Missão Oficial do RS aos Países Baixos: cooperação para a Gestão da Água e Resiliência Climática

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Missão Oficial do RS
A missão foi organizada pelo NBSO Porto Alegre*, com apoio da Embaixada do Brasil nos Países Baixos, reunindo lideranças estaduais e municipais, incluindo o governador Eduardo Leite, o prefeito Sebastião Melo e o deputado federal Marcel van Hattem (Crédito: Maurício Tonetto / Secom - Governo do Rio Grande do Sul)

Missão Oficial do RS: entre os dias 21 e 27 de fevereiro de 2025, uma comitiva do Governo do Rio Grande do Sul esteve nos Países Baixos para uma intensa agenda de visitas técnicas e reuniões estratégicas focadas na gestão da água, resiliência climática e inovação urbana.

Por Waleska Schumacher, Haia – Países Baixos*

A missão foi organizada pelo NBSO Porto Alegre*, com apoio da Embaixada do Brasil nos Países Baixos, reunindo lideranças estaduais e municipais, incluindo o governador Eduardo Leite, o prefeito Sebastião Melo e o deputado federal Marcel van Hattem, além de especialistas de órgãos como o DMAE**.

Mais do que uma visita técnica, essa missão representou um passo concreto para fortalecer a cooperação internacional, trazendo referências diretas para o Plano Rio Grande, iniciativa que busca reconstruir e tornar o estado mais preparado para eventos climáticos extremos.

O governador Eduardo Leite, que liderou a delegação, destacou:

“A experiência da missão foi muito positiva. O Room for the River foi o que mais me chamou a atenção ao longo dos dias. Vimos uma abordagem que, em vez de confrontar a água, cria espaços controlados para os rios se expandirem durante as cheias. É uma solução que, numa primeira observação, faz sentido para nossa realidade no Rio Grande do Sul.”

“Claro que precisamos considerar as diferenças. Os holandeses investiram bilhões em seus sistemas de proteção. O Delta Works levou mais de 40 anos para ser concluído. São obras de gerações, financiadas por um compromisso de Estado que atravessa governos.”

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Visita às comportas Maeslantkering, sistema de proteção contra inundações (Crédito: Maurício Tonetto / Secom – Governo do Rio Grande do Sul)

Room for the River: Um Novo Olhar para a Gestão das Águas

As visitas a Veessen-Wapenveld em Nijmegen mostraram que a estratégia do Room for the River pode ter aplicabilidade no Rio Grande do Sul, adaptada à nossa realidade. Mas também ficou claro que grandes projetos exigem investimentos contínuos, planejamento de longo prazo e governança integrada.

Essa abordagem inovadora permitiu que os holandeses evitassem enxurradas catastróficas, garantindo que a água fosse redirecionada de forma controlada, em vez de represada rigidamente. No Brasil, onde as enchentes têm se tornado mais frequentes e devastadoras, esse modelo pode ser um caminho viável para minimizar impactos e melhorar a segurança das cidades.

O governador reforçou a urgência de agir, mas com responsabilidade:

“No Plano Rio Grande, estamos incorporando esses aprendizados. Algumas soluções podem ser implementadas rapidamente, enquanto outras exigirão mais tempo e recursos. O importante é seguirmos com determinação, sem perder o foco no objetivo final.”

Além disso, foi debatida a importância de considerar questões ambientais e sociais. Os holandeses demonstraram que um planejamento bem executado não apenas mitiga riscos, mas também valoriza espaços urbanos e melhora a qualidade de vida da população.

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Bruno Vanussi (DMAE), Governador Eduardo Leite, Prefeito Sebastiao Melo, Embaixador Fernando Simas Magalhaes, Diplomata Felipe Ferreira Marques (Crédito: Maurício Tonetto / Secom – Governo do Rio Grande do Sul)

Governança e Integração: Lições para o RS

O prefeito Sebastião Melo destacou que a recuperação do estado e da capital precisa ser um esforço conjunto entre os três níveis de governo. Durante a missão, percebeu que os holandeses não apenas compartilham suas experiências, mas também querem aprender com os desafios brasileiros. Além disso, ficou evidente que a integração entre órgãos governamentais, universidades e setor privado resulta em projetos mais eficientes e duradouros.

Outro ponto essencial observado foi a governança participativa. Na Holanda, a gestão hídrica envolve comunidades locais na tomada de decisões, garantindo que as soluções sejam realistas e sustentáveis. Esse modelo pode ser inspirador para o Rio Grande do Sul, onde muitas áreas vulneráveis enfrentam desafios históricos relacionados à ocupação irregular e à falta de infraestrutura adequada.

