Painel reuniu Ana Paula Abranche, Roberto Dotta, Raquel Ogando e Gilberto Albuquerque
POR ZAQUEU RODRIGUES
A cultura ESG marcou presença nas falas de muitos palestrantes que passaram pelo palco do V Fórum Nacional da Hotelaria, realizado nesta segunda-feira,18, no Sheraton São Paulo WTC Hotel, em São Paulo. Na cerimônia de abertura, o presidente executivo do FOHB, Orlando de Souza, enfatizou que o tema ESG entrou no mercado para nunca mais sair.
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O tema também foi esmiuçado de modo didático durante o painel ESG – Conhecimento e Ação. Sob a mediação de Ana Paula Abranche, Sócia e CEO da Arbache Innovations, a conversa contou com a participação de Roberto Dotta, Sócio-Fundador e CEO da Wewe; Raquel Ogando, Líder global de Reputação e Sustentabilidade da BRF; e Gilberto Albuquerque, CEO Kadmotek.
Economia: ESG é pauta financeira
Ana Paula Abranche iniciou o painel pontuando que ESG é um tema que ganhou espaço nos últimos anos e que é preciso desmistifica-lo. “ESG não é sustentabilidade. É uma pauta que nasce no mercado financeiro e traz virtudes para o negócio. Estamos falando de fazer o bem no negócio, que reflete no bem do planeta e da sociedade”.
A especialista destacou que as diretrizes ESG estão presentes no turismo sob uma perspectiva macro dentro do Turismo Regenerativo, que atua como agente de transformação social dos destinos e das comunidades. “Precisamos entender como isso vai trazer virtude financeira aos nossos negócios, seja tangível ou intangível. É importante estarmos de olho nesse caminho do dinheiro verde para entender como o turismo pode avançar”.
A especialista lembrou que o tema ESG é amplo e complexo e que, por isso, é importante compreender o DNA da empresa e priorizar ações mais adequadas para aquele momento – questões trabalhistas, diversidade, ações comunitárias, produção de energia limpa, medidas disciplinares, ações anticorrupção, de ética, contra assédios…
“A gente precisa priorizar. Vamos trazer a pauta para o chão da operação. Para fazer com seriedade eu preciso entender a natureza do meu negócio, priorizar as ações, medir os resultados e avançar. Temos que achar soluções em conjunto. ESG é uma pauta conjunta”, ensinou Abranche.
Legislação a caminho
O sócio-fundador e CEO da Wewe, Roberto Dotta, chamou a atenção para a legislação que poderá entrar em vigor no Brasil para regulamentar o mercado de carbono no Brasil.
Trata-se do PL 412, que regulamenta o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE) e estabelece um limite de emissões de 25 mil toneladas de CO2 por ano.
De acordo com o PL, as empresas que ultrapassarem o limite deverão reduzir suas emissões ou comprar créditos de carbono. Aquelas abaixo do limite poderão vender sua cota.
Roberto avisou que a legislação deve ser aprovada ainda este ano. As empresas terão dois anos para se adequarem.
“As empresas terão de ter um laudo sobre a sua pegada de carbono e seus impactos no meio ambiente. Isso vai afetar toda a cadeia produtiva. O Brasil é a Arábia Saudita no crédito de carbono. E a legislação vai tornar o Brasil melhor”.
Mais educação, menos desperdício
Raquel Ogando, Líder global de Reputação e Sustentabilidade, contou que a gigante de alimentos investe em inovação e pesquisa para reduzir os desperdícios, que acontecem principalmente no início da cadeia, na produção e transporte.
“Trabalhamos na capacitação técnica de nossos produtores para manter a qualidade do início ao do processo até a parte de educação para diminuir o desperdício. É um tema que contém muitas oportunidades para os negócios”, contou a executiva.
Raquel lembrou que não é preciso reinventar a roda para avançar na pauta ESG. “É interessante notar que há muita solução sendo desenvolvida hoje. Não vamos resolver os nossos problemas sozinhos. Temos estimulado negócios sociais, startups, lançando desafios inspirados em ESG”.
ESG é pauta financeira: Mais ESG, mais investimentos
O CEO da Kadmotek, Gilberto Albuquerque, destacou que o mercado precisa de regulamentação e certificação e que ESG está conectado ao desenvolvimento do mercado financeiro, principalmente na vertente Governança. E alertou – “Temos que ter muita atenção para não ficarmos apenas falando e isso não corresponder na prática. Um dos maiores riscos para a reputação da empresa é falar o que não faz”.
O executivo ressaltou que o mercado financeiro internacional já mantém uma cobrança muito forte sobre ESG e isso vai aumentar no Brasil. “Precisamos implementar a regulação e punir o que está errado para ampliarmos os investimentos internacionais no Brasil”.
Para saber mais, acesse o site da FOHB.