Memória do DIÁRIO: avenida São Luis é marco do turismo brasileiro

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Por Jorge Salim*

Nos anos das décadas 70/80, bastava passar nos poucos 500 metros da avenida São Luis, no centro de São Paulo, que você poderia estar a um passo do mundo inteiro. 

Lá se concentravam as lojas das maiores companhias aéreas do Brasil e do mundo. Bastava caminhar por ali e escolher o destino, pagar, embarcar e pronto. Os voos saiam do nosso e tradicional aeroporto de Congonhas, na zona sul; a pista de Guarulhos não estava nem em projeto. Mais tarde, alguns viriam a voar de Viracopos, em Campinas.

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Naquela época podíamos nos servir das saudosas companhias aéreas como Varig, Rio-Sul, Vasp, Cruzeiro do Sul e TransBrasil. Pelas estrangeiras lá estavam com lojas imensas e lado a lado: Air France, Alitalia, LAB (Lloyd Aéreo Boliviano) se não me engano no mesmo local que tinha a loja da Braniff (empresa americana extinta), Aerolíneas Argentinas, TAP, KLM, Lufthansa, LAN Chile e Swiss.

Próximo do cruzamento com a avenida Ipiranga e São Luiz, do lado oposto ao edifício Itália, encontrava-se a loja da British Caledonian, que mais tarde viria a ser a British Airways.

Anúncio da força comercial da Galeria Metrópole (Crédito: divulgação)

Várias empresas 

Por ser a meca das companhias aéreas, as agências de viagem também fincaram suas raízes nas imediações. Desde as poderosas operadoras Stela Barros, Nacional, Dimensão, Monarck, Ati, Panexpress, Casa Faro, etc… como também as locadoras, lojas de Seguro-Viagem e câmbio completavam as opções para os passageiros.


Um grande ponto de convergência foi o moderno edifício, lançado em 1962, a Galeria Metrópole, que tinha como novidade um enorme centro de compras com lojas de todos os tamanhos e restaurantes, além de uma cinema. A galeria era essa referência comercial e de negócios – o que permanece até hoje, embora um pouco combalida, bem ao lado da Praça D. José Gaspar. 

Outro lado

Do outro lado da avenida, o Hotel Eldorado dava um toque de luxo e inacessibilidade aos transeuntes. Hoje está com outra administração e outro nome, creio que chama-se Boulevard e também o edifício garagem Zarvos com muitas lojas, lanchonetes, cafeterias e livraria, completava o quadrado mágico da meca do trade turístico da região.

Esse núcleo de não mais de mil metros de raio, fazia São Paulo exalar um cheiro europeu nas imediações. Hoje, por causa da degradação do centro, cruzamos com mais gente marginalizada nas cercanias da praça e a decadência do local, com poucas lojas e restaurantes de self-service.

Saudosismo

Fico saudosista ao saber que vivi uma época de ouro, de charme, quando São Paulo era a meca de grandes empresas aéreas brasileiras, onde a concorrência era sadia, onde as pessoas se vestiam de forma elegante, respeitavam umas as outras, (sim, até a década de 70 erguia-se o chapéu para cumprimentar as pessoas). Esse quadrilátero perambulavam pessoas vestidas com sobretudo, guarda-chuvas empunhadas como bengalas e sapatos de cromo alemão legítimo, devidamente lustrados pelas engraxates, estes últimos ainda sobreviveram por lá.

Boulevard São Luis Hotel (Crédito: divulgação)


Feliz por ter essas lembranças e imaginar como seria a repercussão nas redes sociais atualmente, aquela vinheta da propaganda de rádio, que dizia: “Voe pela Cruzeiro do Sul. Estamos na Avenida São Luis em frente a Varig, Varig, Varig”. 

Até a próxima, amigos.

*Jorge Salim é cronista e publicitário

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