France Excellence: O gosto da criação ou a criação do gosto?

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Na 2ª mesa redonda do France Excellence, os participantes falaram no evento sobre o gosto da criação ou a criação do gosto na culinária francesa

Pierre Bourdieu, célebre sociólogo francês, foi um dos maiores pensadores da atualidade. Um dos seus campos de estudo foi justamente o “gosto”. Como o gosto é criado? Gosto se discute? 

E após várias reflexões, chegou a uma importante conclusão: o gosto e o estilo de vida de cada um está relacionado com a experiência social do grupo em que vive. Naquela época, os grupos eram: classe operária, classe média e burguesia.

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Mas e nos dias atuais? Como o gosto é criado?

Essas foram as perguntas que a mesa redonda do France Excellence trouxe para seus participantes debaterem sobre a criação do gosto.

Com o tema “Lê Gôut De Lá Creation ou La Creátion Du Goût”, estiveram presentes: Chef Laurent Suaudeau, fundador da Escola de Artes Culinárias L. Suaudeau; Chef Laurent Guez, crítico gastronômico do jornal Les Échos; Chef Jérôme Lacressonnière, diretor do Ducasse Conseil; e Josimar Melo, jornalista e crítico de turismo e gastronomia da Folha de S. Paulo e da revista Gula.

Josimar Melo foi o mediador do encontro. Ele começou dizendo que: “Você tem a gastronomia dos países escandinavos, da América do Sul, do Peru. E você tem a gastronomia francesa, que foi a grande fonte da gastronomia do Ocidente”, ponderou.

Josimar Melo no France Excellence.
Josimar Melo no France Excellence. (Foto: Caroline Figueiredo – DT).

Em seguida, o jornalista propôs uma reflexão a respeito do gosto francês: como ele é criado, como ele pode ser replicado e eternizado?

Primeira vez no Brasil

O Chef Laurent Suaudeau foi o primeiro a ter a palavra e contou sobre sua primeira vinda ao Brasil e a descoberta do gosto brasileiro. Como em uma expedição de Júlio Verne, Suaudeau veio ao Brasil pela 1ª vez a pedido de seu chefe, Paul Bocuse. E, apesar de ter se espantado com um certo prato à milanesa no cardápio, outro detalhe se destacou.

“A primeira coisa foi a receptividade da equipe, eu faço questão de dizer e disse isso no meu último livro. A mão de obra e o gosto de uma equipe extremamente humilde de participar da construção do Hotel Meridian, em São Paulo. ”, afirmou.

Chef Laurent Suadeau no France Excellence participou da mesa sobre criação do gosto.
Chef Laurent Suadeau no France Excellence. (Foto: Caroline Figueiredo – DT).

O chef completou: “A nossa bagagem é sempre valorizar os produtos locais. Então, a minha ideia não era “vamos criar uma nova cozinha “franco-brasileira”. Não. Eu pensei: porque não usar esses ingredientes locais, dessas feirinhas, que são bonitos, brilhantes? ”

Ingredientes bem brasileiros

Então, Suaudeau contou que, utilizando os ingredientes locais, certa vez alguém perguntou porque ele estava fazendo culinária indígena. 

“Isso porque comecei a trabalhar com cupuaçu e outros ingredientes. E aquilo foi meu ponto de partida. Disse: “agora ele vai ver o que é a culinária brasileira”. E a minha equipe culinária, quando viu isso e começou a trabalhar com a culinária local, eles amaram”, relatou o chef, com orgulho.

Um novo jeito de sentir a culinária francesa

Na sequência, Josimar passou a palavra para o “comedor chefe”, Laurent Guez, jornalista e crítico gastronômico do Les Échos Le Parisien. Ele perguntou à Guez se nos últimos 50 anos, surgiu um novo jeito de apreciar a cozinha francesa, conhecida como a “nouvelle coucine”.

Chef Laurent Guez também participou do evento promovido pelo Atout France.
Chef Laurent Guez. (Foto: Caroline Figueiredo – DT).

“É uma pergunta muito interessante. Os chefs são influenciados por suas viagens pelo mundo, e houve uma viagem, por exemplo, que o chef foi influenciado pelos caldos e pelos molhos que provou”, explicou.

Outra palavra-chave que Laurent Guez destacou foi “engajamento”. Guez disse que essa é uma parte importante do novo gosto francês, além do marketing, que também é forte.

Como eternizar o gosto francês

Por fim, o Chef Jérôme Lacressonnière, falou sobre eternizar o gosto francês. Recém-chegado em São Paulo, ele contou que a primeira coisa que fez foi ir ao mercado no Jardins: “Fui fazer compras. Eu quis me inspirar para poder criar novos pratos”, afirmou. Ele destacou que isso é essencial: se manter inspirado para conseguir criar.

Chef Jérôme Lacressonnière no France Excellence também falou sobre eternizar o gosto da criação francesa.
Chef Jérôme Lacressonnière. (Foto: Caroline Figueiredo – DT).

Nesse sentido, um dos exemplos muito elogiados da “nova culinária francesa” foi o biscoito de Ducaiss Cousine. Tanto que o jornalista Josimar disse que esse é, sem sombra de dúvida, o melhor biscoito seco que já experimentou em sua vida.

O Chef Jeróme explicou que: “foi feito um estudo de como aprimorar o biscoito para que ele fosse doce, mas não fosse gorduroso. E ele é feito sem nenhuma farinha enriquecida, nem de arroz, e nem de trigo. A margarina utilizada é bem amarela e vem da Normandia, então, fica bem equilibrado”.

Por fim, o chef apresentou outra tendência: de que haverá um consumo menor de proteína animal e maior consumo da proteína vegetal. Os palestrantes também falaram nesta mesa do France Excellence sobre o gosto da criação que, para eternizar a cozinha francesa, é preciso desmistificar algumas coisas que foram criadas a respeito da culinária.

Assim, vale lembrar uma frase do filme Ratatouille: “Boa comida é como música que se pode saborear”. Por quê não experimentar?

Para saber mais, acesse o site oficial do evento. 


*Por Caroline Figueiredo – Repórter do DT

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