Andrea Nakane*
Menos de 200 dias nos separam do início da XXXI dos Jogos Olímpicos Modernos, a ser realizado pela primeira vez em uma cidade da América do Sul.
O Rio de Janeiro captou o evento em uma disputa acirrada entre Chicago, Tóquio e Madri no ano de 2009, em Lausanne, Suíça, apresentando um projeto bem detalhado, enfatizando legados para o destino e com um orçamento estratosférico entre as cidades candidatas.
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Porém com a estabilidade econômica vivida pelo país e com um calendário de outros megaeventos que seriam realizados em terras tupiniquins, a vitória, que até então era desacreditada, tornou-se real e alegrou boa parte da população brasileira momentaneamente.
O tempo passou, mudanças ocorreram, a maioria das obras e promessas saíram do papel e os jogos olímpicos logo,logo desembarcarão por aqui.
O tempo passou, mudanças ocorreram, a maioria das obras e promessas saíram do papel e os jogos olímpicos logo,logo desembarcarão por aqui.
A atual fase da nação não poderia ser pior: economia em detrimento pujante, governos sem credibilidade, casos de corrupção revelando-se diariamente, epidemias relacionadas ao Aedes Aedes aegypti, a sífilis aumentando assustadoramente, violência urbana em ápice, atendimento na área da saúde a beira do colapso, entre outras situações caóticas e negativas.
A auto-estima do brasileiro está em frangalhos e por maior que seja a fé e o sincretismo dos cidadãos, as esperanças estão sendo reduzidas a pó. Todavia, apesar de tudo e de todos, não é o momento de depreciar a iniciativa de receber uma olimpíada.
Vamos ter conosco cerca de 206 pátrias, muitas das quais estão plenamente cientes de todo o panorama atual vivido pelo Brasil, assim como também trarão em suas mentes a expectativa de conhecer um povo, que é considerado como um dos mais acolhedores e simpáticos do mundo, se não for legitimamente o número 1.
É hora de sermos verdadeiros anfitriões, exatamente, como fizemos na Copa do MundoTM da FIFA, em 2014.
Não teremos a melhor infraestrutura, nem mobilidade, nem logística, nem tecnologia, mas o que pode fazer a diferença é algo genuíno, que todos nós temos em nosso DNA e que gera um impacto de proporções extraordinárias.
Vamos exigir que os atores públicos realizem de forma abnegada suas atribuições em prover o que for possível. Não há mais tempo para discursos anti-evento.
Não teremos a melhor infraestrutura, nem mobilidade, nem logística, nem tecnologia, mas o que pode fazer a diferença é algo genuíno, que todos nós temos em nosso DNA e que gera um impacto de proporções extraordinárias.
O momento urge a sensibilização de todos para o receber bem, de mostrar toda a festividade de nossa cultura na hospitalidade de outros.
Não será tarefa suave, mas é preciso nosso esforço, para não colaborarmos, ainda mais, no aumento do complexo de vira-latas e muito menos na imagem negativa que estamos projetando perante a aldeia global.
As pessoas que estarão nos visitando não tem culpa nenhuma do imbróglio político e das safadezas marginais de nossos governantes. Não pediram para virem para cá. Nosso país candidatou-se espontaneamente para tal ação.
É preciso, então, honrar os compromissos assumidos. Isso é um valor ético e moral, que certamente, uma parcela expressiva de quase 200 milhões de habitantes, ainda, os tem em seu caráter.
Chega de mimi! Chega de chorôrô! Chega de apontar o dedo e achar que o problema é dos outros!
A causa é nossa!
Vamos cada um fazer a sua parte, sendo o brasileiro que cativa e se solidariza. Vamos resgatar povo que é a própria imagem do Cristo Redentor, símbolo da cidade do RJ, que a todos recebe de braços abertos!
Chega de mimi! Chega de chorôrô! Chega de apontar o dedo e achar que o problema é dos outros!
A causa é nossa!
Deixem para dar uma “banana” a quem merece nas eleições que teremos futuramente. O debate deve e deverá acontecer, depois, assim como todo o efeito de “lavar a roupa suja”.
Vamos mostrar ao mundo que nossa maior riqueza continua intacta e soberana: o povo brasileiro.
Vamos ter determinação, garra e foco para conquistar o pódium da arte de receber. Essa medalha de ouro é nossa e ninguém e nada poderá retirá-la do nosso peito, coração e alma.
Vem Rio 2016!
Você é nosso e com muito orgulho vamos ter acolher de forma memorável!
**Andréa Nakane é carioca, professora universitária e diretora da Mestres da Hospitalidade