Miguel Ângelo Gomes, Secretário de Turismo da Paraíba, fala ao DIÁRIO

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  • A Paraíba tem se destacado como um dos destinos turísticos mais promissores do Brasil, combinando beleza natural com um desenvolvimento sustentável. Miguel Ângelo Gomes, Secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico da Paraíba, em uma conversa exclusiva com Paulo Atzingen, fundador do DIÁRIO DO TURISMO, compartilha suas perspectivas sobre os projetos inovadores e os desafios enfrentados pelo estado para se tornar um exemplo de turismo responsável e de alta qualidade.

Nesta entrevista, Gomes discute a importância de preservar o meio ambiente enquanto promove o crescimento econômico, destacando iniciativas que colocam a Paraíba no mapa do turismo nacional e internacional. Confira:


DIÁRIO: Miguel, fale aos leitores do DIÁRIO qual o andamento do projeto Polo Cabo Branco.

Miguel Ângelo Gomes – Atualmente o Governo do Estado está construindo o Boulevard dos Ipês – a grande e principal avenida do Polo Turístico Cabo Branco, que ligará o Centro de Convenções até próximo ao mar.  O presidente da Companhia Paraibana de Desenvolvimento (CINEP), Rômulo Polari, comanda os trabalhos.

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O Boulevard dos Ipês, que é uma obra de mais de 100 milhões de reais investidos é uma obra ligada ao Polo Cabo Branco, que é um sonho de todos nós paraibanos que trabalham com turismo há mais de 35 anos. O governador João Azevedo fez um trabalho junto com a nossa secretaria através da CINEP (Companhia de Desenvolvimento da Paraíba), para destravar esse processo. A procuradoria também teve um papel fundamental para que esses terrenos fossem adquiridos e renegociados com grupos que efetivamente pudessem garantir a construção de vários hotéis. Logo, hoje a gente tem no Polo Cabo Branco aproximadamente cinco Resorts. Pra você ter uma ideia, do (hotel) Tauá são 1030 apartamentos. Na média, um hotel na Paraíba tem 50 apartamentos. Isso significa que um hotel (como esse do Tauá) representa praticamente outros 10 ao mesmo tempo.

A gente acredita que num curto espaço de tempo… um ano, um ano e meio, nós já tenhamos pelo menos 10 resorts confirmados para uma área que até bem pouco tempo era um sonho. O Boulevard dos Ipês é um grande espaço para corrida, para pedal, para caminhada, mas também para o fluxo lento de veículos, que vai da Torre do Centro de Convenções até o Mirante. E aí, você vai ter vários restaurantes, pequenos locais de gastronomia, artesanato, produção associada ao turismo. Tudo isso cortando uma área entre os resorts e as de preservação ambiental.

Miguel Gomes
O Secretário Miguel Gomes, durante a entrevista ao DIÁRIO (Crédito: DT)

DIÁRIO – Fale sobre esse dilema prédios x natureza…

Miguel Ângelo Gomes –  Sempre tivemos uma sensibilidade com relação ao meio ambiente, sentimento esse que que vai completamente no sentido contrário do que aconteceu no desenvolvimento da hotelaria em vários estados do Nordeste. Por exemplo, o que aconteceu em João Pessoa por muitos anos foi caracterizado como algo negativo, que é a não construção de arranha-céus na faixa litorânea. Por muito tempo o paraibano foi considerado um povo pouco desenvolvido em relação aos outros estados do Nordeste porque nunca retrocedemos, nunca abrimos mão da preocupação com o meio ambiente.

A gente não desenvolveu de maneira desenfreada. Nós temos uma preocupação com a preservação do meio ambiente.

A gente não desenvolveu de maneira desenfreada. Nós temos uma preocupação com a preservação do meio ambiente. Por exemplo, em um dos equipamentos que será construído no Polo Cabo Branco, as árvores serão transplantadas de um local para outro, não simplesmente excluídas ou jogadas fora. Se o arquiteto efetivamente entendeu o que aquela árvore era, uma árvore de interesse, que não poderia ser transplantada, o próprio hotel vai se adequar a ela. Eles farão adequações e replantio, então vai ser uma grande floresta depois da obra e você ficará na dúvida se está dentro da Mata Atlântica ou se está dentro de um hotel.

DIÁRIO – João Pessoa sempre foi classificada como a capital mais verde do Brasil. Continua com esse nome, com essa distinção?

