Que os moradores de Nova York adoram cachorros, não é novidade. A cidade conta com 600 mil deles, um em cada três residências. Com tamanhos e tipos diferentes, podem ser vistos desfilando pelas ruas, individualmente com os donos, ou em grupo com passeadores profissionais. Há também uns 500 mil gatos domésticos. Bem mais discretos que os totós, os felinos não costumam ser vistos em público. E uma questão de personalidade: preferem se manter quietinhos, na tranquilidade do lar.
Quem chega a Nova York após a pandemia leva um susto. O número de cachorros pelas ruas se multiplicou. São vistos em quantidade e em todos os lugares. Além disso, melhoraram de status. Tornaram-se respeitados cidadãos caninos. Se não estão correndo livres e desimpedidos em áreas exclusivas do Central Park, são companhia constante de seus donos (ou tutores, como virou norma) em qualquer lugar. Com um nível de socialização inédito, frequentam com desenvoltura bares, restaurantes, bancos, shopping centers e comercio em geral. Sempre muito elegantes graças a incontáveis salões de beleza especializados espalhados pela cidade, os cachorros novaiorquinos ganharam até um museu dedicado a eles. Como não poderia deixar de ser, funciona na sofisticada Park Avenue.
Há uma explicação. Durante o isolamento social, os pets foram dedicados companheiros de quem se viu obrigado a ficar em casa. Com a consolidação do home office o relacionamento dos cachorros com gente se estreitou ainda mais. Foram premiados pela lealdade absoluta em tempos difíceis. Hoje, verdadeiros membros da família, vivem os louros de conquistar os pragmáticos corações novaiorquinos. O que, convenhamos, não é pouco.
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**Fábio Steinberg é jornalista, escritor e editor colaborador do DIÁRIO
