Assistimos a um dos episódios mais chocantes da segurança pública brasileira: a megaoperação das polícias civil e militar do Rio de Janeiro contra a facção Comando Vermelho, nos complexos do Alemão e da Penha, resultando em dezenas de mortos — segundo fontes internacionais, mais de 119, incluindo quatro policiais.
O que torna esse evento não apenas dramático e melancólico no plano interno, mas também profundamente simbólico para a imagem global do Brasil — e especialmente do Rio — é o modo como a imprensa internacional o está tratando. O britânico The Guardian chamou o episódio de “o pior dia de violência da história do Rio”.
O americano The New York Times destacou que é o colapso do Estado de Direito. O espanhol El País ressaltou que mesmo para uma metrópole “acostumada à violência”, os níveis de força empregados foram “extraordinários”.
Impacto na opinião pública internacional
A reportagem da Reuters relata que pelo menos 132 pessoas morreram, com corpos encontrados nas ruas após a operação – a mais letal da história do Brasil.
Esse tipo de cobertura projeta uma imagem de caos, insegurança e ausência de controle estatal. Para o observador estrangeiro, que avalia se deve visitar o país ou investir no turismo, esses elementos pesam fortemente: a noção de “destino seguro” — essencial para o turismo de lazer, de negócios ou de luxo — fica abalada.
Além disso, o fato de a ação ocorrer poucos dias antes de eventos internacionais importantes — como a COP30 — amplia o efeito simbólico: o Brasil aparece como um país em “crise de segurança” justo quando busca protagonismo global em outras áreas.
Reflexos diretos sobre a decisão de vir ao Brasil
Escolha do destino: Turistas internacionais, sobretudo de perfis premium ou corporativos, geralmente comparam a percepção de segurança antes de fechar a viagem. Notícias que destacam “massacre”, “corpos nas ruas”, “polícia letal” criam uma barreira psicológica ao Rio de Janeiro.
Imagem do Rio: A cidade, que se vende como cartão‑postal mundial — culturais, praias, paisagens excepcionais — agora aparece em manchetes que falam de “zona de guerra”, drones armados e operação militar em favelas. Essa narrativa negativa permeia buscadores de hotel, redes sociais e fóruns de planejamento de viagem.
Turismo de luxo e experiência exclusiva: Visitantes que buscam experiências sofisticadas esperam segurança, discrição e prestígio. Escândalos de violência em grande escala afetam diretamente esse tipo de público.
Investimento e stakeholders: Além de turistas, operadores de turismo, companhias aéreas, hotéis de alto padrão e agentes de eventos internacionais poderão reavaliar o Brasil como palco ou como destino, o que significa custos indiretos para a economia da cidade e do país.
Recuperação da confiança: Uma vez ferida a imagem, o esforço para restabelecer confiança exige transparência, controle, comunicação eficaz — não apenas no Brasil, mas nos mercados emissores de turistas. Será preciso mais do que medidas internas: será necessário reconstruir a narrativa internacional.
Este episódio — dramático, brutal e emblemático — marca uma ruptura simbólica na forma como o Brasil e o Rio de Janeiro são vistos no exterior. A promoção negativa se alastra em jornais da Europa e dos EUA, e essa percepção tende a se refletir em decisões concretas de viagens, investimentos e escolhas de destino.
Raiz do problema
Se o país deseja continuar a atrair turistas estrangeiros — deve resolver o problema crônico da segurança pública indo à raiz do problema, como por exemplo bloquear contas bancárias das organizações criminosas, combater com coragem o narcotráfico indo aos chefes do crime organizado e não aos funcionários. Caso contrário, a mancha deixada pelas manchetes terá consequências mais profundas do que o imediato; manchar de sangue a nossa Marca Brasil.
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