João Pessoa, na Paraíba: cultura, sofisticação e modernidade em um só lugar

Continua depois da publicidade

Voltar à Paraiba, em especial a João Pessoa, e ver o sol nascer primeiro é um presente para qualquer ser humano, turista nacional ou internacional que dá valor ao que é genuíno, original.

Por Paulo Atzingen, de João Pessoa*


E coloque originalidade nisso. Terra privilegiada por sua natureza é também rica por sua natureza artística. Foi daqui que partiram para o estrelato Zé Ramalho, Herbert Vianna, Elba Ramalho, Chico César e tantos outros.

Veja também as mais lidas do DT

Essa força da terra tem ressonância nas atividades ligadas à cultura em geral e o povo paraibano tem orgulho em ser o que é.

Fiquei ancorado no Cabo Branco e ali vi o sol nascer primeiro por volta das cinco da manhã. O dia começa cedo para o pessoense. Mas se o mar e a praia apresentam uma perspectiva de futuro e pós-modernidade, é no miolo da cidade que pude encontrar grandes significados da história paraibana e do ser nordestino.

Prédios em Art Dèco e Augusto dos Anjos

Ruas de paralelepípedos centenários no centro antigo da capital, emoldurados por belos casarios conservados e recuperados pelo IPHAN, me levam a uma praça onde encontro a estátua de Augusto dos Anjos, um dos maiores poetas brasileiros, paraibano, da escola, pré-modernista.

João Pessoa
Ruas de Paralelepípedos me levam a casarios centenários bem conservados (Crédito: DT)
João Pessoa
Uma igreja barroca surge envolta em história (Crédito: DT)
João Pessoa
Prédios em Art Decó abrigam órgãos do governo estadual (Crédito: DT)

Paraíba Palace

Acompanhado do guia Luiz Carlos Pedrosa, consigo fotografar o Paraiba Palace,  o primeiro hotel de João Pessoa.

Luiz me conta que sua história remonta aos anos 1920, um período em que João Pessoa, então ainda conhecida como Parahyba do Norte, começava a se transformar em uma cidade mais moderna, buscando acompanhar as transformações que ocorriam em outras capitais brasileiras.

João Pessoa
Hoje, o Paraíba Palace não funciona mais como hotel, mas sua história permanece viva na memória de João Pessoa (Crédito: DT)

“Inaugurado em 1928, o Paraíba Palace Hotel foi concebido para ser um símbolo de progresso e sofisticação, atendendo tanto às necessidades de uma cidade em crescimento quanto ao desejo de oferecer um espaço de luxo e conforto para viajantes de diversas partes do país e do mundo. Sua construção representou um esforço monumental para a época, com uma arquitetura imponente que mesclava influências neoclássicas e art déco, refletindo o espírito cosmopolita que os empreendedores locais desejavam imprimir à cidade”, contou Luiz.

Hoje, o Paraíba Palace não funciona mais como hotel, mas sua história permanece viva na memória de João Pessoa. Ele é lembrado não apenas como o primeiro grande hotel da cidade, mas também como um símbolo de uma época de ouro da capital paraibana, em que modernidade, sofisticação e cultura se encontravam para moldar o futuro de uma das cidades mais antigas do Brasil.

Pedra do Reino de Suassuna

João Pessoa
Ariano Suassuna, embora nascido em João Pessoa, viveu grande parte de sua vida em Pernambuco, mas sempre manteve uma relação afetiva profunda com sua terra natal (Crédito: Pixabay)

Fiz questão de voltar ao coração da cidade de João Pessoa, a Lagoa, que é rendilhada por palmeiras reais e que por décadas foi o principal cartão postal. Lá o guia Pedrosa me apresenta “A Pedra do Reino“, um monumento imponente que presta homenagem a um dos mais ilustres filhos da Paraíba, o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna. Localizado no Parque Solon de Lucena, o monumento foi inaugurado em 2017 e rapidamente se tornou um símbolo cultural da capital paraibana.

João Pessoa
O monumento “A Pedra do Reino” é composto por uma escultura monumental de aço, que atinge cerca de 12 metros de altura (Crédito: DT)

“A obra foi idealizada pelo artista plástico paraibano Miguel dos Santos, e sua concepção busca capturar a essência do universo literário e místico de Ariano Suassuna, especialmente a partir de sua obra-prima, o romance *”A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”, adianta Luiz. Para recordar, o romance de Ariano Suassuna foi publicado em 1971, e mistura história, folclore e uma linguagem barroca, contando a saga de Dom Pedro Dinis Quaderna, um personagem que representa as contradições e as riquezas culturais do sertão nordestino.

João Pessoa
O Parque Solon de Lucena é um dos principais pontos de convivência da cidade (Crédito: divulgação)

O local onde “A Pedra do Reino” está situado também é significativo. O Parque Solon de Lucena é um dos principais pontos de convivência da cidade, e a presença do monumento ali é uma forma de manter viva a memória de Suassuna e de sua contribuição inestimável para a cultura brasileira.

A escolha de João Pessoa para abrigar esse tributo não poderia ser mais apropriada. Ariano Suassuna, embora nascido em João Pessoa, viveu grande parte de sua vida em Pernambuco, mas sempre manteve uma relação afetiva profunda com sua terra natal.

