por Bayard Boiteux*
O confinamento tem nos mostrado que regras muito fixas, modelos genéricos não parecem ser a resposta para a estruturação do turismo municipal. É preciso uma nova forma integrada de viabilizar nossa atividade, na sua principal célula que é o município. Penso aqui na formulação do plano municipal de turismo. Ele é o instrumento institucional baseado nas vocações e acoplado a um plano de ação viável, unindo toda a cadeia produtiva desde o artesão, ao pequeno comerciante, aos atrativos naturais e culturais quando existentes, aos meios de hospedagem, gastronomia e empresas organizadoras de eventos, guias de turismo, para citar alguns exemplos.
O plano será o primeiro passo amplamente discutido e que criará um exército de interessados em viabilizar o turismo, se forem ouvidos e suas demandas tratadas. Não somos nada sozinhos, nossa força individual se torna muito maior se estiver presente num trabalho em grupo com uma administração participativa. É tempo de ouvir e de encontrar novos talentos escondidos que podem trazer insumos vitais.
É o momento de juntar anseios da juventude com a experiência dos mais experimentados e criar uma força nova vinda da solidariedade e de gestão participativa onde em vez de se delegar vai se administrar em conjunto com amor e entendimento da diversidade dos diversos colaboradores. É tempo de rever valores enraizados de pura hierarquia funcional – com tanta pressão que as pessoas ficam doentes e trabalham para sobreviver e não por prazer .
Os municípios precisam aproveitar o atual momento para uma reflexão sobre o futuro do turismo e buscar caminhos integrados, inclusive por região para reduzir custos e viabilizar ações. Dentro dos Estados, devem ser considerados não concorrentes mas complementares. Tudo isso não pode ficar em documentos e estudos mas tem que ser colocado em prática numa visão de curto e médio prazo para que o Trade Turístico sinta respostas para seu trabalho. Não há muita coisa para se descobrir, os estudos já estão prontos em várias esferas e em entidades como o Sebrae, o Senac, o mundo acadêmico, as entidades de classe, para de uma vez por todas sair para o abraço e não ficar em planejamento contínuo.
Conselhos municipais de turismo com autonomia e voz ativa serão instrumentos de integração de toda a cadeia num clamor único de colocar em prática o plano municipal de turismo, sem ideias extraterrestres mas dentro do orçamento disponível, com o entendimento da relevância do turismo para a economia local.
São algumas considerações para reflexão e que daqui nasçam mais ideias e criem um brainstorming local .
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Bayard Do Coutto Boiteux é professor, escritor, pesquisador, trabalha voluntariamente no Instituto Preservale e na Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ .