A reunião com a imprensa realizada na última sexta-feira (27) na sede da Europ Assistance em Barueri (SP), foi coroada pela forma e pela transparência de como essa empresa trata os números e os expõe sem medo.
Por Paulo Atzingen*
Fomos recebidos pelos diretores Rogério Guandalini (Comercial e Marketing), Márcia Lourenço (RH) e Gabriel Rego (Head of Travel Brazil) e de forma muito descontraída, entre pães de queijo, quiche, suco e café, falamos de filhos, fé, guerras e viagens antes do início da apresentação.
O perfil despojado somado a uma cabeça com uma concentração de dados privilegiada mostrou que Newton Queiroz, Chief Executive Officer (CEO) da Europ Assistance tinha a empresa na palma da mão. Sem parecer demasiadamente sério ou preocupado com o devir, embora tenha deixado claro que empresa sem planejamento fica em um oceano sem rumo, ele usou a metáfora do petroleiro e do veleiro: “O maior petroleiro tem 458 metros e o maior veleiro tem 143 metros de comprimento. Tínhamos há alguns anos 1500 funcionários, hoje temos 700”, quantificou.
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Canais
Ele apresentou a jornada da Europ Assistance de 2021 a 2025 por meio de gráficos: “2021 foi o ano do Foco e da Transformação; 2022 e 2023 são os anos em que tivemos de fazer o básico bem feito; 2024 será o ano do novo posicionamento da empresa e 2025 queremos atingir a diversificação planejada”, prognosticou.
Após enumerar algumas ações concretas de como transformar seu navio em veleiro como controle de custos internos, simplificação de processos, erro zero, comunicação e colaboração, Newton apresentou alguns números bastante expressivos da Europ Assistance no mundo e a totalização dos valores em euros em 2022 a partir dos canais B2B, B2B2C e B2C. Pelo canal B2B foram comercializados 661 milhões de euros em Seguros; pelo canal B2B2C foram comercializados 211 milhões de Euros e pelo canal B2C o movimento foi de 45 milhões de euros, totalizando 918 milhões de euros em comercialização de seguros no ano passado.
Dizer que o CEO tem o seu negócio na palma da mão pode ser exemplificado e entendido com esses dados apresentados por ele:
“Os negócios B2C estão aumentando lentamente, mas aceleraram um pouco após a pandemia e devido a outras tecnologias digitais”.
“O B2B2C é o canal que mais cresceu no último ano, à medida que os varejistas começaram a criar soluções de atendimento independentes”;
“O B2B ainda é o maior canal, principalmente devido às seguradoras, mas acredita-se que diminuirá nos próximos anos”
Receita acima de 1 Bi
Essa análise geral apresentada pelo CEO foi reforçada pelos diretores financeiros Jose Andres e Wlamir Morales. “No mundo (mais de 200 países) a empresa terá uma receita esperada de 3,5 bilhões de euros este ano e atenderá um total de 300 milhões de clientes”, revelaram os executivos com o auxílio do power point.
Em termos de Brasil, o ano de 2024 promete e Jose Andres antecipou: “Teremos uma receita acima de 1 Bi de reais, principalmente em função do crescimento do segmento de viagem”, disse.
Contra o etarismo
“Não acreditamos no etarismo. Somos contra isso. Não importa se o colaborador tem 45, 50, 60 anos, o que importa é a sua entrega e que essa entrega seja qualificada”, disse Márcia Lourenço, diretora de RH da empresa.
Com uma política de inclusão bem definida, denominada Política de Smartworking, Márcia dá um passo à frente quando diz que a área de Diversidade, Equidade e Inclusão existe, mas não é um espaço para lamentações, mas de trabalho conjunto. “Criamos aqui o espírito de “Inteligência Coletiva”, ouvir o funcionário (e não só ouvi-lo, mas debater com ele) é muito importante e isso melhora o ambiente de trabalho”, acrescentou.
Em sua apresentação ela deixou claro a força do gênero feminino na empresa. De um total de 707 funcionários, 521 são mulheres (74%) e 186 homens (26%). “Embora o número de mulheres como diretoras ainda seja pequeno (2%), temos muitas delas em cargos de supervisoras (21%), coordenadoras (17%) e gerentes (12%),” pontuou.
Por que Seguro Viagem?
Com essa pergunta, o Head of Travel Brazil, Gabriel Rego, provocou os jornalistas convidados, cerca de 10. Obviamente ele já tinha as respostas: “Em 2022, o mercado de Seguro Viagem cresceu mais de 30% sobre 2019 (Pré-Pandemia) e irá ultrapassar R$ 1 Bi em 2023. Porque o Seguro Viagem está se tornando uma linha relevante para o setor de seguros em geral”, garantiu Rego.
Um dos argumentos para justificar os números crescentes, segundo Gabriel, é justamente a forte pressão de preços no setor de saúde suplementar que está gerando uma migração para convênios médicos regionais, criando um oportunidade no segmento Nacional. . “O mercado de Turismo continua crescendo e atingiu mais de R$ 16 bilhões em 2022, com 10% das transações realizadas por meio de canais digitais”, afirmou Gabriel Rego.
Tiago Massarico, o diretor de operações e Rogério Guandalini, diretor Comercial e Marketing reforçaram o mantra do cargueiro transformado em veleiro. Tiago afirmou que a empresa tem que se horizontalizar. “Inteligência Artificial junto com pessoas certas nos lugares certos e na busca constante de novas oportunidades”. Já Rogério crê fortemente que a digitalização vai democratizar o acesso da população ao mercado de assistências. “As tecnologias e a digitalização dos canais como Bancos Digitais, Varejos e Telecoms vão ampliar o leque de ofertas. Um produto de assistência pode custar 10 vezes menos que um seguro tradicional, e pode ser cobrado em parcelas mensais, que não ultrapassam os 2 dígitos”, pontuou.
Tomem como case
O convite e a ideia da assessoria Pauta Vip liderados por Silmar Batista e Lúcia Sígolo, demonstram que há vida debaixo da insípida relação existente entre empresas e veículos de comunicação. Convidaram com antecedência, disponibilizaram transporte, e oportunizaram um encontro com as fontes.
A visita às instalações da empresa, o café tomado com o pão de queijo e quiche, o encontro com porta-vozes falando de seus assuntos específicos, provam indiscutivelmente mais uma vez que a Inteligência Artificial não substituirá as relações humanas. Que as organizações, sejam elas paquidérmicas, conglomerados de empresas ligadas apenas por algoritmos, sejam elas startups, pequenas e médias empresas criadas a partir de sonhos e emoção, que todas elas tomem como case e exemplo a ideia desse encontro. E não esqueçam do quiche e do pão de queijo.
*Paulo Atzingen é jornalista e fundador do DIÁRIO DO TURISMO