O município é um desses típicos e raros exemplos de combinação do que a natureza deu e do que o homem fez
Por Paulo Atzingen*
O Brasil vive de exceções e bons exemplos, sempre no sobressalto de algo que fuja à regra, salve a pátria e mantenha a esperança. É o caso de Guararema. Cidade não mais do que 25 mil habitantes e com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) – de 0,731, segundo o Atlas Brasil. O município é um desses típicos e raros exemplos de combinação do que a natureza deu e do que o homem fez. Cortado pelo Rio Paraiba do Sul e cercado por serras, a cidade teve intervenções inteligentes de seu poder público e foi alçada neste último mês de maio à categoria de MIT – Município de Interesse Turístico, pelo governo do Estado de São Paulo. O orçamento para o turismo será incrementado em mais R$ 550 mil reais, no entanto, tudo mostra, até aqui, que os representantes executivos e legislativos dessa cidade sabem utilizá-lo com lisura e honestidade. Sem exageros. Basta ler um pouco os jornais: a Câmara Municipal e a Prefeitura cancelaram o investimento que iam fazer com a decoração de Natal de 2016 e usaram o dinheiro para pagar as dívidas da Santa Casa da Cidade.
Localizada no Vale do Paraíba e integrante da região do região do Alto Tietê, tem como dotação orçamentária para este ano de 2017, R$ 920 mil reais, segundo o secretário municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Agricultura, Fernando Moura.
Para se tornar de Interesse Turístico, o município atendeu a todos os requisitos determinados pela Lei 1.261 de abril de 2015 que estabelece condições e requisitos específicos para a classificação de Estâncias e de Municípios de Interesse Turístico, como: a elaboração de um Plano Diretor de Turismo, a ativação do Conselho de Turismo, levantamento dos potenciais de visitação da cidade, entre outros.
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Ilha Grande
Inaugurada em 2004, a Ilha Grande é uma extensão verde da cidade e se chega a ela por uma passarela muito bem cuidada. É um dos atrativos principais de Guararema e o endereço certo para contemplar a natureza e aprender a preservá-la em uma aula de interação. As trilhas e todo o percurso possuem placas educativas que ajudam a população e o turista a ter maior consciência ecológica. A ilha também guarda o NEA – Núcleo de Estudos Ambientais – uma construção em forma de Oca, que serve para oficinas, aulas e exposições sobe o ecossistema. A entrada é gratuita.
Pedra Montada e Defensores do Futuro
O parque Pedra Montada, a exatos 8 quilômetros do centro, é de um cuidado e um esmero típicos de países evoluídos, em que seus dirigentes não possuem a sede de poder e dinheiro tão comuns nos dias atuais. Uma escada muito bem construída com madeira de lei para durar 50 anos (não, não se usou concreto de segunda categoria), leva às pedras curiosas, que dão nome ao lugar. Quem opta em não subir a escada pode seguir por uma trilha muito bem mantida, margeada por lixeiras conservadas e placas educativas. No caminho para a outra pedra, a chamada Tubarão, por seu formato peculiar, deparamos com duas mudas de araucária plantadas por alunos do 4º Ano B, da Escola Municipal Getúlio Vargas, e uma placa, com os seguintes dizeres. “Árvore plantada pelos Defensores do Futuro”. Não precisa dizer mais nada. A entrada ao parque municipal da Pedra Montada é gratuita.
Vila Estação Luís Carlos
Luís Carlos, bairro rural da cidade, teve sua antiga estação de trem totalmente restaurada. A Maria Fumaça faz o trajeto que é operado pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária.
Os trabalhos de revitalização do bairro foram iniciados em 2013 e buscaram preservar as características arquitetônicas originais da época. As obras também incluíram a implantação de espaços como o Núcleo de Educação Ambiental (NEA), o Centro de Atendimento ao Turista (CAT) e um espaço de Fomento à Cultura.
Passeio de Maria-Fumaça
A cidade oferece um delicioso passeio cultural na Maria-Fumaça 353, a lendária locomotiva conhecida como “Velha Senhora”, que leva seus passageiros de Guararema à Vila Estação Luís Carlos, com uma paisagem inesquecível na ida e na volta. Uma verdadeira viagem no tempo.
*Paulo Atzingen é jornalista e editor do DIÁRIO DO TURISMO e DIÁRIO DOS HOTÉIS
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