Montanhas Capixabas: visitantes se encantam com agroturismo e sustentabilidade nas pequenas fazendas

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Série do DIÁRIO mostra como pequenas propriedades das Montanhas Capixabas contribuem com economia do estado e projetam o ES internacionalmente

Por Bruno Almeida (especial para o DT)*


Saber o que a gente está colocando na própria mesa. É esta a principal ideia de uma das principais modalidades turísticas nas Montanhas Capixabas, o agroturismo. Uma das principais marcas da região é a relação familiar que moradores têm com suas fazendas — e a maneira como fazem viajantes conhecer a fundo a forma sustentável como sua produção é realizada.

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Nesta reportagem da série do DIÁRIO sobre a região das Montanhas Capixabas, você confere destaques no turismo de visitação de fazendas e conhece algumas das principais propriedades da região.

Na cidade de Venda Nova dos Imigrantes, a capital nacional do agroturismo desde 2023, predominam a influência italiana e os pequenos produtores, alguns dos principais propulsores da economia de toda esta região.

Montanhas Capixabas
Na Fazenda Carnielli se destaca na produção de embutidos, queijos, fubá e café (Crédito: Bruno Almeida – DT)
Montanhas Capixabas
Pioneira no agroturismo, Fazenda Carnielli está nas Montanhas Capixabas (Crédito: Bruno Almeida – DT)

Fazenda Carnielli

Um dos locais mais famosos que compõem o ecossistema é a Fazenda Carnielli, uma das primeiras no Brasil a estar aberta para o agroturismo — modalidade de turismo realizada em espaços rurais.

“Começamos com o agroturismo em 1987, com essa cultura de preservação e passar para novas gerações. Nosso forte é a produção de queijos, embutidos, fubá e café”, conta Lorenzo Carnielli, um dos atuais administradores da propriedade da família, cujos antepassados saíram da Itália em 1888.

Montanhas Capixabas
Lorenzo Carnielli, um dos atuais administradores da propriedade da família (Por Bruno Almeida – DT)

A fazenda ganhou mais destaque venceu o primeiro concurso de café especial do Espírito Santo, em 2001. A propriedade é uma das poucas que possui produção do café do jacu, ave da Mata Atlântica que come os grãos. Este é o famoso café produzido com grãos que saem nas fezes dessas aves, consideradas um grande bioindicador de que a mata está bem conservada: o animal é exigente com seu habitat e sua alimentação. Hoje, o jacu está ameaçado de extinção.

Além dos cafés e das explicações sobre como acontece a produção de cada item, a experiência inclui degustação de queijos, doces de leite, e o socol, um maturado do lombo do porco também tradicional nas Montanhas Capixabas.

“Quem vem à fazenda prova todos os produtos. para ver se é bom de verdade” brinca Lorenzo.

Montanhas Capixabas
Fezes do jacu, com grãos já parcialmente descascados, servem para produção de café

Rota do Carmo

A Rota do Carmo, no município de Domingos Martins, também ganhou destaque pelos cafés especiais, incluindo o de jacu, atualmente bastante consumido na Europa.

Um dos locais mais significativos entre os os nove quilômetros da rota e que originou o café de jacu é a Fazenda Camocim, que iniciou as atividades em 1994. A área é famosa pela agrofloresta, prática que consiste em não desmatar árvores para plantar lavoura, mas em ter o cafezal junto com a floresta. A fazenda fica em uma região de clima mais ameno e úmido, com muitas sombras de árvore e opera em um sistema orgânico de plantio.

O atual dono, Henrique Sloper Araújo, neto do primeiro proprietário, se considera prova de que é viável conciliar atividades agrícolas lucrativas com um trabalho de recuperação da natureza. A área da fazenda havia sido quase toda desmatada antes da família adiquiri-la e foi recuperada. Hoje, as plantações em meio às arvores recebem muitos estrangeiros provadores de café — cerca de 200 profissionais ao mês, de acordo com Henrique.

Henrique Sloper Araújo, da Fazenda Camocim (Crédito: Bruno Almeida – DT)

“Não tem mais a opção de não ter agricultura sustentável. Não é algo que muda do dia para a noite, mas agora não tem mais opção”, afirma.

Ainda que sua produção de café seja pequena, justamente pela colheita ocorrer manualmente e com um processo de seleção de grãos bastante criterioso, hoje o café da Fazenda Camocim chega a 26 países. O Espírito Santo atualmente ocupa a segunda posição na lista dos maiores produtores de café do Brasil, atrás apenas de Minas Gerais.

Na Fazenda Camocim, plantações de café estão em meio à floresta (Crédito: Bruno Almeida – DT)

*O DIÁRIO DO TURISMO viajou convidado pelo Montanhas Capixabas Convention e Visitors Bureau e pela Secretaria de Turismo do Estado do Espírito Santo

 

 

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