Capacitações no auditório do Novotel São Paulo Jaraguá Conventions discutiram acessibilidade e inclusão no turismo de SP
Por Bruno Almeida, colaborador do DT
Entidades que representam grupos minorizados pediram mais medidas de inclusão para turistas da comunidade negra e para pessoas com deficiência que vistam a capital paulista. O encontro ocorrido na tarde desta quarta-feira, 15, fez parte do Expo Fórum Visite São Paulo e foi marcado por cobranças de ações práticas não só para o poder público, mas, em especial, para empresas.
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O segundo painel da tarde foi Afroturismo, comandado pelo gestor executivo do Fórum São Paulo Afroturismo, Hubber Clemente, e pela guia de turismo, turismóloga e mestra em turismo, Denise Rodrigues.
Na apresentação, Hubber afirmou que não só o poder público tem que melhorar na pauta racial. “Ainda são pouquíssimas as ações das empresas de turismo neste sentido”, disse. O gestor citou a Feira Preta, realizada no começo de maio, como um evento recente de sucesso na capital paulista, e o Museu Afro Brasil, como um equipamento importante e referência para a comunidade.
“Quando gera protagonismo, quando gera representatividade, quando gera pertencimento, as pessoas negras se sentem bem em praticar o turismo e fazer parte da vida de todo mundo”, disse. “O afroturismo não vem para roubar o espaço de nenhum outro segmento, nem trazer rivalidade. Vem para incluir”, finalizou Hubber.
“Encarar o passado”
Denise trouxe provocações sobre a perspectiva não-negra usada para contar a história de São Paulo. “Como a gente encara todos os passado da cidade? Como turistas negros se encaram aqui? Essas pessoas buscam referências de protagonismo. É preciso olhar para histórias que as pessoas não contam e que, às vezes, esquecemos”, questionou.
Entre os exemplos em São Paulo, ela cita o bairro da Liberdade, tradicional para a comunidade asiática, mas que tem um passado relacionado à população negra – inclusive no nome.
“Um turismo antirracista destaca histórias negras e promove um resgate da negritude (…) A gente ainda vê pessoas negras sendo maltratadas, não sendo reconhecidas como hóspedes, por exemplo. É importante também fazer a população não-negra pensar na população negra como consumidora também. Toda semana temos um caso de racismo (na mídia). Quando a gente incorporar o afroturismo como práticas nas agências de turismo, vocês vão ver quão grande é a população negra, que está sedenta de opções turísticas”, finaliza.
Acessibilidade junto com inclusão
No terceiro painel da tarde, Conhecer para incluir – Boas práticas para o turismo acessível e inclusivo, a secretária adjunta da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Dika Vidal; a assessora técnica na Coordenação de Políticas e Projetos de Inclusão da capital, Roberta Pontes; e a jornalista e empreendedora Jéssica Paula trouxeram diferentes perspectivas sobre os tipos de deficiências – e a importância de conhecer a fundo cada uma para promover não apenas, acessibilidade, mas, também, inclusão.
“Se todos nós somos iguais perante à lei, nós precisamos estar em todos os lugares”, começou a secretária. “A pessoa com deficiência também consome. Ela também vai ao teatro, se o teatro for acessível. Ela vai ao shopping, se estiver acessível”, seguiu Dika.
Roberta lembrou que, ao contrário de hábitos antigos, hoje “as pessoas com deficiência não são mais escondidas. Você não tem que superproteger, tem só que perguntar se queremos e precisamos de ajuda”, disse.
Para fechar o painel, Jéssica relembrou que conceitos de acessibilidade e inclusão são complementares e não significam a mesma coisa. “Ter acesso não necessariamente significa ser inclusivo. Se a rampa fica nos fundos ou é na lateral, esse equipamento não é inclusivo. A pessoa com deficiência quer viver a experiência turística como qualquer outra pessoa”, disse. Ou seja, “acessibilidade é chamar para a festa; inclusão é convidar para dançar”, completou Dika.
Turismo na Cidade
A programação da tarde terminou com palestra da guia de turismo e turismóloga da Secretaria Municipal de Turismo, Denyse Sayuri Kirihara, no painel Turismo na Cidade.
“São Paulo não perde nada em a quesitos como gastronomia e cultura para outras capitais, como Paris e Londres”, destacou Denyse. “Hoje vemos uma mudança do perfil do turismo aqui. Os negócios e os eventos seguem a nossa base, mas hoje temos gente que vem caminhar na Avenida Paulista fechada de domingo, justamente porque acontece de tudo: aula de dança, churrasco, massagem. Isso é São Paulo”, finalizou a guia.
Expo Fórum Visite São Paulo
O evento voltado a profissionais de turismo, eventos e viagens, apresenta uma programação de palestras e painéis comandados por líderes do setor, capacitação, lançamento, além de uma exposição de atrativos e atrações de São Paulo.