ICMBio lança Programa Natureza com Pessoas em parceria com Fundo LIRA/IPÊ para fortalecer o turismo comunitário na região amazônica
REDAÇÃO DO DIÁRIO – com agências
Na Amazônia, o turismo vai além do lazer. Ele representa oportunidade de renda, fortalecimento cultural e alternativa sustentável frente às pressões de atividades predatórias. Nas trilhas guiadas por moradores, na hospedagem familiar, na culinária com ingredientes da floresta e nas histórias compartilhadas às margens dos rios, o turismo de base comunitária mostra como a visitação pode manter a floresta em pé e gerar desenvolvimento.
Esse modelo, já apoiado pelo Fundo LIRA/IPÊ – Legado Integrado da Região Amazônica, do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), ganhou novo impulso com a criação do Programa Natureza com Pessoas, lançado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) durante o 9º Salão Nacional do Turismo – Conheça o Brasil, em São Paulo, no último dia 21 de agosto.
A iniciativa integra a Política Nacional de Visitação em Unidades de Conservação Federais e busca tornar a visitação uma ferramenta de conservação e desenvolvimento, com protagonismo das comunidades locais.
Apoio a projetos em quatro estados
Para viabilizar a implementação, o ICMBio assinou protocolos de intenção com parceiros estratégicos. Entre eles, o IPÊ, por meio do Fundo LIRA/IPÊ, que financiará cinco iniciativas de turismo comunitário em Unidades de Conservação nos estados do Maranhão, Acre, Pará e Amazonas.
“O Programa Natureza com Pessoas é um marco porque conecta diretrizes nacionais a práticas comunitárias que já mostram resultados na floresta. Ao apoiar projetos locais, contribuímos para desenvolver economias da floresta com práticas sustentáveis”, afirmou Fabiana Prado, gerente do Fundo LIRA/IPÊ.
O fundo já esteve presente em ações como a implantação da Trilha Chico Mendes (AC), em parceria com a SOS Amazônia; a organização da visitação no Mosaico do Jaú (AM), uma das maiores áreas contínuas de floresta protegida do mundo; e na elaboração de normas que regulam a visitação em áreas de sobreposição entre Unidades de Conservação e Terras Indígenas.
“Esse protocolo é como um guarda-chuva: ele abrange não só as ações que já estão em andamento, mas também cria espaço para que outros projetos do IPÊ ligados à visitação possam se conectar ao programa. Isso amplia a cooperação e fortalece ainda mais o turismo de base comunitária na Amazônia”, destacou Neluce Soares, coordenadora do Fundo LIRA/IPÊ.

Turismo como ferramenta de conservação
No evento em São Paulo, autoridades reforçaram o papel do turismo responsável. Mauro Oliveira Pires, presidente do ICMBio, lembrou que a visitação aproxima pessoas da natureza e atua como barreira contra o desmatamento. Já Rodrigo Agostinho, presidente do IBAMA, anunciou o Caminho da Biodiversidade, iniciativa que direcionará recursos para educação ambiental e observação da vida silvestre.
Para Marcelo Freixo, presidente da Embratur, investir no turismo sustentável é uma escolha política entre floresta preservada ou floresta derrubada. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, ressaltou que “quando você vê algo tão bonito, você quer cuidar daquilo que ama”.
O ministro do Meio Ambiente em exercício, João Paulo Capobianco, reforçou que o programa está alinhado à agenda federal de conservação e bioeconomia. Já o ministro do Turismo, Celso Sabino, resumiu: “Ninguém protege o que não conhece. Quando comunidades percebem que a floresta em pé vale mais que a floresta derrubada, são elas que garantem sua preservação.”
Com o tema “Diversidade, Inclusão e Sustentabilidade no Turismo”, o 9º Salão Nacional do Turismo destacou que o futuro do setor depende de modelos capazes de unir economia, cultura e conservação. A presença do Fundo LIRA/IPÊ como parceiro do ICMBio reforça que a Amazônia é protagonista nesse movimento, onde a visitação não é apenas experiência, mas também estratégia de futuro. Saiba mais no site.