Economia de Israel fica aos frangalhos, com a guerra – Financial Times

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Antes da eclosão da guerra entre Israel e Hamas, a cervejaria de Jeremy Welfeld na cidade israelense de Emek Hefer produzia 50 mil litros de cerveja por mês e os 14 restaurantes dele pelo país atraiam milhares de clientes por dia.

Por James Shotter e Ivan Levingston, Financial Times — Sderot e Londres

Nas duas semanas desde o início do conflito, as empresas de Welfeld praticamente pararam. A cervejaria não produziu nada; 12 dos 14 restaurantes estão fechados. Em um dos dois que permanecem abertos, apenas cinco pessoas entraram durante o horário do almoço na quinta-feira.

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“Em um dia normal, eram entre 50 e 150 pessoas. [Na circunstância atual] vale a pena abrir o restaurante? Não consigo cobrir meus custos fixos”, disse. “Não tenho certeza de como exatamente isso vai se desenrolar. Pode realmente ser a gota d’água que pode derrubar a empresa”.

Enquanto o país se recupera do ataque de 7 de outubro, o mais mortífero já feito em seu território, o movimento do comércio em ruas meio vazias sumiu.

Em Israel, a guerra agora tem impactado um país cuja economia antes prosperava mesmo em meio às décadas de conflito contra os palestinos, enquanto a Cisjordânia ocupada e a sitiada Faixa de Gaza há muito são assoladas pela pobreza e desemprego.

O choque inicial do ataque do Hamas em 7 de outubro levou ao fechamento de bares e restaurantes de Israel e ao cancelamento de centenas de voos. Uma mobilização recorde de reservistas – cerca de 360 mil foram convocados – deixa as empresas ainda abertas com falta de funcionários.

Os foguetes disparados por militantes palestinos na Faixa de Gaza — e a intensificação das tensões com o Hezbollah no Líbano – levaram à evacuação de grandes áreas nas fronteiras norte e sul.

A guerra eclodiu depois de o grupo militante palestino Hamas ter rompido as barreiras de segurança em torno à Faixa de Gaza e lançado um ataque por várias frentes ao sul de Israel, matando mais de 1,4 mil pessoas, segundo autoridades israelenses.

De acordo com Guy Beit-Or, economista-chefe da Psagot Investment House, as consequências poderiam ser piores do que o confronto de um mês entre Israel e o Hezbollah em 2006 – uma das suas maiores guerras recentes – e a produção econômica poderia contrair-se em até 2% ou 3% entre o terceiro e o quarto trimestres.

No setor dos serviços, as pressões são intensas. Em uma semana normal, Nina Mizrahi, uma taxista no norte de Israel, fazia de 20 a 40 viagens por dia. Na semana passada, a média foi de uma. “Não há trabalho”, disse. “Realmente não sei como as pequenas empresas irão [fazer].”

O turismo também tem sofrido justo quando começa a alta temporada, de outubro a dezembro. Ganit Peleg, presidente da Associação de Guias Turísticos de Israel, disse que algumas viagens marcadas para até daqui a dois anos estão sendo canceladas, em meio a temores de que uma retaliação na forma de invasão da Faixa de Gaza possa acabar tendo uma escalada e se tornar uma conflagração internacional.

“Temos visto cancelamentos diariamente”, disse, acrescentando que o colapso dos negócios lembra o ocorrido durante a pandemia. “Acabamos de nos recuperar da covid. E aqui estamos nós de novo.”

Nas áreas do sul de Israel em torno à Faixa de Gaza que sofreram a maior parte do ataque do Hamas, os sinais de dificuldades econômicas podem ser vistos por todos os lados. Antes da guerra, Sderot era uma cidade de 30 mil habitantes. Nesta semana, era uma cidade fantasma, com mais de 90% da população evacuada, fileiras de lojas fechadas e semáforos nos cruzamentos piscando permanentemente em laranja.

À medida que a escala provável do impacto vai ficando mais clara, os pedidos de ajuda governamental aumentam. Na quinta-feira, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, anunciou um plano para ajudar a cobrir os custos fixo das empresas cujas receitas foram afetadas e para dar assistência financeira a quem não consegue trabalhar. O banco central também interveio. Na semana passada, anunciou que venderia até US$ 30 bilhões em reservas internacionais para reforçar o shekel.

Smotrich disse que, como resultado dos planos de ajuda, o déficit do governo poderá subir para 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, acima da meta anterior, de 1,1%. Para o próximo ano, economistas preveem um déficit ainda maior.

Apesar de Israel ter travado muitas guerras em seus 75 anos de história, a economia sempre recuperou. De acordo com Erel Margalit, fundador da firma de capital de risco Jerusalem Venture Partners, embora os investidores estejam fazendo muitas perguntas sobre o conflito, ainda há negócios sendo feitos no setor de tecnologia, que tem solidez suficiente para lidar com a situação e no qual Israel é uma potência.

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