O Ensino Superior do Turismo e a pandemia

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por Bayard Do Coutto Boiteux*

 


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Desde o ano passado assistimos a um desmoronamento  das faculdades de turismo no Brasil. Com pouca demanda, foram fechando ou partindo para o modelo ead, como forma de sobrevivência. Existem hoje no país funcionando apenas 85 faculdades de turismo e o Rio de Janeiro possui apenas cinco,  com um total de 600 alunos. É muito preocupante o desinteresse das particulares em manter os cursos que estão sendo substituídos por públicas, que além de não possuírem laboratórios adequados, vivem da titulação de seu corpo docente e pesquisas em  áreas correlatas ao turismo, para quase sempre serem muito bem avaliadas por parte das comissões que as analisam, com raras exceções.

Um dos setores mais atingidos  pela pandemia foi o turismo, onde quase 70% de todas as empresas tiveram que fechar suas portas e por conseguinte dispensar seus colaboradores. O número de desempregados e que vivem de ajudas emergenciais  é enorme, embora muitos tenham se reinventado ou partido para outras aptidões que descobriram e que lhes permite de alguma forma sobreviver. Nossa atividade mudou de forma que nunca poderíamos imaginar ,o que vai obrigar a uma reformulação rápida e prática das estruturas curriculares  que se adapte ao novo modelo de operação, com base em protocolos de segurança, comercialização digital, formatos de eventos, mudanças das relações de trabalho com um novo olhar da humanidade que preconize solidariedade, democracia, diversidade, e  paradigmas sociais  na concepção de produtos e sobretudo encarar o turismo de forma sustentável. Muitos poderão me dizer que alguns dos conceitos aqui relatados estiveram sempre presentes no Código de Ética Mundial do Turismo da OMT, o que não deixa de ser verdade mas que precisará ser revisado e aprimorado.

Tudo indica que o modelo EAD (Ensino à Distância) vai se espalhar enquanto a pandemia durar. Mas sabemos que o alcance do mesmo pode ser difícil, em função das desigualdades sociais existentes. Temos  que ´pensar não só na capacitação docente, pois grande parte não estava pronta para o novo desafio, assim como manter os alunos motivados e prontos para perceber que as mudanças vão trazer muitas dificuldades econômicas e um outro relógio de trabalho, ligado à compreensão do ser humano, como individuo coletivo mas cheio de medos, cujos gatilhos vão permanecer dentro de nós durante um bom tempo.

Por outro lado, os turismólogos precisam de uma representatividade mais efetiva. Não os vejo nos conselhos de turismo, no planejamento de políticas públicas por parte das entidades governamentais e do novo mundo da iniciativa privada. No fundo, desejamos que eles se reinventem em termos de associação e que possam assim obter o lugar, que lhes é devido por sua importância vital, reconhecida em algumas Prefeituras, que fizeram concursos públicos e empresas que os consideram essenciais  por sua formação plural.


*Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, pesquisador, funcionário público e atua de forma voluntaria no Instituto Preservale e na Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ.

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