Durante a WTM Latin America 2024, que aconteceu de 15 a 17 de abril no Expo Center Norte, em São Paulo, o DIÁRIO DO TURISMO conversou com o Secretário Adjunto de Turismo do Maranhão, Ruan Tavares Ribeiro e com o Subsecretário de Estado do Turismo, Luiz Thadeu Nunes e Silva.
REDAÇÃO DO DIÁRIO
Na entrevista, ambos reforçaram a importância da WTM e o seu caráter de vitrine para o Brasil e países vizinhos. “Estamos aqui para mostrar e vender o Maranhão para o mundo”, disseram em entrevista ao editor do DIÁRIO, jornalista Paulo Atzingen.
“Aqui na WTM, fazemos um intenso trabalho de divulgação todo ano. E os frutos já estão começando a aparecer. Contabilizamos a chegada de mais de 800 mil pessoas no ano em nosso Estado. Esse levantamento é baseado na movimentação dos aeroportos, por via terrestre e por nosso porto”, disse Luiz Thadeu ao DT.
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“Viemos mostrar nossas potencialidades e que o turismo doméstico é factível, desde que haja informações e preços menores da passagem aérea”, informou Ruan Tavares à reportagem.
Os representantes do governo do Estado do Maranhão lembraram que, durante muito tempo, acreditou-se na conveniência de brasileiros em se viajar para outros países em busca de sol e praia, em detrimento da região Nordeste. Romper essa crença, para eles, é fortalecer o turismo interno brasileiro. Segue entrevista com os secretários realizada no estande do Maranhão:
DIÁRIO: Uma feira como a WTM é plural e tem um público diversificado, especialmente o corporativo. Qual é a perspectiva dos senhores, como representantes do governo maranhense, em relação a esse evento para o Maranhão?
RUAN TAVARES RIBEIRO: Anualmente, a Secretaria de Turismo do Maranhão tem participado da WTM Latin America. Nós entendemos a importância dela no cenário nacional. Aqui são reunidas grandes operadoras e o Maranhão está nessa vitrine. Apresentamos o que temos de melhor, trazemos o trade turístico do Maranhão com o apoio de outras entidades, como é o caso do SEBRAE Maranhão, nosso parceiro. Aqui fechamos negócios e parcerias, para o Maranhão ficar ainda mais em evidência a esses profissionais do turismo corporativo e também de lazer.
DIÁRIO: O senhor tem os números aproximados do Maranhão em termos de chegada de turistas nacionais e internacionais?
RUAN TAVARES RIBEIRO: Dispomos dos dados de pesquisas desenvolvidas pelo Observatório de Turismo, mantido pela Secretaria de Estado do Turismo do Maranhão. Esses dados estão todos disponíveis no site do Observatório, inclusive com origem desses passageiros. Hoje, temos como fluxo principal o turista do estado de São Paulo, justamente onde acontece a WTM. Depois vem o turista do Rio de Janeiro e o paraense, que também nos visita muito.
No turismo internacional, hoje temos um número considerável de italianos, franceses e portugueses, no que se refere à Europa. Há, também, um número considerável de turistas norte-americanos e argentinos. Consideramos esses os nossos mercados estratégicos. Também participamos, sempre, de feiras em Portugal, para alcançar esse público que já nos visita.
DIÁRIO: Falemos um pouco dos atrativos maranhenses. Eu estive, recentemente, em São Luís e a lá gente percebe a força do Tambor de Crioula, o Reggae, as Festas do Divino e a força cultural da capital. Sabemos que o Maranhão não é só a capital. O que mais se destaca no estado?
LUIZ THADEU NUNES E SILVA: Hoje, o governo do Maranhão tem voltado o olhar justamente para essa diversificação da oferta turística. Temos nove polos turísticos no Maranhão. O Polo São Luís, que contempla outros municípios além da capital. Refiro-me a Alcântara; São José de Ribamar, que é o santo padroeiro do Maranhão; a cidade de Raposa, que é vizinha de São Luís; e o município de Paço de Lumiar.
Além do Polo São Luís, temos outros oito: Serras Guajajara Timbira Kanela – um polo é muito forte nas experiências de turismo de base comunitária, voltado para as comunidades indígenas, principalmente nos municípios de Grajaú e Barra do Corda. Essa região tem um artesanato típico, produzido pelos indígenas. É dela que vem a maranhense Sônia Guajajara, a atual Ministra dos Povos Indígenas.
