REDAÇÃO DO DIÁRIO
O Equador se recupera do terremoto que devastou parte do país no último mês de abril. Para superar as dificuldades geradas pelo desastre natural, o país depende bastante do turismo. O setor representa um dos pontos mais fortes do país: é o quarto maior gerador de empregos e produz mais de US$ 2 bilhões por ano em receita.
Sua capital, Quito, no entanto, ficou ilesa e convida os viajantes para visitar a cidade, já que a melhor maneira de ajudar o Equador é visitando o país. Por isso, como forma de contribuição editorial, o DIÁRIO entrevistou Gabriela Sommerfeld, gerente geral de Quito Turismo – empresa pública para promoção do destino, para tratar das principais atrações da cidade e destacar a importância do turismo como uma forma de revitalizar o país.
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Gabriela Sommerfeld foi nomeada Gerente Geral de Quito Turismo pelo Conselho da empresa, em dezembro de 2015. Como gerente, lidera e planeja as estratégias de promoção, desenvolvimento e qualidade turística do destino. Antes de entrar para a equipe de Quito Turismo, Sommerfeld liderou várias empresas nacionais de turismo, comércio e aviação. Foi CEO da Aerolíneas Galápagos (Aerogal), tornando-se a primeira mulher a dirigir uma companhia aérea nas Américas. Enquanto CEO, Sommerfeld também criou e presidiu a Associação Nacional de Empresas de Aviação do Equador e impulsionou a companhia aérea com a expansão de novas rotas e aumento de passageiros. A seguir, a entrevista completa realizada pelo editor do DT, jornalista Paulo Atzingen:
DIÁRIO – Quais foram os impactos deste terremoto recente para a capital Quito?
Gabriela Sommerfeld – Quito, a capital e a porta de entrada para o Equador, não foi afetada pelo terremoto. O Centro Histórico, considerado um dos maiores e melhores conservados da América, está intacto. O aeroporto, os atrativos culturais e turísticos, assim como todas as operações funcionam normalmente. Além de não ter tido a vida cotidiana alterada, a cidade se tornou um importante centro de coleta de doações para envio às zonas afetadas, especificamente localizadas nas províncias de Manabí e Esmeraldas, na costa equatoriana. A solidariedade da população da capital tem sido fundamental neste momento em que o país e nossos irmãos necessitam.
Trabalhamos na revitalização das áreas afetadas e, para isso, o turismo é fundamental. Convidamos nossos irmãos brasileiros a escolherem Quito e o Equador como próximo destino para viver, experimentar e descobrir os Andes, a Amazônia, o litoral e a maravilhosa Galápagos.
DIÁRIO – Gabriela, como a senhora descreveria Quito hoje para os turistas? Cosmopolita? Exótica? moderna? conservadora?
Gabriela Sommerfeld – A cidade tem uma grande oferta turística para todos os interesses e gostos. Com um patrimônio de renome mundial, uma história milenar, tradições culturais mestiças (indígena-Espanhola), expressões artísticas coloniais e contemporâneas, diversas paisagens naturais que nascem nos Andes ou no Bosque Nublado. Sem dúvida, afirmo que Quito é um destino turístico que atrai uma variedade de turistas que buscam experiências novas e únicas. Quito pode ser ao mesmo tempo exótica, moderna e também conservadora. Por isso, é uma cidade amigável que convida os turistas brasileiros.
DIÁRIO – O Sucre foi a moeda corrente do Equador até o ano 2000. A sra acredita que com a utilização do dólar americano incentiva a vinda do turista para o país?
Gabriela Sommerfeld – Definitivamente, nos últimos quinze anos o dólar tem ajudado a estabilizar a economia e, com isso, os empresários e investidores têm sido capazes de fazer planos de longo prazo. Isso eleva o Equador como um destino turístico que atrai e cria confiança. A inflação manteve-se na casa de um dígito nos últimos anos e isso permite que o país se torne mais competitivo, por exemplo, nos custos de serviços de turismo (hospedagem, alimentação, transporte, etc.), em comparação a outras cidades da região. No entanto, o dólar é também um desafio constante, uma vez que a diferenciação e competitividade não se dão pelos preços resultantes da desvalorização, mas pela excelência e qualidade dos serviços e produtos.
DIÁRIO – Segundo a Empresa Metropolitana de Gestão do Desenvolvimento Turístico de Quito, em 2014 chegaram 682.429 turistas, 8.5% mais do que em 2013. Destes, quantos foram brasileiros?
Gabriela Sommerfeld – Em 2014, 13.708 brasileiros visitaram Quito. Este mercado tem crescido desde 2013, ainda que em 2015 o número tenha diminuído. Aqui o detalhe das visitas por ano. Em 2012 (11.390), em 2013 (11.052), em 2014 (13.708) . Em 2015, 12.893 turistas brasileiros chegaram à cidade. Estima-se que em 2016 o número cresça em torno de 2%, chegando a 13.200 brasileiros.
DIÁRIO – Gabriela, quais são as ações que estão sendo feitas para atrair o turista brasileiro para o Equador, e, em especial para Quito?
Gabriela Sommerfeld – Começamos o trabalho de promoção e posicionamento do destino nos principais mercados emissores de turistas. Além disso, estamos convencidos de que melhorar a conectividade da cidade com o resto do mundo vai atrair mais visitantes. Para isso, trabalhamos junto ao governo e à iniciativa privada. A ideia é trabalhar em estreita colaboração com o setor do turismo (operadores e hotéis) para inserir as ofertas turísticas em feiras, na mídia e assim fazer com que o trade internacional olhem para Quito como uma opção interessante, inovadora e atraente.
As viagens para imprensa e de familiarização também permitirão mostrar o potencial turístico que a cidade possui através da diversidade cultural e natural, das riquezas artísticas e patrimoniais, além da alta qualidade de serviços.
DIÁRIO – A senhora poderia nos informar sobre o número de leitos e os recentes contratos firmados com redes hoteleiras internacionais?
Gabriela Sommerfeld – O potencial da cidade tem sido reconhecido por várias empresa e cadeias de hotéis internacionais, como é o caso da Accor que anunciou a expansão de suas operações no país por meio da construção de dez novos hotéis, representando um investimento de aproximadamente US$ 100 milhões.
Em fevereiro de 2013, o novo Aeroporto Internacional Mariscal Sucre iniciou a operação e tem sido um marco importante para o desenvolvimento da zona “Tababela”. O projeto do hotel Wyndham “Gran Cóndor” se concretizou há dois meses. Outros projetos estão em andamento, como o hotel Holiday Inn Airport, com 130 quartos; o Hotel Hilton San Patricio; o Hotel Eurobuilding e o Hotel Royal Green. Todos estes são hotéis 5 estrelas e estão localizados a 1,5 km do aeroporto Mariscal Sucre.
Além disso, na área onde estava o antigo aeroporto Mariscal Sucre, atual Parque del Bicentenario, o novo Centro de Convenções Metropolitano de Quito será construído com o objetivo de desenvolver uma nova infraestrutura para eventos, congressos e convenções para que Quito se torne também um destino para eventos corporativos. O projeto será desenvolvido em 10,75 hectares do Parque del Bicentenario e será complementado por empresas comerciais, como hotéis, restaurantes, lojas, serviços públicos e áreas de entretenimento e cultura, contribuindo para o desenvolvimento da área como novo centro de compras e negócios da cidade.