Lúcia Helena Ferraz é consultora especializada em gestão de pessoas e estratégias de negócios e está realizando uma pesquisa para entender qual a visão dos protagonistas do mercado do turismo ("os players") onde atua o agente de viagens. "Parto do ponto de vista dos elos da cadeia da qual ele faz parte, para então tecer uma conclusão, que será construída e apresentada na palestra "Profissão Agente de Viagens", durante o Congresso Internacional da ABAV, na Vila do Saber, em setembro", adianta a consultora ao DIÁRIO.
Segundo Lúcia, ela está convidando vários players a participar do trabalho. "Cada um tem sua participação específica no mercado de agenciamento, com opiniões e considerações que poderão trazer informações relevantes e transformadoras para o profissional em questão", afirma. O DIÁRIO ouviu a consultora, acompanhe:
DIÁRIO – O que falta na formação dos agentes de viagem? O que o estudante da área deve saber para suprir as necessidades desse mercado no futuro?
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LÚCIA HELENA FERRAZ – As escolas não formam agentes de viagens. Elas não olham para o mercado e a formação é desconectada com a realidade de um profissional da área. Em muitos casos, falta conhecimento básico como o de geografia, por exemplo. Para sua formação, um profissional que pretende seguir a carreira de agente de viagens precisaria receber ensinamentos de tecnologia da área, de geografia nacional e internacional, idiomas, do mercado, de produtos, de destinos, de nichos de mercado, o que é atendimento de qualidade e, principalmente, o que é agregar valor com seu serviço.
DIÁRIO – Quais são as tendências para esse mercado no país? O aumento pelo interesse no Brasil trazido pelos grandes eventos é permanente?
LÚCIA HELENA FERRAZ – O aumento pelo interesse no Brasil não depende do agente, mas da fomentação produzida por ações governamentais. O mercado de agências tem que se preparar para atender a demanda, e atender cada vez melhor, com mais agilidade, qualidade, com ferramentas e recursos apropriados. Falo do Agente e das Agências. É preciso profissionalizar para ir do feeling à razão e manterem-se sustentáveis.
DIÁRIO – Visto que não há exigências formais requeridas para atuar como agente de viagens, o que o futuro profissional precisa para se destacar no mercado?
LÚCIA HELENA FERRAZ – Eles precisam estar à frente do que o mercado requer. Precisam ser mais 'antenados' e aproveitar oportunidades de aprendizado sempre que se apresentem, sejam elas oferecidas pela empresa, pelo fornecedor ou pelo investimento em si mesmo. Eles precisam ser capazes de atender e vender, isto é, saber o que o cliente quer comprar e saber vender para ele. Este é o resumo de tudo = capacitação, que não para nunca. Sempre haverá mais para saber. Na era tecnológica, com a informação na palma das mãos a todo momento, o aprendizado é muito dinâmico e vence um pouquíssimo tempo.
DIÁRIO – Com o aumento da visibilidade do Brasil (Copa do Mundo, Jornada Mundial da Juventude, entre outros eventos de grande porte que tiveram o Brasil como sede) e o crescimento econômico, o trabalho do agente de viagens, a venda de serviços de turismo, torna-se mais fácil?
LÚCIA HELENA FERRAZ – Estes eventos são importantes pela oportunidade de negócios que proporcionam. Se olharmos pelo ponto de vista de um possível aumento de vendas, a resposta é sim, mas acredito que as oportunidades aumentam e a concorrência também. Então a vida não fica mais fácil. Há muito mais trabalho pela frente. Enfrentar a concorrência requer diferenciação, especialização, conhecimento, investimento e preparação.
DIÁRIO – Como será o agente de viagens do futuro?
LÚCIA HELENA FERRAZ – Será o que o futuro demandar, como em qualquer profissão. Por hora, o que imagino é que ele será um Consultor de Viagens com todos os conhecimentos inerentes a esta condição.