Nós temos o Polo Floresta dos Guarás, localizado no litoral ocidental do Maranhão e que reúne uma série de municípios com experiências em Comunidades Quilombolas e Turismo de Observação de Aves, os guarás, ave típica do Maranhão. Hoje, o governo do estado vem fazendo investimentos em estradas, para que a gente possa explorar ainda melhor o turismo nessa região.
Temos o Polo Chapada das Mesas, localizado na região sul do Maranhão. São chapadas, cachoeiras e esportes de aventura verticais. Carolina e Riachão são os dois municípios principais e o portão de entrada é a cidade de Imperatriz, com voos interligando as principais cidades do país. O Polo Munim é repleto de águas, repletos de lagoas. Fica próximo ao Polo São Luís, a pouco mais de uma hora de deslocamento.
O Polo Lençóis e Delta reúne o principal atrativo turístico do estado – o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, hoje candidato ao Patrimônio Natural da Humanidade. É o nosso principal cartão postal e tem o tamanho da cidade de São Paulo. Reúne dunas e lagoas incríveis e, com essa chancela, tem tudo para conquistar o Brasil e o mundo.
O último e não menos importante polo turístico que eu preciso mencionar é o Amazônia Maranhense, na divisa com o estado do Pará. O Maranhão é um estado em transição: metade tem características do Nordeste e a outra, do Norte. Amazônia Maranhense reúne as principais características da Amazônia brasileira. Estamos dentro da Amazônia Legal, o nosso governador participa de reuniões constantes sobre esse tema. No Maranhão chove muito e, por isso, difere dos demais estados do Nordeste.
Hoje, o que a gente vem fazendo é a diversificação desta oferta. O governador tem investido para que a gente possa fazer um trabalho formiguinha em todos os polos turísticos do Maranhão, interiorizando o turismo, tirando esse olhar somente no Polo Lençóis e Delta, que está no litoral em que os ventos são favoráveis para a prática do Kitesurf. Consideramos essas experiências de turismo de base comunitária, em comunidades indígenas e quilombolas.
DIÁRIO: Como está a conectividade com as companhias aéreas? Elas se relacionam com o governo? O que o governo faz para trazer novas companhias aéreas para o estado?
RUAN TAVARES RIBEIRO: Este é um árduo trabalho. O governo vem dialogando com todas as companhias aéreas nacionais e, recentemente, nós nos aproximamos de companhias aéreas internacionais, como é o caso da Air France, da TAP e da Copa. Entendemos a importância da Copa com um Hub na região da América Central, conectando com os Estados Unidos. Temos um público norte-americano que vem figurando nas nossas pesquisas. Por conta disso, temos dialogado com a Copa e com a Air France. Cabe lembrar que São Luís foi fundada por franceses.
Sabemos que o Brasil é muito conhecido pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Ceará. Mas a gente vem fazendo esse trabalho de apresentar, para as companhias nacionais e internacionais, peculiaridades de nosso estado. Por exemplo: conhece-se muito Parque Nacional das Lençóis Maranhenses, mas não se sabe que em meio àquelas dunas vivem 6.000 pessoas. Ali há 30 comunidades tradicionais e quando essas companhias aéreas ficam por dentro, como foi o caso da Gol, a parte internacional, ao tomar conhecimento dessas comunidades, reconhece que são experiências fantásticas para argentinos e uruguaios.
Essa interação com a comunidade local, dormir, se alimentar junto com essas comunidades, com o track que dura cinco dias, caminhando em meio às dunas são experiências que, talvez, para um brasileiro não sejam tão interessantes ou relevantes. Mas, para os gringos, podem ser fascinantes. Então, esse trabalho vem sendo feito junto com as companhias aéreas internacionais.
Nosso estado tem, ao lado, o Ceará e o Pará, que já são conectados pela TAP e pela Air France. Eles alegam que traçam, como estratégia, 50 minutos de distância. As parcerias com a Gol e com a Azul são fundamentais para a chegada dos turistas.
Em relação às companhias nacionais, temos o incremento por parte de todas elas, sobretudo no período de alta temporada. Esse ano, o nosso São João que vai durar três meses – maio, junho e julho. As companhias aéreas costumam incrementar, como ocorreu no nosso Carnaval.
Estamos conectados com as principais capitais. Temos voos diretos de São Luís para São Paulo e Rio de Janeiro. E conexão direta com Recife, Salvador, Teresina, Belém, Belo Horizonte e Brasília. Ou seja, estamos conectados com voos praticamente diários para as principais capitais do país. Isso tem feito com que turistas de várias partes do Brasil e do mundo cheguem até nós.
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