Leia último artigo publicado por Paulo Gaudenzi, em jornal de Salvador

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Setor viveu anos de avanço, mas também escorregou na falta de investimentos. Ver o que deu certo é uma boa dica para seguir em frente

por Paulo Gaudenzi (artigo publicado originalmente no Correio 24 horas – Salvador (BA) – edição de 15 de janeiro 2019)

No final dos anos 70, as notícias do turismo como forte vetor de crescimento de emprego e renda já se espalhavam por alguns cantos da Bahia pois, ao assumir os destinos do estado, em 1971, Antonio Carlos Magalhães deu uma clara amostra de que o setor seria fator de desenvolvimento econômico e social local e uma das prioridades do seu governo.

Naquele instante, a Bahiatursa passou a incorporar toda a área promocional e de propaganda turística. A Secretaria de Indústria e Comércio promoveu uma série de transformações administrativas para fomento, planejamento e ordenamento dessa nova e prioritária atividade, até chegar a criação da Secretaria de Cultura e Turismo, em 1995. Entre 1971 e 2006, a atividade turística cresceu, ampliando substancialmente sua rede hoteleira, até chegar a receber, em média, 1% dos investimentos do estado, representando 7% do PIB baiano. Bons tempos para o turismo!

Fazia-se necessário, na década de 1980, um avanço promocional e de propaganda no mercado internacional do setor, com a criação de novas oportunidades de negócios. Iniciaram-se os voos internacionais para o estado, na forma de charters, e de acordo com a política nacional da Embratur, intitulada Portões de Entrada do Nordeste.

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Com ações ousadas, a Bahia passou a ser vista pelo Brasil turístico como uma nova e promissora oferta no mercado externo, que até então se limitava ao Rio de Janeiro. Fomos o primeiro estado a realizar promoções amplas e organizadas do Brasil no mercado americano, como a Semana da Bahia em Nova York (1982 e 1984), também levada para Portugal, em parceria com a TAP, que já promovia a campanha Descubra o Brasil em mercados europeus como Milão, Frankfurt, Paris, Madri e, posteriormente, Bruxelas e Amsterdã.

A Bahia desperta, então, o interesse das companhias aéreas e começa a contar com apoio expressivo da Varig e, mais adiante, na década de 1990, da Vasp. Crescem nossas ações na Argentina, Uruguai e Chile. Chegam os primeiros voos diretos de Buenos Aires a Porto Seguro (1996). Reforçamos o trabalho de captação de voos internacionais; intensificamos as promoções nos mercados externos emissores, ainda em parceria com as companhias aéreas. A Bahia se consolida nos mercados interno e externo de turismo. Viramos o segundo destino nacional para o turismo de lazer.

Em 1991, era chegada a hora de solidificar o turismo como força econômica. Implantamos, então, uma nova política, baseada no Programa de Desenvolvimento do Turismo da Bahia, com obras de infraestrutura nas localidades e áreas de interesse turístico.
O programa investiu em rodovias, saneamento, patrimônio histórico, energia, aeroportos. Atingimos 1,4 bilhão de dólares entre 1991 e 2002. Beneficiamos diretamente as populações que habitavam as áreas turísticas com obras de infraestrutura, que também serviram para os investimentos privados de turismo. Mais empreendimentos chegavam, de empresas nacionais e estrangeiras, na costa da Bahia.

Nesse período, desenvolveu-se o turismo em Ilhéus e, fortemente, em Porto Seguro, a partir da construção de um aeroporto de primeiro nível. Ampliaram-se as ações que consolidaram Itacaré, Morro de São Paulo (aeroporto de Valença), Comandatuba (aeroporto próprio), Litoral Norte – Linha Verde, Praia do Forte, Imbassaí e Costa do Sauipe – e Chapada Diamantina (aeroporto de Lençóis). Chegamos a um bilhão de dólares em investimentos privados nas áreas que iam sendo infraestruturadas. Geramos renda. Criamos empregos. O turismo era uma força econômica real!

Os investimentos governamentais continuaram a crescer até 2006, enquanto mais de 2,5 bilhões de dólares privados foram investidos em projetos em execução e outros tantos a serem executados em áreas já definidas nas regiões turísticas até 2008.
Infelizmente, nos últimos anos, o turismo na Bahia perdeu apoio e políticas públicas. Poucos investimentos, públicos ou privados. Hoje, Salvador sequer possui um Centro de Convenções. Aquele que inauguramos em 1979, como o turismo, foi abandonado e não existe mais. Ruiu!

*Paulo Gaudenzi é economista, empresário, ex-presidente da Bahiatursa e ex-secretário de Cultura e Turismo do Estado da Bahia

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