O trem de Guararema é o resultado de um projeto entre a iniciativa privada, Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) e o poder público do município.
Por Paulo Atzingen*
Três vagões ingleses recuperados e reformados com todas as características originais do início do século 20, puxados por nada menos que uma autêntica locomotiva a vapor, a “Velha Senhora”, como é carinhosamente chamada. Esta máquina movida a lenha e água fervente, construída na Philadélphia (USA), no ano de 1927, e trazida para o Brasil para trafegar entre Rio de São Paulo, tornou-se um dos principais atrativos de Guararema (SP), município vizinho à cidade de São Paulo.
“É a maior locomotiva em funcionamento no Brasil”, afirma Fabiana Mucsi, coordenadora da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPFSP), entidade que em parceria com a Prefeitura Municipal de Guararema, mantém e administra o serviço turístico.
Veja também as mais lidas do DT
Os momentos que antecedem o embarque para a viagem no tempo são de grande expectativa. O apito do trem, o badalejar do sino e os jatos de vapor que são expelidos da caldeira para as laterais do veículo formam um conjunto de sensações que remetem os passageiros a um espetáculo de outrora, apenas vistos em filmes.
História resgatada
O trem de Guararema é o resultado de um projeto entre a iniciativa privada e o poder público do município. Recuperada pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), a relíquia – (locomotiva e os três vagões, estes construídos na Inglaterra e recuperados aqui) pode levar até 200 passageiros. “Em feriados prolongados há sempre grande procura. No feriado do Dia das Mães, por exemplo, tivemos mais de 100 pessoas na fila de espera”, afirma Fabiana.
Velha Senhora
Na ficha técnica da locomotiva a vapor constam os seguintes dados: 19,50m de comprimento, 3 metros de largura e 4,50 metros de altura. Ela pode atingir até 110 quilômetros por hora, mas logicamente neste trecho ela não ultrapassa os 20 quilômetros. Só a locomotiva pesa cerca de 100 toneladas. O trecho entre Guararema e o sub-distrito de Luis Carlos é de sete quilômetros e é percorrido em meia hora.
Projeto estendeu-se aos estudantes
Turismo sem integrar a população é apenas empreendedorismo oportunista e disto o Brasil está cheio. Ao contrário, a ABPF tem um programa de acesso para os alunos da rede pública de ensino de Guararema. “Todas as sextas-feiras as viagens são abertas gratuitamente para estudantes do município. Esta iniciativa é bancada totalmente pela ABPF”, acrescenta Fabiana ao DIÁRIO.
Destino Final
A Estação Luís Carlos é o ponto de chegada da viagem histórica, mas não o ponto final. O apito prolongado do trem avisa que haverá uma parada mais longa. Ao desembarcarem, os viajantes mergulham ainda mais fundo no passado, pois encontram ali uma reconstrução típica de uma vila de meados do século 20. São restaurantes, sorveterias, cachaçarias, armazéns de souvenires e lojas com inúmeros produtos para consumir ou levar de lembrança. Na praça central, a igreja para quem quer renovar a fé e música ao vivo, que eleva ainda mais o nível sensorial da viagem.
Dentro da máquina
Segundo o maquinista Fernando, cada viagem gasta em média quatro metros cúbicos de lenha. “São três para vir, já que é subida, e um para voltar, na descida”, explica. São gastos cerca de 17 mil litros de água em uma viagem.
O tempo de permanência em Luís Carlos é de cerca de uma hora, período em que o maquinista Fernando, o foguista Denis e a sinaleira Madalena utilizam para executarem a manobra da máquina, leva-la à outra ponta do trem, engatá-la ao último vagão – que passa agora a ser o primeiro.
Começa aí o retorno ao início.. a estação de Guararema.
Serviço:
Trem de Guararema.
As saídas ocorrem nos finais de semana, feriados e pontes de feriados, nos horários abaixo:
- partida às 10:00hs, chegando de volta às 12:00hs
- partida às 14:30hs, chegando de volta às 16:30hs*
*o horário das 14:30hs no domingo bem como a programação para feriados são sujeitos a confirmação.
Veja mais imagens (click para ampliar)
