O que o Airbnb tem a ver com a segurança na posse do presidente dos EUA?

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Neste dia 20 de Janeiro ocorre a posse do novo presidente dos EUA, Joe Biden, em um cenário especial. Em tempos normais esse tipo de cerimônia já é muito sensível, pois interessa a milhões de pessoas e por isso mesmo conta com níveis de segurança altíssimos.

Por Otávio Novo*


Contudo, nesse ano, o grau de risco do evento em Washington atingiu um nível especialmente estratosférico.

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E o principal ponto de atenção é a resistência ao resultado das eleições presidenciais percebido em crescentes movimentos online e offline e, principalmente, nos acontecimentos recentes de invasão de grupos de apoiadores de D. Trump no Capitólio , resultando em cinco mortes, muitos feridos, danos materiais, furtos de dados governamentais sensíveis e uma grande instabilidade para a democracia do país e do mundo.

Muitos erros e irresponsabilidades quanto às causas, prevenção e contingência diante dessa questão ocorreram até aqui, e caso o grau de risco seja devidamente considerado pelas autoridades e demais envolvidos, as ações de segurança nesse dia 20 deverão ser muito fortes e efetivas.

E já existem sinais que mostram que o atual cenário nos EUA e seus riscos e ameaças (i)mediatos tem transformado, ou demostram uma transformação, quanto à noção de responsabilidade de pessoas e empresas envolvidas de forma ampla em contextos sociais complexos.

O Airbnb criou o “Capitol Safety Plan” que traz sete medidas concretas para identificar e impedir que membros de grupos de ódio/apoiadores de D. Trump usem os produtos Airbnb

O caso do Airbnb na posse de J. Biden é um bom exemplo.

A empresa de aluguel de imóveis para viajantes criou o “Capitol Safety Plan” que traz sete medidas concretas para identificar e impedir que membros de grupos de ódio/apoiadores de D. Trump usem os produtos Airbnb no processo de realização das suas ações discriminatórias e violentas durante a cerimônia de posse.

E vale reforçar, não se trata da coleta de dados por parte da empresa para informar as autoridades para que essas tomem providências, mas sim, é a prática ativa de levantamento de informações, análise e execução de restrições de acesso aos seus produtos a determinados indivíduos e seus grupos.

Esse exemplo demonstra o envolvimento cada vez maior de empresas na prevenção de crimes e outros atos danosos e especialmente que os seus produtos sejam usados como ferramentas ou facilitem a execução de atos indevidos e ilegais.

Na área de tecnologia já temos visto ações do tipo e com o caso do Airbnb e o contexto de riscos,  nos parece que no turismo isso surge como uma forte tendência que deve ser observada por todos.

Essa necessidade de responsabilidade proativa diante dos riscos, desde o seu mapeamento até a contingência da ocorrência, se dá por diferentes motivos e impactos, desde legislações cada vez mais contundentes, demandas da governança interna, prejuízos de imagem, etc.

O Airbnb, uma empresa de hospedagem de viajantes,  está atuando efetivamente na segurança nacional da principal economia do planeta, sendo agora, com relação a grupos de agressores e a política nacional,  mas essa ação poderia ter relação com riscos cibernéticos no país, ameaças a saúde pública, conflitos por questões raciais ou de gênero, desiquilíbrios climáticos e outras dezenas de possibilidades.

Com sabemos, o setor de turismo precisa se modernizar em vários aspectos e principalmente no que se refere ao seu papel ativo nas estruturas sociais e nas demandas e desafios atuais.

O Airbnb, uma empresa de hospedagem de viajantes,  está atuando efetivamente na segurança nacional da principal economia do planeta

De toda forma, qualquer a atuação externa prevê uma mínima organização interna. E no setor de turismo isso deve acontecer em cada estabelecimento nas localidades e nas representações de cada atividade.

É um caminho a ser trilhado por todos a partir de uma consciência atualizada.

Que sejam bem vindas as mudanças e o novo olhar do turismo para o mundo.



Otávio Novo é advogado, profissional de Gestão de Riscos e Crises, atuando, desde o ano 2000, em empresas líderes nos setores de serviços, educação e hospitalidade. Durante 6 anos foi responsável pelo Departamento de Segurança e Riscos da Accor Hotels na América Latina. Atualmente é consultor, membro da comissão de Direito do Turismo e Hospitalidade da OAB/SP 17/18, professor e desenvolvedor de materiais acadêmicos e facilitador na formação de profissionais e na organização de empresas do setor do turismo e hospitalidade.  Coautor do livro “Gestão de Qualidade e de crises em negócios do turismo” – Ed. Senac.  É criador e responsável pelo projeto Novo8 – www.novo8.com.br 

 

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