Retomada: economia descarbonizada e mais empregos com energia renovável

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Por Marcos Penido e Rodrigo Garcia*

O ano de 2020 será um marco na história mundial. A pandemia da covid-19 está reconfigurando hábitos e impulsionando profundas transformações econômicas. A relação entre preservação ambiental e desenvolvimento econômico tornou-se inequívoca, motivando os diversos organismos internacionais a se posicionarem em prol da criação de políticas públicas alicerçadas na economia verde para o período de retomada pós-covid.

A Organização das Nações Unidas (ONU) colocou-se de forma contundente a respeito da necessidade de “recuperar para melhor” a economia mundial e propôs diretrizes a serem adotadas por governos nos planos de recuperação. O Fórum Econômico Mundial e a Agência Internacional de Energia (AIE) fazem coro ao apelo da ONU: ambos publicaram relatórios destacando a importância de que as políticas econômicas incluam o combate às mudanças climáticas.

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Estamos num momento crucial. Para que seja possível limitar o aquecimento global a 1,5o C neste século, em comparação com os níveis pré-industriais, como estabelece o Acordo de Paris, temos que diminuir as emissões em 7% a partir deste ano até, até 2030.

Estávamos longe disto até a pandemia reduzir a atividade econômica volume, em consequência, as emissões, em estimados 8% pela AIE. Os cientistas alertam para o “efeito rebote”, como ocorreu após a crise de 2008, quando as emissões tiveram um salto, superando em muito a média histórica. Dessa vez, precisamos fazer diferente.

O Governo do Estado de São Paulo está construindo um Plano de Resposta e Recuperação Econômica de forma colaborativa com a sociedade. A questão ambiental tem lugar central nas políticas de estímulo e, além da promoção do desenvolvimento sustentável, o governo assume, nesse contexto, um papel ativo e paradigmático: dar o exemplo e incentivar a sociedade nessa mesma direção.

Para reduzir 30% dos gastos com eletricidade nos quase 30 mil imóveis utilizados por órgãos do governo do Estado nos próximos três anos, a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (SIMA) investirá R$ 28 milhões no Programa Integrado de Gestão Energética.

O projeto de transição energética dos prédios públicos começou a se estruturar a partir de uma parceria entre a SIMA e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com fundos da Iniciativa de Infraestrutura de Qualidade do Japão (JQI).

A análise do consumo de energia de 6,8 mil edifícios, bem como do investimento e dos benefícios com a instalação de geração solar fotovoltaica para consumo próprio, indica que o Estado evitaria a emissão de 28 mil toneladas de CO2 equivalente por ano.

A geração de energia por fonte solar é a alternativa que mais cresce e a que gera mais empregos entre as renováveis, segundo relatórios do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA e da Agência Internacional para as Energias Renováveis – IRENA. Além disso, a tecnologia, os ganhos de escala e a concorrência diminuíram os custos. Na última década, o custo da eletricidade gerada por sistemas solares fotovoltaicos caiu 83%. A campanha Rede Solar – Energia renovável em prédios públicos, que mobiliza gestores públicos a instalarem energia solar fotovoltaica, sinaliza o comprometimento do governo estadual com a questão ambiental ao mesmo tempo em que fomenta e desenvolve o mercado, criando oportunidades para empresários, instaladores, montadores e demais profissionais dessa cadeia produtiva.

Estamos diante de uma oportunidade única para tomar decisões que aliem os investimentos necessários para a retomada do crescimento a definições políticas que consolidem uma economia e uma sociedade descarbonizadas em longo prazo. Ao incluir a transição energética nos planos de recuperação, os governos podem enfrentar as dificuldades econômicas e, ao mesmo tempo, as questões climáticas, construindo um caminho de esperança e oportunidades.


*Marcos Penido é secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente; Rodrigo Garcia é vice-governador do Estado de São Paulo

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