Hoteleiros de Norte a Sul do Brasil falam ao DIÁRIO (2ª parte)

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Com o avanço do coronavírus no Brasil, o Nordeste também foi impactado e o setor hoteleiro foi o primeiro a sentir o golpe. Em Porto de Galinhas, principal destino turístico de Pernambuco, o quadro de grande preocupação: hotéis perto de suspender o funcionamento e preocupação em alta com os pequenos negócios que dependem exclusivamente do fluxo de turistas no balneário.

REDAÇÃO DO DIÁRIO com informações das agências estaduais


A partir da próxima semana, vários hotéis de Porto de Galinhas já anunciaram que
interromperão temporariamente as atividades. Alguns voltarão ao funcionamento
entre os meses de abril e maio, enquanto outros só na metade do ano.

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Até o momento, os hotéis em Porto de Galinhas estão com ocupação de 5% a 10%.
“A maioria dos hotéis irão encerrar suas atividades neste mês de abril. As datas de
reabertura dos empreendimentos, no momento, são diversas, pois vai depender
muito de como for o desenrolar dos fatos daqui para frente”, afirmaa o o presidente do Porto de Galinhas Convention & Visitors Bureau, Eduardo Tiburtius.

Segundo Tiburtius, os hotéis apenas operam com clientes remanescentes, ou seja, aqueles que já fizeram check-in, mas que estão só aguardando pelos seus voos para retomarem as suas casas. Depois que todos os clientes forem embora, os hotéis permanecerão com
operações finalizadas até que volte o funcionamento normal de todas as atividades
econômicas”, afirmou.

Porto de Galinhas recebe uma média de 100 mil turistas por mês com
permanência média de sete noites. A última pesquisa do Perfil Socioeconômico do
Turista em Porto de Galinhas, realizada pela Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), revelou que um turista possui um gasto médio na faixa de R$ 465 por dia.
Ou seja, se os hotéis ficarem 90 dias parados, não haverá a geração de receita de
R$ 976 milhões por três meses.

Porto de Galinhas. (Foto: arquivo DT)

Prioridades

Para o Trade Turístico, as maiores prioridades do momento são garantir a
segurança e saúde dos turistas e colaborares, no entanto, se os hotéis ficarem
fechados por mais de 3 meses haverá uma crise sem precedentes.

“Atualmente, Porto de Galinhas conta com 16 grandes hotéis, 230 pousadas, mais de 400
bugueiros, quase 360 taxistas, 120 jangadeiros, 1,5 mil vendedores de praia e 120
restaurantes. São cerca de 40 mil famílias que vivem do turismo na região”, afirma Tiburtius.

Rio Grande do Sul: Região das Hortênsias e Porto Alegre

O epicentro da hotelaria gaúcha é sem dúvida a Região das Hortênsias com os municípios de Canela, Gramado, Nova Petrópolis e São Francisco de Paula. Segundo José Justo, diretor de planejamento da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio Grande do Sul (ABIH-RS) a região está às moscas. “Os cerca de 5 mil estabelecimentos criados para atender turistas estão praticamente vazios. Nos últimos dez dias, 90% dos hotéis estão com as portas fechadas. Na capital gaucha, 1 em cada 10 hotéis está aberto e com movimento injustificável”, afirma o executivo.

“No Rio Grande do Sul muitos municípios já foi decretado estado de calamidade pública e a hotelaria fechou por decreto”, afirma o representante da ABIH-RS

.

José Justo, diretor de planejamento da ABIH-RS

Fechamento gradual

Alguns hoteleiros do Rio Grande do Sul transmitem a verdadeira imagem da hotelaria gaúcha: Dentre as administradoras, uma delas encerrou encerrou as atividades apenas nas cidades onde o fechamento ocorreu por decreto, permanecendo com as demais abertas. A mesma administradora informou que deverá parar de administrar de forma permanente, 40% de suas unidades, aquelas que não apresentavam resultados significantes. Duas fecharam espontaneamente todas as suas unidades – e uma destas vai colocar seus hotéis à disposição das autoridades para emergências durante as ações da saúde.

Duas mantiveram operações em 2/3 das unidades, uma encerrou 80% das unidades. Dos hotéis isolados, a maioria fechou apenas por decreto, a hotelaria de cidades de menos movimento de hóspedes, permanece aberta em sua maioria, tentando sobreviver abertos, porém com muito poucos clientes.

Como 92% dos endereços de meios de hospedagem do Rio Grande do Sul são administrados pelos proprietários, estes são menos propensos a serem fechados por causa de sindicatos e pressões sociais.

“Estou aberto mas tenho muito poucos clientes, apenas dois casais e dois vendedores que ficaram presos na cidade”, respondeu um hoteleiro do Norte do estado, que tem um hotel de 78 apartamentos. Em Gramado, onde se encontra a maior concentração hoteleira do
estado, os dois casos de Coronavirus constatados na cidade de 37 mil habitantes, ocorreu em dois hotéis que permaneceram aberto: um empresário espanhol e uma cantora paulista chegaram a cidade e tiveram mudança de padrão de saúde e foram detectados.

“A crise mais latente é a de pessoal, pois, a maioria dos proprietários decidiram colocar seus funcionários em férias coletivas, que poderão ser seguidas de demissão para que o funcionário tenha acesso ao seguro desemprego. Em todas as respostas, os proprietários informaram que garantem expressamente para seus funcionários que eles serão
recontratados após o período critico. Nas respostas das administradoras, houve apenas o afastamento do trabalho e não foram informadas as figuras jurídicas que garantem este afastamento com a preservação dos direitos adquiridos”, diz uma nota da assessoria da ABIH do Rio Grande do Sul.

Wyndham Gramado um dos hotéis afetados pelo coronavirus (créditos: divulgação)

Fôlego de Caixa

Para Jose Ritter, que é presidente da ABIH-RS, a principal indagação dos hoteleiros, tanto independentes como administradores e profissionais do segmento é se os hotéis terão fôlego de caixa para arcar com os compromissos como folha, energia, tributos e fornecedores. “Apenas uma administradora (rede) afirma ter capacidade de sobrevivência financeira acima de dois meses. Dos proprietários, nenhum se declarou com possibilidades de sobreviver se não tiver ajuda do governo”, afirmou Ritter.

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