Meu olhar… “Em busca da realidade mágica”

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POR NARA REGINA SPADA

15 ANOS DIÁRIOS – 15 de novembro de 2018


 

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Gosto do que me causa provocação.  Embora muitos me vejam como uma pessoa que, às vezes, opta mais pelos caminhos conhecidos, não somente por segurança ou conforto, mas experiência de quem já observou e viveu um bocadinho. Mas isto não é de todo verdade.

Ao concluir a leitura de um livro “mágico” pude constatar, uma vez mais, o meu lado obscuro a algumas pessoas.  O autor tem uma característica nata, usa uma engenharia que transporta o leitor para aquele momento, a situação em si. Incrível é a destreza que ele utiliza para saltar de um destino para outro, sem que haja uma interrupção, e instiga você a querer ler mais uma de suas buscas recheadas de essência, bom humor e inteligência.

Em busca da realidade mágica é uma obra do escritor, jornalista, articulista, cronista e poeta Paulo Atzingen; um aguçador do apetite literário. Nada me causa mais desânimo que uma leitura enfadonha.  A máxima que não se deve julgar um livro pela capa é verdadeira.  No meu caso, já vou logo descartando pela “orelha”. Tem que me fisgar no princípio, encorajar a curiosidade, causar encantamento na introdução do assunto com uma apresentação qualificada, ser prefaciado com autoridade e, o principal, demonstrar afinidade com as palavras. Fui fisgada!

Conhecer o Brasil e o mundo parece uma tarefa simples, dispondo de tempo e recurso.  Mas, viajar levando muito de si e extraindo o máximo de um lugar deve ser o objetivo do viajante. É nesta simbiose que o lugar visitado ganha dimensão, se agiganta. Não é, decididamente, uma questão de se contentar com uma olhadinha rápida, ou fazer uma selfie com cara de felicidade. É fazer parte da atmosfera, metamorfosear-se.  É tornar cada busca real, contextualizando a história, de tal maneira que ao deixar o destino possa levar consigo a memória, fruto desta vivência desejada.

Nesta obra, o autor mescla sensações e aventuras, um olhar único sobre cada lugar, descrevendo tudo com uma riqueza de detalhes muito peculiar que impressiona. Com afirmações contundentes, a exemplo de: “Somos contemporâneos de um pesadelo – ou de um esboço de nação. Foi dado espaço demais a homens de menos”, dá a dimensão de um Brasil deteriorado, acometido por desencanto. Mas inconformado, e apaixonado, revela também um país indiscutivelmente encantador por sua gente, e isto fica explícito na descrição do seu “brasiliense original”. Tendo morado na capital federal, posso afirmar que nunca havia lido retrato tão fiel, escrito de forma doce, porém com precisão cirúrgica na dose das palavras.

O que torna uma leitura prazerosa é o quanto de emoção ela pode te proporcionar. Minha intenção não será detalhar aqui cada uma das buscas mágicas, afinal perderia o meu objetivo que é instigar a sua curiosidade; mas confidenciar que me emocionei, gargalhei, me peguei esboçando sorrisos insistentes, refletindo sobre “conteúdo e utilidade” – sobre ter um olhar especial, “coisa comum naqueles que buscam”, de entender que as coisas precisam circular no cérebro e chegar ao coração.

Entendi que cada um de nós pode protagonizar as suas buscas, e que elas poderão estar muito próximas ou além-mar, não importa. Que cada destino/ou busca é uma forma de autoconhecimento, uma oportunidade ímpar de crescimento e de reflexão, mas especialmente de entrega ao lúdico e inusitado mundo das possibilidades.

Em busca da realidade mágica é um convite ao deleite das palavras, da poesia inebriante, da magia que deve permear o nosso imaginário, um livro de cabeceira aos apaixonados por viagem, aos estudiosos, aos ávidos por leitura de qualidade e que têm gosto em “ouvir o coração pulsar”, afeitos a ensinamentos.  Será possível, por exemplo, entender que não estamos sabendo capturar o real valor dos lugares visitados, que andamos dispersos demais, atabalhoados com a vida e a história escapando entre os dedos… Tudo parece se resumir ao tempo de uma curtida.

Entre profecias e o olhar aguçado para o lado positivo do cidadão brasileiro, que sobrevive com uma alegria e criatividade contagiantes, a obra vai se desenrolando num garimpo fantástico das coisas boas, do que nos toca a alma, nos faz viajantes de nós mesmos, buscadores da realidade mágica. Tanto melhor quando existe a possibilidade de aprender com que quem já fez o caminho… A impressão que fica é que por trás de cada busca tem muito mais, muito para descobrir, observar, e sentir.  Com o olhar de cada um.  Descobri que o poeta se incorporou ao escritor, cada frase foi cuidadosamente construída para proporcionar deleitamento, que ao juntar as páginas, compôs a viagem.


Por Nara Regina Spada (Curitiba, 15 de novembro de 2018 – 18:59);  Economista e Co fundadora da Gestour Brasil, poeta nas horas vagas

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