Publicado originalmente dia 16 de setembro
por Paulo Atzingen (de Medellin)
Durante a realização da 21ª Assembléia Geral da Organização Mundial do Turismo (OMT), realizada de 12 a 17 de setembro em Medellin (Colômbia), dezenas de representantes de países se encontram e não só apresentam suas teses sob o ponto de vista da realidade de suas nações, mas também recebem dados importantes sobre o turismo global e as tendências da economia do setor. Segundo o diretor executivo da OMT, Márcio Favilla, “uma das vertentes de nosso trabalho é mostrar para os líderes dos países o que o turismo é capaz de fazer”
Favilla foi ouvido pelo DIÁRIO e apresentou suas análises sob o ponto de vista técnico. Acompanhe:
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DIÁRIO – Como o senhor vê esse novo posicionamento de Medellin como cidade potencialmente turística?
MÁRCIO FAVILLA – Há vinte anos atrás Medellin era considerada uma das cidades mais violentas do planeta. Ela conseguiu reduzir seus índices de violência e criminalidade substancialmente. Um fato bastante interessante que se nota aqui em Medellin é que toda a populaçao tem um sentimento de orgulho do que se conseguiu nos últimos anos, fruto não só de medidas e resultados de ações de um governo municipal, mas de uma sequência de administrações que tiveram coerência em um projeto de longo prazo, com apoio do estado de Antioquia e do governo da Colômbia.
Um exemplo que eu posso citar é o teleférico do (morro) do Alemão, no Rio de Janeiro, que foi inspirado no Metro-cable, daqui. Várias outras iniciativas e projetos inspiram outras cidades do Brasil.
O turismo também vem tendo um apelo fundamental; a cidade recebeu um numero substancial de novos hoteis, tem um grande centro de convenções, (o Plaza Mayor), (a cidade) tem trazido grandes eventos, dos mais variados. A cidade, sob o ponto de vista do turismo de lazer e de negócios, evoluiu muito. Definitivamente o turismo aqui pode e deve ser um instrumento de fomento e desenvolvimento social para o restabelecimento da tranquilidade social e da paz.
DIÁRIO – Como o senhor analisa a reinserção da Colômbia no painel turístico global?
MÁRCIO FAVILLA – Tem sido muito bom, não somente para o país, mas para toda a América do Sul. Há vários anos estamos vendo essa trajetória da Colômbia. O próprio presidente do país (Juan Manuel Santos:) apresentou-nos vários dados. A Colômbia investiu muito na infraestrutura aeroportuária. A companhia aérea do país, a Avianca, sob gestão privada cresceu enormemente nos últimos anos; então do ponto de vista do turismo eles colocaram as condições adequadas para o seu crescimento.
O caso do turismo tem mostrado que é beneficiário em uma condição de estabiliade, mas também é um veículo para reforçar e consolidar essa trajetória. Então, voltando ao cerne de sua pergunta, esse retorno efetivo da Colômbia ao cenário do turismo não é bom só para o país, mas para o continente sul-americano como um todo.
DIÁRIO – Um dos temas da 21ª Assembléia geral da OMT, que ocorre aqui em Medellin, é sobre Aviação. A OAC propôs uma discussão mais profunda sobre os direitos dos passageiros?
MÁRCIO FAVILLA – Do ponto de vista global, o que o representante da OAC disse é muito importante pois o órgão, do ponto de vista global das Nações Unidas, tem as normativas de consumo e de proteção aos consumidores, das pessoas que viajam de avião. Estamos trabalhando com eles, pois desenvolvemos um trabalho do qual participa o Ministério de Turismo do Brasil. Estamos organizando uma convenção internacional futuramente para proteção dos consumidores de produtos turísticos e também das empresas em situação de força maior. Por exemplo, com a erupção do vulcão da Islândia anos atrás, são situações de desastres naturais, situações de força maior. Nesses momentos, os turistas ficam em situações delicadas pois não podem agir. No caso do vulcão, os passageiros que foram acolhidos por estes países não têm salvaguarda jurídica – em sua maioria – para ter apoio naquelas circunstâncias, estão, sem proteçao. São muitas as situações que surgem em circunstâncias de força maior e é isso o que estamos trabalhando junto com a OAC.
DIÁRIO – Até que ponto a OMT pode influenciar os governos quanto à importância do Turismo Sustentável?
MÁRCIO FAVILLA – Essa é uma das partes do nosso trabalho. Temos duas vertentes no nosso trabalho da OMT. A primeira é a técnica, que é toda a produçao, baseada na pesquisa, nos indicadores, e nas estatísiticas. A outra vertente é a parte política, que é mostrar para os líderes dos países, para a sociedade dos países, o que o turismo é capaz de fazer. Estamos hoje exatamente falando disso: como que a gente usa os dados, as informações sobre o turismo para gerar uma mensagem que seja política, não apenas para dentro do nosso setor, mas para fora dele, para aqueles que conhecem menos a nossa área. Então, o tema sustentabilidade no desenvolvimento do turismo está no cerne de nosso trabalho e o secretário geral da OMT (Taleb Rifai), nos últimos quatro anos já esteve com 74 chefes de estado de governo para apresentar a carta aberta sobre a importância do turismo sustentável.
*O jornalista Paulo Atzingen, convidado da Procolômbia, viaja Avianca, com seguro GTA