Miguel Ângelo Gomes – Ha cerca de 10 anos atrás saiu uma história de que João Pessoa tinha perdido a primeira colocação para Paris, e até onde me consta não existe Mata Atlântica dentro de Paris. Não existe floresta dentro de Paris. Paris é maravilhosa, mas todo mundo sabe que João Pessoa é muito, muito mais bonita. João Pessoa é, sem sombra de dúvidas, a capital mais verde do Brasil. Não só pela cabeça verde das pessoas (a consciência ambiental da população daqui), mas também pelas áreas preservadas que a cidade tem. É curioso, a palavra “Paraíba” tem uma semelhança muito grande com a palavra “Paraiso”. E, de maneira contrária, Paraíba significa em Tupi-Guarani “Rio Ruim”. Mas não é porque o rio da Paraíba seja um rio ruim ou perigoso, e sim porque tínhamos aqui tribos que habitavam a Paraíba e havia uma dificuldade muito grande para dominar essa área entrando pelo mar, tanto que a Paraíba, sob o ponto de vista da ocupação portuguesa, aconteceu 50 anos depois, pela dificuldade de acesso, já que historicamente João Pessoa nasceu do interior para a direção do litoral.

DIÁRIO – Vocês têm um slogan receptivo  muito atraente: “A Paraíba agradece a sua presença”, qual foi a formatação, como é que vocês montaram esse tipo de comunicação sensível com o público?

Miguel Ângelo Gomes – Tivemos que fazer um rebranding do destino Paraíba sob diversos aspectos. O trabalho começou com a minha colega secretária Rosália Lucas e conduzido pelo presidente da PBTUR, Ferdinando Lucena. Com relação à tua pergunta, a Paraíba é um lugar onde as pessoas vêm pra estar presentes. A gente vive em tempos onde as pessoas estão fisicamente nos lugares, mas psicologicamente ausentes por conta dos celulares, computadores e etc. A Paraíba é um lugar para você estar espiritualmente presente. Quando nós damos um presente, um brinde para alguém, nós estamos dando a nossa presença para que se sintam presentes na Paraíba todas às vezes que olhar pra aquele objeto. A gente tem brincado um pouco com a ideia de que, hoje no mundo do marketing se fala muito na expressão “expectativa/realidade”. E hoje a nossa campanha é a Paraíba, onde a realidade supera a expectativa. Temos buscado significar isso, porque ao longo dos anos a Paraíba era uma palavra que estava ligada a muita coisa depreciativa. Transformaram um nome próprio em um adjetivo. Então, a gente tem buscado ressignificar isso para dizer que a Paraíba é muito mais, e concretizar isso com ações práticas, mostrando que a Paraíba tem mar, tem serra, tem cariri, tem sertão, tem ambientes próximos do litoral com uma praia fabulosa. Também tem opções de turismo de aventura, turismo de isolamento, nosso turismo rural que é muito forte. Então, esse é um mix dos produtos que mostra que a Paraíba é muito maior e que valoriza e honra a presença de seus visitantes.

A Paraíba é um lugar para você estar espiritualmente presente. Quando nós damos um presente, um brinde para alguém, nós estamos dando a nossa presença para que se sintam presentes na Paraíba

Miguel Angelo
A Paraíba agradece a sua presença (DT)

DIÁRIO – Sabemos que o segundo semestre é sempre mais aquecido. O que a Paraíba promete?

Miguel Ângelo Gomes – Temos um cronograma de ações promocionais, temos projetado algumas ações que provavelmente vão sair um pouco da caixa, do tradicional. Investimentos B2C e também no B2B. Temos também, no segundo semestre por exemplo, uma série de reportagens que vai sair no mercado europeu. A Paraíba tem investido com recursos próprios, até o mês de julho, mais de R$ 2 bi. A Paraíba tem vivido os seus melhores momentos no turismo, e também em outras áreas. É hoje o terceiro estado do Brasil em termos de investimentos no turismo, insuperável. Como eu falei, é um estado que ainda assim investe, e a expectativa é de muito mais investimentos nos próximos dois anos, já que o turismo está na ponta dessa lança. Temos um governador que é engenheiro, temos investimentos como a ponte do Polo Cabo Branco, que terá as obras iniciadas provavelmente ainda esse ano e que vai ligar o litoral norte de João Pessoa ao município de Lucena. Temos investimentos no Centro de Convenção de Campina Grande, que deve ficar pronto ainda no segundo semestre. Estamos trabalhando pra colocar o calendário de eventos já à disposição no mercado privado o quanto antes possível, além dos investimentos que o governo do estado tem feito em renúncia fiscal. Hoje nós temos uma política fiscal muito agressiva para a captação e atração de investimentos a partir das companhias aéreas. Hoje por exemplo, a gente tem em Campina Grande 20 operações diárias. Temos trabalhado todo esse tempo para mostrar às companhias aéreas que é viável o destino de Campina Grande investindo no aeroporto de João Pessoa. E esse investimento, essa contrapartida por parte das companhias aéreas tem acontecido.

E nós fazemos a nossa parte como governo de Estado, cumprindo o nosso papel de auxiliar os destinos, seja na promoção, seja na estruturação, seja na qualificação.

*O jornalista Paulo Atzingen viajou pela Azul Linhas Aéreas

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