A 19ª Festa do Imigrante começou neste domingo (20), na antiga Hospedaria dos Imigrantes do Brás, na zona leste de São Paulo, e se repetirá nos dois próximos domingos. A expectativa dos organizadores é reunir 20 mil visitantes. O grande destaque este ano é a oportunidade de percorrer as instalações do Museu da Imigração, que ficou fechado quatro anos para a primeira obra de restauração desde 1887. Entre as novidades está a exposição Migrar: Experiências, Memórias e Identidades, onde são encontrados vestígios da passagem de mais de 2,5 milhões de imigrantes.
A diretora do museu, Marília Bonas, disse que o acervo tem cerca de 12 mil peças dos séculos 19 e 20. Em um dos espaços o público pode ler cartas deixadas pelos hóspedes. Há também um grande mural com os nomes dos imigrantes, que por lá passaram, esculpidos em madeira.
Entre os visitantes deste domingo, a reportagem da Agência Brasil encontrou a imigrante Natália Byczkowski, de 77 anos. Ela contou que chegou à hospedaria em 23 de agosto de 1953, quando tinha 16 anos. Filha de um casal russo, Natália nasceu na China e de lá a família veio tentar a sorte no Brasil.
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“Nós ficamos um mês aqui até meus pais arrumarem um emprego, quando então conseguiram alugar uma casa na Mooca”, disse. A então adolescente, que só falava o idioma de seus pais, foi estudar em um colégio interno da região, onde aprendeu o português. Em 1961, ela casou-se com um descendente russo e teve três filhos. Natália Byczkowski ainda vive em São Paulo, tem cinco netas e uma bisneta.
A arquiteta Ana Micoletti, de 41 anos, disse que encontrou na Hospedaria dos Imigrantes parte da história de seus antepassados. Seus avós, vindos do Sul e do Norte da Itália, passaram pela hospedaria.
Já Elizabete Doretto, de 64 anos, ainda tenta montar o quebra-cabeça da árvore genealógica por meio das lembranças que lhe foram passadas pelo avô. Ele chegou ao Brasil ainda bebê, desembarcando no Porto de Santos, e, depois de passar pela hospedaria, teria seguido para o oeste paulista.
Na Festa do Imigrante, além de um mergulho no passado, também são servidas comidas típicas e apresentadas músicas, danças e artesanato de mais de 40 países. Há orientações sobre o preparo de pratos estrangeiros e professores para ensinar danças como a polca paraguaia, o flamenco, a dança cigana, a dança folclórica tcheca e o tango.