Fiel ao conceito de hospedagem, que combina preço justo e atestada tradição no lazer na localidade do litoral baiano, a empresa adiciona ao seu portfólio, na virada do semestre, um novo hotel. O empreendimento é o quarto, do conjunto formado pelos atuais Morro da Saudade, Amendoeira Praia Hotel e Marujo Hotel, todos três estrelas, que totalizam 235 apartamentos. Carlos Pugliese, sócio diretor relaciona, em entrevista ao DIÁRIO DO TURISMO, as boas novas.
Por: Cecília Fazzini
Vocação para tornar acessível conforto e bem-estar para uma clientela menos abastada, que cada vez viaja mais e fideliza o meio de hospedagem que acolhe o seu jeito mais despojado e propõe inclusão social no formato de receber o hóspede. Com essa fórmula, os hotéis fazem história em Morro de São Paulo (BA), destino destacado no mapa turístico do País, por sua natureza paradisíaca. O empreendimento, a ser inaugurado em agosto e que ainda não tem definido o nome, contará com 29 novos apartamentos, estrutura enxuta e autônoma, que lhe atribui um perfil mais econômico. “A nova unidade está sendo concebida para praticar valores de diárias bem abaixo do padrão local, sem café da manhã, sem troca de enxoval e check-in automatizado”.
Quem fornece os detalhes do hotel, que se prepara para abrir as portas, é o sócio diretor Carlos Pugliese que, junto ao parceiro no negócio hoteleiro Francisco Ávila, foram além no esforço inicial de unir as iniciais de seus nomes para construir o FACP. Sedimentaram o ideal de erguer meios de hospedagem, que pudessem ser usufruídos por maior parcela possível de hóspedes, sem distinção quanto à posição sócio econômica. “A meta é ganhar com o turismo mais frequente e numeroso”, confirma o empresário.
Oficial da reserva do Exército, posto no qual se manteve por uma década, o preparo de Pugliese em administração hoteleira veio ao se formar em contabilidade e gestão de negócios e complementar o conhecimento com uma pós-graduação em turismo.
“A meta é ganhar com o turismo mais frequente e numeroso”, Carlos Pugliese, sócio diretor do grupo hoteleiro FACP.
Pugliese trabalhou 23 anos na atividade turística, em Salvador e, no ano de 2012, ao receber proposta para realizar uma consultoria para hotéis em Morro de São Paulo, identificou o alto potencial daquela faixa litorânea. Em 2016, surge a primeira possibilidade de adquirir um negócio do ramo hoteleiro na região.

Carro-chefe
Responsável por 70% da receita do grupo, o Hotel Morro da Saudade, com 134 apartamentos, ostenta a marca de maior hotel de Morro de São Paulo, disposto em 6 mil metros quadrados. Contudo, embasa a força da marca não apenas na robusta oferta de quartos, mas também na tradição e qualidade dos serviços. “Nosso hotel conseguiu, com esta característica, estabelecer um modelo de hospedagem que foge da curva para o esperado no destino”, ressalta o sócio diretor do empreendimento. Algumas providências foram tomadas para equacionar o diferencial, conforme explica, seja ao otimizar espaço físico, investimento no café da manhã, piscina para o público infantil entre outros atrativos de lazer.
Obstinados em manter tudo mais acessível, os sócios do Morro da Saudade também conseguiram atrair um público eclético, constituído por sul americanos – principalmente argentinos, chilenos e uruguaios, que ainda enfrentam obstáculos de uma malha aérea internacional insuficiente e pouco pulverizada, a mesma carência de conectividade com o aeroporto da capital baiana, que contribui para a menor procura por parte dos europeus, que no passado havia sido muito mais interessante. Os hóspedes atuais são, sobretudo, de mercados emissores locais como Minas Gerais, São Paulo, Curitiba e demais estados da Região Sul. No Carnaval, de acordo com o hoteleiro, ”são muitos os hóspedes da própria Bahia, clientes interessados em se refugiar da folia de Salvador”, salienta. Sobre o canal de distribuição, Pugliese afirma que os hotéis têm realizado trabalho junto aos operadores e agências de viagens, a fim de capacitá-los para coordenarem melhor a venda do produto, entretanto o boca à boca se mantém eficaz, no entender do empresário.

