por Paulo Atzingen*
É difícil acreditar que esta cidade, capital de um Estado que tem um nome inspirado do lugar onde os primeiros seguidores de Jesus foram chamados de cristãos – Antioquia – chegou a ter mais de seis mil homicídios, duzentos atentados e mais de cem sequestros em só um ano durante a década de 90.
É difícil também entender a capacidade de reconstrução do orgulho de um povo, de uma história e da auto-estima de um lugar sem ter sentido na própria carne a dor da perda; seja de um filho, de uma esposa, de um amigo ou de uma comunidade inteira.
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O colapso nervoso e a noite de terror que Medellin atravessou no período do cartel de Pablo Escobar já faz parte do passado. No entanto, a lembrança de todo esse trauma não foi varrido para debaixo do tapete, ao contrário, o museu da Memória de Medellin é fratura exposta para quem quer ver.
O poema de Bertold Brechet na entrada do museu oferece uma janela de claridade sobre o tema, obscuro para quem não viveu, distante para quem é jovem, indiferente para quem nunca sentiu dor:
“Não aceitem o habitual como uma coisa natural
pois em tempo de desortem sangrenta
de confusão organizada
de humanidade desumanizada
nada deve parecer natural
Nada deve parecer impossível de mudar”
Este pequeno fragmento poético do poeta alemão é uma espécie de pista para entendermos, com o coração e a mente de brasileiro, o verdadeiro espírito de mudança e esperança latentes na alma de um medellinense.
O Museu Casa da Memória está localizado no Parque Bicentenário.
Museu Casa da Memória – Calle 51 – nº 36-66 – Parque Bicentenário – Tel. (57) (4) 3834001
*O jornalista Paulo Atzingen, convidado da Procolômbia, viaja Avianca, com seguro GTA