para a solenidade de abertura, no pré-evento através das lives e disseminação nas redes sociais. É o Festuris se preocupando com o planeta. Se ele está doente, ele precisa ser curado. E esse é o nosso papel enquanto feira e indutora dos negócios.
Desde a edição de 2020 a tecnologia está mais presente na feira. Ela está ajudando a reduzir a distribuição de panfletos e materiais como plásticos distribuídos no evento?
Eduardo Zorzanello: Uma das coisas que a gente está valorizando com a aceleração das ferramentas tecnológicas, com o encurtamento das distâncias, com a expansão da comunicação, são os processos mais ágeis. E o turismo precisa dessa transformação, tanto que a transformação é o conceito primário da feira deste ano: a transformação humana e tecnológica. Nos valemos dessas ferramentas para impulsionar no trade turístico práticas que façam com que o consumidor final – que é o cliente do agente de viagem, que está embarcando no avião, que está se descolando para um destino onde irá se hospedar -tenha informação, bom atendimento e conscientização.
Dentro da feira, essa troca não precisa ser pensada e realizada com distribuição de papel e tudo mais. Pelo contrário! Criamos o nosso App do Festuris para que tudo estivesse na palma da mão dos participantes; e a ferramenta de agendamento, que é muito importante para dinamizar o tempo e ter mais produtividade… E não ser uma feira de distribuição de papelaria ou folhetos, panfletos. Nada disso! Evidentemente há materiais magníficos, sim, mas precisamos diminuir isso e estar preocupados com a diminuição da produção de CO2, ser um pouco mais consciente dentro da prática ambiental. As ferramentas tecnológicas estão ajudando muito nesse sentido.
Um dos desafios é mapear os impactos e a produção desses materiais na feira. Como o Festuris pensa nesse aspecto?
Eduardo Zorzanello: Assim como a gente trabalha o volume de negócios que é gerado pela feira, a gente também quer trabalhar isso. Em duas oportunidades fizemos isso. Neste ano a gente não conseguiu submeter isso a uma avaliação técnica, científica por parte de uma Universidade para validar esses números e mapear o impacto ambiental da feira, como quantas árvores precisariam ser plantadas para reduzir o impacto de CO2, a troca de panfletos por serviços digitais… Na edição de 2022 a gente pretende resgatar um pouco mais isso para, cada vez, as pessoas que estão participando da feira e profissionais do trade turístico tenham em mente a sustentabilidade, a diversidade, a inclusão, acessibilidade e respeito à diversidade. O turista da nova economia é tudo isso. Hoje o consumidor pensa desta forma e é nesse caminho que a gente quer caminhar.
O tema Turismo em Transformação é o coração do 33º Festuris. Quais as transformações mais importantes do setor hoje e quais as transformações que você quer ver no turismo?
Eduardo Zorzanello: O que a gente mais observou foi a transformação humana. Entendemos que deixar de viajar nunca foi tão complexo. As pessoas querem voltar a viajar, as pessoas querem voltar ao convívio…. não importa se estão viajando para a casa da família no interior, pegando um ônibus de 10 horas para fazer compras em Foz do Iguaçu, pegando avião em um voo direto para Orlando… As pessoas querem sair, querem ter experiências. E esse consumidor está cada vez mais exigente, conectado, informado e querendo respostas rápidas e ser bem tratado.
O turismo tem um potencial para liderar o desenvolvimento econômico e reduzir a desigualdade no Brasil. De agora em diante, como o turismo deve se posicionar?
Eduardo Zorzanello: O turismo não tem barreiras. Ele é transversal e impacta mais de 50 segmentos da economia. O turismo tem um papel fundamental no desenvolvimento social, na comunidade. Ele pode encontrar potencialidades dentro da sua estrutura, formatar um produto, coloca-lo no mercado, promover adequadamente, qualificar internamente, e a partir disso ser um gerador de emprego e renda para a comunidade. Somos o primeiro setor a convalescer pela crise e seremos o primeiro a se reerguer, pois a indústria de serviços é rápida. É impossível fazer turismo sem observar a diversidade, a inclusão e a sustentabilidade. É fundamental ter um turismo limpo e sem preconceito.