O governador Eduardo Leite reforçou a necessidade de coordenação:

“Não podemos nos dar ao luxo de errar neste momento. Cada decisão tomada agora vai impactar a vida dos gaúchos por décadas. Por isso, fomos buscar conhecimento com quem tem experiência comprovada, para adaptar à nossa realidade o que funciona.”

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Prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo e o Governador Eduardo Leite (Crédito: Maurício Tonetto / Secom – Governo do Rio Grande do Sul)

A Importante Atuação da Embaixada do Brasil

A Embaixada do Brasil nos Países Baixos teve um papel essencial na missão, tanto no apoio institucional quanto na construção de uma agenda produtiva e estratégica.

O Embaixador Fernando Simas Magalhães, anfitrião da delegação em Haia, reforçou a importância desse trabalho conjunto:

“Brasil e Países Baixos têm uma longa história de cooperação, e esta missão reforça o compromisso mútuo em enfrentar desafios comuns. Trabalhamos para facilitar encontros estratégicos, possibilitando a troca de experiências em gestão hídrica e planejamento urbano resiliente.”

Além de viabilizar reuniões técnicas de alto nível, a Embaixada também aproveitou a ocasião para promover o vinho gaúcho, destacando-o como símbolo da recuperação comercial do estado e de sua riqueza cultural. Durante a recepção oficial na Embaixada, a delegação brasileira pôde apreciar a qualidade e tradição do vinho do Rio Grande do Sul em terras holandesas, reforçando seu potencial para o mercado europeu.

O diplomata Felipe Ferreira Marques, que acompanhou de perto a missão, destacou:

“Mais do que um exercício diplomático, essa missão foi uma demonstração concreta de que o apoio internacional, aliado a esforços internos, pode acelerar a recuperação do Rio Grande do Sul e prepará-lo para um futuro mais resiliente e sustentável.”

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Visita às comportas Maeslantkering, sistema de proteção contra inundações (Crédito: Maurício Tonetto / Secom – Governo do Rio Grande do Sul)

O Papel do NBSO Porto Alegre na Missão

O Netherlands Business Support Office (NBSO) Porto Alegre foi essencial na articulação da missão, garantindo uma conexão eficiente entre os especialistas neerlandeses e a delegação gaúcha.

O diretor da NBSO, Caspar van Rijnbach, destacou:

“Mais do que uma missão técnica, esta foi uma oportunidade de criar conexões duradouras entre especialistas, governos e empresas. Os desafios climáticos exigem soluções baseadas na experiência e na inovação, e estamos aqui para fortalecer essa troca de conhecimento.” 

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Governador Eduardo Leite apresentando o Plano Rio Grande para os Paises Baixos (Crédito: Maurício Tonetto / Secom – Governo do Rio Grande do Sul)

Missão Oficial do RS: Ações Concretas

A Missão Oficial do Rio Grande do Sul aos Países Baixos foi um passo importante para fortalecer a gestão das águas, a resiliência climática e o desenvolvimento sustentável no estado. A troca de conhecimentos com os holandeses demonstrou que soluções inovadoras e planejamento de longo prazo são essenciais para mitigar os impactos das enchentes e criar cidades mais seguras. Além disso, a missão consolidou novas parcerias institucionais e comerciais, reforçando que o futuro do Rio Grande do Sul depende de cooperação, investimento e visão estratégica. Agora, cabe a todos os envolvidos transformar esses aprendizados em ações concretas para um estado mais forte e preparado para os desafios do clima.

RS deve evitar mais uma catástrofe

No dia 02 de maio de 2024, publiquei um post no Instagram fazendo um apelo ao Governador do Estado para que viesse conhecer de perto o sistema de administração das águas na Holanda. Sempre me impressionei e respeitei a forma como os holandeses lidam com a água, transformando desafios em soluções sustentáveis e inovadoras.

Naquele momento, muitos me criticaram e outros entenderam minha visão de futuro. Certamente, meu sonho não foi o motor principal para que este encontro acontecesse, mas dentro do que pude, fiz o que estava ao meu alcance. Como meu pai me disse uma vez:

“Tu jogaste ao universo, e agora ele está acontecendo.”

Ver o meu Brasil e o meu estado, o RS, avançarem e o bem-estar de todos os brasileiros que sofrem com as catástrofes é um dos maiores sonhos que tenho. E sei que esse sonho não é só meu.

Agradeço ao NBSO Porto Alegre, à Embaixada do Brasil nos Países Baixos, ao Governo Holandês e a toda a comitiva do RS que esteve presente nesta missão. Vocês tornaram realidade aquilo que um dia eu apenas sonhei.

*Waleska Schumacher é editora de enologia e integra a FIJEV – Federation of Wine and Spirit Journalist and Writers – Seu site é www.waleskashumacher.com/

 

 

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