Peculiaridade na ocupação
Há mais de 20 anos que o cenário se mantém. Israelitas jovens, que servem o exército em seu país, tiram um mês de férias, se tornando hóspede cativo. Essa tradição produziu mudanças na rotina da região. “Morro de São Paulo conta com duas sinagogas e, além disso, camareiras, recepcionistas e garçons já dominam palavras e expressões em hebraico”, relata Pugliese. Em março de 2019, o percentual do hóspede juvenil de Israel na ocupação totalizou 90%. Dois supermercados grandes se abastecem de produtos que esse público costuma comprar para preparar a própria comida. Apesar de não serem ortodoxos, no Morro da Saudade e Marujo Hotel, eles contam com a ‘Cozinha do Hóspede”, onde preparam pratos, muitos à base carne de frango, vinagrete no café da manhã, um cardápio que exclui doces.
Entusiasmo ao receber
Ao contemplar os hóspedes dos hotéis que administra com uma estadia a custo mais acessível, o hoteleiro afirma que não se descuida do atendimento e serviços, uma expectativa que identifica no cliente. E acrescenta que “a Bahia não é só férias, porque o destino está o ano inteiro associado à hospitalidade, ou seja, à alegria e melhor acolhida”. Assim, mesmo diante do desafio de qualificar mão-de-obra local, a meta é constantemente aprimorar a prestação dos serviços. Outro ponto assinalado pelo empresário e que torna mais receptiva a localidade é o fato, segundo ele, de Morro de São Paulo ser seguro, sem o registro de ocorrências que possam desestimular a visitação.
“Pesquisas comprovam que grande parte dos hóspedes querem ampliar a experiência não apenas com o produto, mas com o destino escolhido. Desejam ter seu protagonismo reafirmado quando são recebidos. Assim, não é o formato da hospedagem em si e nem a sofisticação os fatores mais preponderantes”, sintetiza Pugliese.
“Os hóspedes querem ampliar a experiência não apenas com o produto, mas com o destino escolhido. E desejam ter seu protagonismo reafirmado quando são recebidos”, Carlos Pugliese, sócio diretor do grupo hoteleiro FACP

Responsabilidade ambiental e social
Morro de São Paulo é uma ilha e enfrenta condições menos favoráveis no abastecimento de energia elétrica e tratamento do lixo. Para fazerem o dever de casa, os empreendimentos capitaneados por Pugliese e seu sócio já adotaram a reciclagem de vidro, plástico, papelão e ferro, todo material acondicionado e vendido. O resultado financeiro dessa venda vai para uma conta específica e, no final do ano, compõe um programa de recompensa aos funcionários , na forma de valor, festa ou brindes, à escolha do colaborador.
Ainda na esteira da sustentabilidade, todo o resíduo de esgoto, principalmente o que escoa da lavanderia, que atende os três hotéis, onde são utilizados produtos biodegradáveis. O uso de energia solar para aquecer a água das estruturas de hospedagem já é uma realidade e, há 2 anos, começaram a ser suprimidas as toalhas de rosto, o que contou com a boa receptividade do cliente, conforme relata Pugliese, que atesta redução no trabalho de troca do enxoval e economia de material de limpeza.
O incentivo ao não desperdício de alimentos, ação realizada junto ao hóspede ao longo dos últimos 7 anos, levou à redução de 35%, de um patamar de 100 quilos de alimentos descartados/dia, para cerca de 65 quilos. Pugliese afirma que a campanha que visa minimizar as perdas prossegue em conscientização, com a fixação de placas educativas e que têm os funcionários como interlocutores. Mesmo assim, os hotéis ainda aplicam uma espécie de multa de 25 reais, apresentada ao hóspede que não contribuir com a meta.
