“O setor não suporta mais a recessão que vem enfrentando”, afirma Manoel Linhares

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Em artigo, presidente da ABIH Nacional fala sobre novas restrições e diz que dificultar as viagens internacionais parece não ser a solução

Por Manoel Linhares

O intercâmbio turístico entre o Brasil e a Argentina é bastante tradicional e os números mostram a importância dessa relação para os dois países. Durante os períodos de alta temporada, antes da pandemia, grande quantidade de argentinos visitavam tradicionalmente Santa Catarina e o Rio de Janeiro e, o Nordeste, com seus múltiplos destinos,  também vem  investindo bastante na divulgação no mercado vizinho e recebendo cada vez mais “hermanos”.

Os recursos, tanto dos governos estaduais e federal como da iniciativa privada, vêm sendo investidos na promoção de nossas atrações turísticas na esperança de um aumento do fluxo de turistas do país vizinho, principalmente, na alta temporada desse ano, mas o governo argentino baixou uma determinação que pode atrapalhar essa retomada. Desde 26 de novembro, as agências de turismo locais não podem mais financiar pacotes de viagens para o exterior, por determinação do Banco Central argentino, para evitar uma maior redução das reservas monetárias do país

Entre os países que foram atingidos pela medida, um dos mais afetados será o Brasil que, em 2019, antes da pandemia, recebia quase 2 milhões de turistas argentinos por ano, cerca de 31% do total de estrangeiros que chegaram ao país, o que confirma nossos vizinhos como os principais emissores de viajantes para nossos destinos.

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Em contrapartida, dados do mesmo período apontam que mais de 1,8 milhão de brasileiros visitaram a Argentina, o que nos coloca também em primeiro lugar no ranking de chegadas no país vizinho.

A importância da Argentina para o turismo nacional é portanto fundamental, principalmente, nos próximos meses que marcam a alta temporada por aqui e que deveriam consolidar o início da recuperação do setor no Brasil, assim como o viajante brasileiro é peça importante para a melhoria dos índices do setor na Argentina.

Para evitar essa retração no turismo nos dois países, a proposta – que precisa ser negociada entre as autoridades – é que adotemos uma política bilateral em que passemos a considerar o fluxo entre os dois países como turismo doméstico, incorporando todos os benefícios e facilidades que ele traz, sem deixar com isso de tomar todas as precauções para atender as exigências relacionadas à saúde da população.

Não posso deixar de ressaltar, porém, que é bastante compreensível que as autoridades argentinas tomem medidas para resguardar a economia do país, mas dificultar as viagens internacionais de seus cidadãos parece não ser a solução. Ao contrário, o ideal seria realização de uma parceria entre os dois países que já possuem um grande intercâmbio turístico para atuar conjuntamente com relação aos problemas trazidos pela pandemia.

Precisamos encontrar caminhos que nos levem a uma retomada segura do turismo, primeiramente, em escala regional e depois, planetária. Seja de que país estivermos falando, o setor não suporta mais a recessão que vem enfrentando desde o início de 2020. Com o avanço da vacinação e as medidas de controle da propagação do vírus hoje conhecidas e de comprovada eficácia, é hora de encontrar caminhos para que todos possam voltar a realizar suas viagens e, assim, o turismo siga cumprindo seu papel de gerar renda e emprego pelo mundo nesse momento tão importante de recuperação econômica que todos estamos passando.

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