Meu Rio de Janeiro faz 450 anos

Continua depois da publicidade

Sou um eterno apaixonado pela cidade maravilhosa. Conheço mais de 170 países mas minha paixão é imensurável. Aqui nasci, aqui vivo e os anos que fiquei fora, por conta do exílio de meus pais foram penosos. Acordo todos os dias com uma felicidade que a cidade me traz, não só de suas belezas, mas de seu povo trabalhador, hospitaleiro, praieiro, que gosta de samba, de feijoada, de futebol, que se reinventa diariamente, mas que sabe protestar nas ruas e que não esquece que a vida é uma eterna luta.

Meu Rio foi crescendo, ganhando novas atrações, como a cidade do samba, a cidade da musica, as escadas no Corcovado, o Mar, os inúmeros centros culturais, as academias nas praias e nas praças, os postos de informações turísticas, o brt e também sofrendo com um calor descomunal, que atinge uma sensação térmica de 50 graus. E um crescimento desordenado e cheio de contradições acarretadas pelas desigualdades estampadas nos rostos dos que sofrem, que ganham salários irrisórios, que moram em comunidades pseudo pacificadas, onde o medo de voltar para casa ainda está presente. Sim, a cidade, apesar de sua alegria latente, sofre.

O sofrimento começa com um transporte publico precário, sem ar condicionado e com engarrafamentos enormes, notadamente na zona oeste. Com as balas perdidas que matam inocentes, crianças e nos afastam de uma vida normal. Sofro muito com tais fatos, com o despreparo das forças de segurança, com o ensino sem rumo, com as faculdades de turismo com cada vez menos alunos. E uma saúde deficiente com funcionários faltosos e falta de infraestrutura. Sim, quase meio século de uma luta constante e com poucos resultados mas que devagar vão saindo do papel, o que me ajuda na minha paixão, que não é surda mas que ouve gritos de felicidades e de pedidos de ajuda.

Veja também as mais lidas do DT

Meu Rio, enquanto eu viver e tiver forças, vou lhe idolatrar, esquecer os discursos nas eleições que prometem e não cumprem, os planos mirabolantes de turismo e os conselhos que só servem para acomodar associações de classe, muitas vezes sem voz e o descaso com o turismo e a cultura. Até museus deixam de funcionar, por falta de recursos, no país que quer ter como meta a educação.

Quero, sinceramente, que a partir de seus 450 anos, você possa devagar encontrar soluções sustentáveis para a contradição social que diariamente aumenta, que controle melhor os preços surreais que afugentam turistas e que entenda que a corrupção precisa ser banida, de uma vez por todas, para que festeje seu aniversário em paz. Rio, cidade maravilha, de contradições e de amores impossíveis, mas que há de encontrar caminhos possíveis de sobrevivência.

*Bayard Do Coutto Boiteux é professor, pesquisador, escritor, diretor executivo da Associação dos embaixadores de turismo do Rio e presidente do Site Consultoria em Turismo. (www.bayardboiteux.com.br)

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade