Luis Raul Asmet, enólogo, fala dos vinhos das alturas

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Luis Raul Asmet antes de assumir a vinícola Puna trabalhava em Mendoza. Ele está à frente de projetos com vinhos em Salta há 24 anos e desde 2014 na Puna. Auxiliou mais de 10 vinícolas na região a iniciarem e progredirem nos seus negócios. O DT conversou com ele, confira:

O que diferencia a plantação dos vinhos produzidos em Cachi, Salta dos demais?

Luis Raul Asmet: Sempre estamos em busca de região com maior altitude na plantação das uvas, pois temos uma diferença no tipo de vinhos que produzimos nas alturas, isso tem a ver com a fisiologia da planta. Durante o dia a planta tem o processo de fotossíntese, e por estar nas alturas a radiação solar é mais forte, a fotossíntese é mais intensa e isso se traduz no motor que tem a planta (fotossíntese) que vai produzir maior quantidade de compostos que irá se distribuir no vegetal e se concentrar no fruto.

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Os rótulos da vinícola Puna em Cachi, Salta na Argentina. Alguns premiados em concursos internacionais. (Foto: Mary Ellen Aquino).

Além do processo de fotossíntese, há outras manifestações da viticultura nas alturas?

Luis Raul Asmet: O outro processo que ocorre nas 24 horas da planta é a respiração, que não tem influência da luz, mas da temperatura, é um processo inverso, é de consumo, a fotossíntese é um motor que cria. Como a respiração não para entre dia e noite há um determinado consumo do que produz a planta por este processo, ao ter noites mais frias, a temperatura cai, a respiração se atenua mais que nos países baixos ou de menor altitude, vamos ter uma de consumo menor, que no final do ciclo de amadurecimento da uva, vai ser possível obter uma uva com maior concentração, sobretudo de tanino, matéria colorante, ácido e outros componentes aromáticos. Em síntese, o que conseguimos nessa região são uvas mais concentradas em componentes, é como se tivesse um diamante bruto, isso não significa que vai conseguir um vinho espontaneamente, tem que saber trabalhar esta condição de fruta para extrair o melhor proveito possível o vinho que vai obter.

Vinícola Puna, em Salta (Crédito: Mary Ellen Aquino)

Quais os vinhos que a vinícola Puna tem produzido?

Luis Raul Asmet: Aqui temos uma distribuição dos vinhos que fazemos (aponta para as garrafas), vou começar pelos brancos: o Torrontés é uma uva que foi muito difundida no Noroeste Argentino, Salta.  Passa a ser a maior expressão dessa variedade no país. Nós aproveitamos essa variedade para dois tipos de vinhos, um Torrontés seco e outro suave natural, que tem uma espera mais longa para ter mais concentração de açúcar da própria fruta. Também fazemos um Sauvignon Blanc, que vende tudo o que é produzido por sua singularidade. Não tenho ele para venda.

Entre os suaves fazemos também um rosé Malbec, a maceração é curta, pois a cor está na pele da uva, então o contato com a pele é rápido, menos de 24 horas e se fermenta sem a pele, como se fosse um vinho branco. E neste caso também tem o controle do amadurecimento da uva para deixar no teor do álcool e açúcar restante.

E de todas as gamas de vinhos tintos que fazemos, o mais alto é o Gran Reserva, as características do Gran Reserva é que tem que ter passado dois anos em barrica e um tempo de garrafa. Nós fazemos com o Malbec que é a uva emblemática dos vinhos tintos que produzimos e na potencialização do gran final trabalhamos com a prestigiada enóloga espanhola Maria Isabel Mijares, logo nos encontraremos para finalizar o de 2020, que está dois anos na barrica, nós provamos e elegemos as barricas que vamos usar.

Um dos vinhos premiados no VIRTUS INTERNATIONAL AWARD LISBOA 2021 (Crédito: Mary Ellen Aquino – DT)

Serviço:

BODEGA PUNA

Km 6,5 Camino a la Aguada – Cachi, Salta – Argentina – CP 4417. Dirección Comercial
Miguel de Cervantes 2240 – Grand Bourg . Telefone(+54 387) 5685737

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