Reconhecido como sua obra póstuma, “Cidadela” foi esboçado desde 1936, mas grande parte de seu conteúdo foi elaborado paralelamente aos últimos livros publicados quando o autor era vivo, como: “Terra dos Homens”, “Piloto de Guerra”, e “O Pequeno Príncipe”. Reunidas em um só livro, as folhas escritas em vários anos por Saint-Exupéry formam um grande conjunto de reflexões sobre a vida e sua trajetória em meio ao que o autor vivia em cada época.
“Cidadela”, foi publicado 4 anos depois de sua morte, em 1948, onde o autor queria apresentar uma obra profunda, filosófica, sobre a relação do homem com Deus (uma vez que ele era muito espiritualizado), a condição humana, e até o sentido da vida. E uma curiosidade, é que toda a sua formação quando jovem foi em escolas católicas-jesuítas, e em colégios tanto na cidade de Lion como semi-interno até os 14 anos, e durante o período da Primeira Guerra Mundial até 1918, quando sua família o enviou para ser interno em uma escola marista na cidade de Friburg, na Suíça, país não envolvido na guerra.
Como pode ser lido em sua obra: “Compreendi, Senhor, que o espírito domina a inteligência. Pois a inteligência examina os materiais, mas apenas o espírito vê o navio.” “Cidadela” nada mais era do que algo íntimo com o autor e com sua espiritualidade, quase que uma oração. Eram pensamentos expressados no papel que a literatura francesa teve a sorte de adquirir.
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Quem organizou os manuscritos de Cidadela foi Nelly de Voguë, grande amiga e amante de Saint-Exupéry, com ele se relacionou desde o início dos anos 1920 até sua morte. Nelly assinava como “Pierre Chevrier” e foi também sua primeira biógrafa. Ela trabalhou também junto à família de Antoine. Nelly faleceu em 2003 deixando na Biblioteca Nacional de França uma boa coleção de documentos e escritos relativos ou de Saint-Exupéry, com a ordem de que somente fossem abertos em 2053. É provável que muita coisa importante venha então a ser conhecida em 2053.
O livro foi escrito de uma forma diferente dos seus outros sucessos que foca mais em seus valores filosóficos e religiosos do que propriamente suas experiências na carreira. A obra póstuma, é ainda mais preciosa por conter suas últimas palavras.
Por José Augusto Cavalcanti Wanderley
Colaborou: Nicole B. Vieira da Rocha Santos
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