Um vistoso hotel em Manhattan que era dado como morto em maio recebeu outra chance — mas não porque os hóspedes pretendem voltar.
Bloomberg
Enquanto os teatros da Broadway permanecem fechados e quem viaja a negócios está impedido de circular, o hotel Times Square Edition deve reabrir após credores agirem para acertar um problema com a Marriott International informou o diretor financeiro da gigante hoteleira em teleconferência realizada na semana passada.
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Não será a última vez que os credores serão chamados para resolver uma situação complicada. Quase seis meses após a pandemia provocar uma crise na indústria de hotelaria, estabelecimentos nos EUA estão queimando caixa e deixando de pagar dívidas. Os credores, que não têm interesse em virar proprietários de hotéis que dão prejuízo, estão sendo convencidos a ajudar estabelecimentos em apuros.
“Está claro que veremos muitas execuções de hipotecas”, avisou o CFO da Marriott, Leeny Oberg, durante o evento. “Acho que, em muitos casos, os bancos querem preservar o valor do ativo e manter a marca é a melhor maneira de fazer isso.”
Para o Times Square Edition, a pandemia agravou problemas existentes. O prédio foi inaugurado em março de 2019 em um mercado saturado com novos quartos de hotel e listagens do Airbnb, além de tentar emplacar diárias de luxo em uma área que geralmente atrai turistas de classe média.
Para dar destaque ao hotel, a proprietária Maefield Development fez um acordo com a Marriott para usar a marca Edition, criada pelo pioneiro Ian Schrager, cofundador da famosa casa noturna Studio 54, que ajudou a inventar o conceito de hotel boutique.
Ainda assim, o projeto era cercado de desafios. A Maefield teve dificuldades para alugar o espaço para varejo no térreo e um grupo de credores liderado pelo Natixis agiu para executar a garantia de um empréstimo de US$ 650 milhões em dezembro. Enquanto isso, o presidente da Maefield, Mark Siffin, se preparava para brigar com credores, incluindo o Natixis, a respeito de uma operação separada de petróleo e gás.
A Marriott acabou declarando que a incorporadora tinha dado calote no contrato ao deixar de custear mais de US$ 4 milhões em despesas operacionais, segundo documentos judiciais. Um representante da Marriott se recusou a explicar como o problema foi resolvido, mas disse que a gigante e gigante está elaborando planos para reabrir o hotel.
Um representante do Natixis não quis comentar. Um representante da Maefield não respondeu aos pedidos de comentário da reportagem.
Schrager disse em entrevista que os hotéis que reúnem os hóspedes em bares da moda e lobbies descolados vão recuperar a popularidade quando a pandemia recuar.
“Não sei se existiram tantas mudanças reais de paradigma na história da humanidade”, disse ele. “Mesmo com Noé, todos voltaram a ser como eram antes do dilúvio.”