NEGO

João Pessoa
Luiz Carlos Pedrosa, na Praça dos 3 Poderes, explica o significado da palavra “Nego” (Crédito: DT)

Na Praça dos Três Poderes, Luiz Carlos Dias Pedrosa compartilhou o significado da palavra “NEGO”, presente na bandeira da Paraíba. A palavra remonta ao então presidente da Paraíba, João Pessoa, que em 1930 se recusou a apoiar a candidatura de Júlio Prestes à presidência da República. Esta negação foi um ato de resistência contra a política das oligarquias dominantes da época, conhecida como “política do café com leite”. “A palavra “NEGO” simboliza essa rejeição, enquanto as cores da bandeira – preto e vermelho – representam o luto pelo assassinato de João Pessoa e o sangue derramado durante a Revolução de 1930, que teve início após sua morte. Assim, a bandeira da Paraíba perpetua a memória de um momento crucial na história do Brasil”, relembra o guia.

João Pessoa
Na loja de Alice, em Cabedelo, a camisa simboliza o gesto político de João Pessoa (Crédito: DT)

João Pessoa: A Capital Mais Verde do Brasil

João Pessoa
Parque Zoobotânico: João Pessoa é a segunda capital mais verde do mundo, atrás apenas de Paris (Crédito: Gilberto Firmino – divulgação)

Plano Diretor

A cidade tem um plano diretor – respaldado por uma lei municipal – que proíbe a construção de arranha-céus à beira-mar. Essa medida, que visa preservar a beleza natural e o equilíbrio ambiental da cidade, reflete o compromisso de João Pessoa com a sustentabilidade e o bem-estar de seus moradores.

É evidente que a cidade não deixou de crescer e seus prédios aparecem mais longe da orla atendendo uma indústria imobiliária crescente.

João Pessoa
A cidade tem um plano diretor – respaldado por uma lei municipal – que proíbe a construção de arranha-céus à beira-mar (Crédito: Neto Felk – divulgação)

Preservação Ambiental e qualidade de vida

Essa lei que proíbe a construção de arranha-céus na orla marítima da capital paraibana foi implantada em 1984. Essa regulamentação faz parte de um conjunto de políticas públicas que visam garantir a preservação ambiental e a qualidade de vida na cidade. Graças a essa e outras medidas, João Pessoa é amplamente reconhecida como a capital mais verde do Brasil.

João Pessoa é a segunda capital mais verde do mundo, atrás apenas de Paris. Essa pérola do nordeste tem mais de 7 km² de mata atlântica e cerca de 55 árvores por habitante. Reconhecida pela FAO e pela Fundação Arbor Day como parte do programa Tree Cities of The World, a cidade se destaca globalmente ao lado de Milão, Madri, Nova Iorque e Toronto.

João Pessoa
(Crédito: Dayse Eusébio – divulgação)

“João Pessoa se destaca nacionalmente por suas políticas ambientais bem implantadas. A arborização intensa e a preservação de suas áreas naturais fazem de João Pessoa um exemplo em termos de sustentabilidade urbana”, afirmou ao DIÁRIO o guia de turismo e  Luiz Carlos Pedrosa, que também é turismólogo.

JP a mais buscada no booking.com

João Pessoa aparece como um dos destinos mais procurados por brasileiros no Nordeste para a baixa temporada. De acordo com um levantamento recente da Booking.com, realizado em 20 de agosto de 2024, a capital paraibana é um dos destinos mais buscados para viagens durante o mês de setembro de 2024. A pesquisa revelou que três quartos dos brasileiros (75%) preferem viajar na baixa temporada, aproveitando as vantagens de menos aglomerações e custos mais baixos.

“A diversidade cultural, as belezas naturais e a hospitalidade única da nossa cidade fazem de João Pessoa um destino que encanta em qualquer época. Estamos investindo em estratégias para divulgar ainda mais nossas regiões turísticas”, disse Ferdinando Lucena, presidente da PBTur.

João Pessoa
Ponta do Seixas, em primeiro plano (Crédito: Dayse Euzébio – divulgação)

Visitantes em todos as épocas

Miguel Ângelo, secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico, comenta que manter uma boa demanda de turistas durante todo o ano é fundamental para o desenvolvimento do turismo em qualquer destino. “Para João Pessoa, ter uma alta procura na baixa temporada é um sinal positivo de que estamos conseguindo atrair visitantes em diferentes períodos. Isso ajuda a estabilizar a economia local e a oferecer uma experiência mais tranquila e de qualidade para os turistas. Estamos continuamente trabalhando para melhorar a infraestrutura e os serviços da cidade, garantindo que todos, independentemente da época do ano, possam desfrutar do melhor que João Pessoa tem a oferecer”, ressalta.

Caldo de História e Cultura

Com esse caldo de história, cultura e desenvolvimento despeço-me da capital da Paraíba com um playlist pronto da melhor música popular brasileira citado lá no começo desta reportagem. Um banho do que há de melhor no Brasil.


*O jornalista viajou a João Pessoa com a Azul Linhas Aéreas com Seguro GTA

LEIA TAMBÉM:

Miguel Ângelo Gomes, Secretário de Turismo da Paraíba, fala ao DIÁRIO

Nobile Inn Cabo Branco, em João Pessoa: hotel econômico à beira mar, com estilo e onde o sol nasce primeiro

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade