Durante o primeiro dia do France Excellence 2022 América Latina, evento promovido pela Agência de Desenvolvimento Turístico da França – Atout France, em São Paulo, o tema do crescimento sustentável ganhou vigor
Da energia que emana das passarelas com marcas a exemplo de Louis Vuitton e Dior, passando por negócios do setor turístico a bandeira é uma só: viabilizar um mundo mais saudável para as próximas gerações e associar aos negócios a veia da criatividade, para a formatação de produtos em equilíbrio com a questão ambiental.
Se sustentabilidade e luxo nem sempre andaram emparelhados, o painel “Criação e Sustentabilidade no Luxo” foi importante momento de reflexão patrocinado pelo France Excellence. O principal desafio proposto no debate desta versão do France Excellence foi quanto a criatividade pode manter grifes pujantes e bem situadas mercadologicamente em seu pedestal, a partir de uma releitura de seu papel na sociedade.
Helénè Valade, diretora de Desenvolvimento Ambiental do grupo LVMH, holding que reúne nomes do universo do luxo como Louis Vuitton, Christian Dior, Tiffany, Givenchy e TAG Heuer entre outros, considera que a biodiversidade está na ordem do dia das organizações. “Não se faz champanhe sem uva”, disparou a executiva do conglomerado que tem na sua cadeia de empresas as consagradas Moët & Chandon e Veuve Clicquot.
A criatividade é a grande protagonista do processo de interação com a vida do Planeta, que tem na atividade do design a preocupação com embalagens menos impactantes ao meio ambiente, evolução na linha tênue entre beleza e o que é sustentável e a preocupação com a origem da matéria-prima.
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“O grande desafio é manter o segmento do luxo vinculado à arte de transformar o simples e o básico em extraordinário”, observa Valade. Para a executiva os consumidores se mostram mais críticos no que toca ao consumismo desenfreado e tem olhar mais refinado para a durabilidade dos produtos que adquirem.
Ser um vetor do ecossistema. Esse o sentimento embalado por Richard Bailey – proprietário do The Brando, resort na Polinésia Francesa, ao falar de seu empreendimento. “Estamos diante de um novo paradigma do turismo de luxo. O hóspede atribui valor à experiência da viagem – e a atenção ao meio ambiente está inserida nessa sensação”, aposta o empreendedor hoteleiro, que afirma fazer no The Brando reuso de água e ter constituído uma fundação que se ocupa da missão de preservação, educação de novas gerações e pesquisa científica de cunho ambiental. Entre as atividades do resort há um green tours, destinado a mostrar como uma ilha longínqua do Pacífico conseguiu se tornar naturalmente tão atraente e ao mesmo tempo zelar pelo seu território.
Os saberes e seu potencial
Fabien Coubard, diretor de Projetos e Desenvolvimento Sustentável do Le Meurice, hotel de alto luxo localizado no centro de Paris, frisa que há atualmente um resgate das riquezas artesanais, nas peças de decoração, na escolha de um produtor de tomates, que consegue imprimir particularidade de sabor a este insumo da alimentação, à primeira vista um paradoxo mais que acresce valor ao luxo. A aplicação dos saberes, de acordo com ele, fora da escala industrial, ganham cada dia mais espaço porque exprimem requinte e exclusividade. Outra corrente, no seu entender, é o drible à superficialidade e o consumismo exacerbado apenas pelo prazer de acumular bens. Ele ainda revela o prazer dos colaboradores que rotineiramente ofertam as flores que, ainda em bom estado, sobram dos eventos no hotel, para um asilo. “A ação torna a atividade de nossos colaboradores mais gratificante e ainda contribui com o não desperdício”, relaciona Coubard.
por Cecília Fazzini jornalista especialmente convidada pelo DIÁRIO para este evento